Risco, desenvolvimento e seguro rural

Seminário sobre seguro agrícola
aponta caminhos para expansão

Encontro foi no Hotel Lizon, em Curitiba

Seminário reuniu no dia 20, em Curitiba, representantes das seguradoras, governos, produtores rurais, pesquisadores e profissionais de mercado.

O Seminário Risco, Desenvolvimento e Seguro Rural buscou identificar gargalos e pontos de convergência para impulsionar os ainda baixos índices do seguro agrícola no Brasil.

O fórum foi promovido pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Instituto de Economia (IE) da Unicamp.

Além de técnicos das instituições citadas acima, participaram do debate especialistas dos Ministérios da Agricultura e Fazenda, Secretaria da Agricultura do Paraná (SEAB), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ) e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar).

Os debates resultaram em dois documentos preparados pelos participantes. O primeiro trata de uma análise sobre a situação do seguro rural no país. O segundo é a proposta da FAEP para a consolidação  do seguro agrícola. Confira abaixo o teor dos documentos:

Seminário: risco, desenvolvimento e seguro rural

O Seminário Risco, Desenvolvimento e Seguro Rural, de âmbito nacional, focou os caminhos para fortalecer e expandir o seguro rural no País. Foi consenso que, sem um seguro rural consolidado, a agricultura brasileira continuará vulnerável e sujeita a sobressaltos, principalmente no atual contexto econômico marcado pela incerteza. Ficou patente que o seguro rural deve objetivar a renda do produtor rural, porém, esse é um longo caminho a ser trilhado que passa, primeiramente, pelo seguro da produção contra os riscos  provocados por adversidades climáticas, principal discussão da atualidade, e pelo seguro da comercialização.

Quanto ao seguro da comercialização, que em conjunto com o seguro de produção constituem a base do seguro de renda, deve ser objeto do mercado de futuros. Para tanto, é necessário que, concomitantemente ao seguro de produção, o governo estabeleça as bases desse negócio no sentido de reduzir os custos de operação e os entraves burocráticos no mercado de futuros para o produtor rural. Quanto aos custos pode-se implementar um programa de subvenção e quanto à operacionalização pode-se dispor de instituições como Banco do Brasil e/ou a Conab.

Nesse Seminário ficou patente a vontade política de promover a indústria de seguro rural no Brasil em bases sustentáveis e com a participação dos setores público e privado (produtores rurais, cooperativas, seguradoras e resseguradoras, entre outros agentes do agronegócio brasileiro).

Na estruturação do mercado de seguros agrícolas, cabe ao setor público definir os marcos regulatórios, bem como, apoiar o setor privado no desenvolvimento dos recursos (capital, educação, tecnologia e qualificação da mão-de-obra, entre outros) necessários para viabilização desses novos mercados. Uma questão fundamental apontada nesse seminário para o desenvolvimento do mercado de seguro rural e que compete ao setor público, com apoio do setor privado, é a construção de uma base de dados de informação.

Uma das conclusões desse seminário aponta para a necessidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reformular a divulgação da produtividade por município em base a média e levar em conta as classes de produtividade associadas ao perfil e tecnologia do produtor rural. Isso se faz necessário para permitir aos resseguradores estipular as condições de contratação do seguro em base a estatísticas oficiais produzidas por instituição de reconhecida competência técnica.

Também, constatou-se que a insuficiência e a inadequação da informação disponível são os principais obstáculos à massificação do seguro. De um lado, dificulta às seguradoras desenharem e ofertarem produtos que correspondam à expectativa e demanda dos agricultores; de outro, dificulta a adequada valoração do seguro pelos produtores rurais. 

Além disso, uma base de informação insuficiente eleva o risco do negócio e os chamados custos de transação, que se refletem tanto na subvenção como nas indenizações pagas aos produtores. Ainda que o IBGE tenha um papel importante na provisão de dados estatísticos, deve-se destacar que a construção de um sistema de informações para o setor exige o engajamento direto dos agentes privados, responsáveis em última análise pela construção das bases de informação e desenvolvimento de modelos analíticos adequados. 

As seguradoras precisam estudar a viabilidade de uma padronização das condições gerais de contratação do seguro para facilitar o entendimento dos produtores, corretores e agentes financeiros que auxiliam na orientação junto ao produtor. Também, faz-se necessário elaborar uma padronização da metodologia da peritagem. 

No processo de indenização, em algumas seguradoras, ainda não é levado em conta o aspecto qualitativo das perdas. Todas estas definições exigem cooperação entre as empresas e atores que atuam no setor, e são necessária para estimular um processo de concorrência saudável a partir de padrões mínimos adotados por todos. 

O Seminário também identificou as demandas regionais do Paraná. Destacou-se a necessidade de programar o zoneamento agrícola para as culturas de uva, batata, cebola e alho, como também, a criação de um Programa Estadual de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural.
O Seminário contou com três oficinas de trabalho, que discutiram a precificação, gestão, logística do seguro e o zoneamento agrícola. As principais conclusões de cada grupo são apresentadas a seguir:

Principais aspectos levantados pelos participantes do Seminário

Propostas da FAEP para a consolidação do seguro agrícola

Boletim Informativo nº 1033, semana de 1 a 7 de dezembro 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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