Endividamento | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Anos de crise Logo depois do lançamento do Plano Real, em junho de 1994, o endividamento agrícola cresceu muito rápido e chegou praticamente a um ponto de insolvência. A situação foi amenizada com a instalação de programas de negociações da dívida agrícola: a secutirização em 1995; o Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa) e o Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária (Recoop), ambos de 1998. Segundo o relatório da Organização para Cooperação e desenvolvimento Econômico (OCDE), um montante de R$ 21,8 bilhões foi renegociado por meio da securitização e do Pesa. O cálculo não inclui os rebates de empréstimos concedidos no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa Especial para Reforma Agrária (Procera). Com a mudança da política cambial em janeiro de 1999, encerrava-se a sustentação do Plano Real em cima da âncora R$1 = US$ 1. Paralelamente, ganhava espaço a crença de que a taxa de câmbio buscava um novo ponto de equilíbrio mais competitivo para as exportações do agronegócio. Em adição, as compras por parte da China, a quebra na safra norte-americana e as doenças sanitárias registradas na União Européia e nos Estados Unidos elevaram os preços das commodities agrícolas no mercado internacional. Diante da melhoria significativa dos fundamentos e dos acúmulos de saldos comerciais na economia brasileira, combinados com farta liquidez internacional e o rápido movimento de expansão da economia mundial, aconteceu um aumento no estoque de moeda estrangeira e apreciação do real. Houve uma reversão na conjuntura a partir de 2004. Desde então, o crédito de custeio ficou praticamente estável, enquanto os créditos de investimento e comercialização encolheram. De fato, nas safras 2004/05 e 2005/06, o aumento previsto no crédito de custeio e investimento superou o programado e se concentrou na linha dos "juros controlados", que são mais baixos do que os "juros livres". O Tesouro arcou com a diferença, por meio da "equalização de juros" (ver tabela 1). Já o orçamento para o presente ano-safra, de julho de 2006 a junho de 2007, previa aumento R$ 8.200 bilhões para custeio e comercialização e corte de R$ 2.350 bilhões em investimento. A expansão programada para os " juros controlados" chegava a 25% e a de " juros livres" recuava em 20%. Uma das explicações para o aumento na quantidade de operações no crédito de custeio está na redução do sistema informal de crédito agrícola após o início da crise em 2004, como aconteceu com a Cédula do Produto Rural – CPR. No ano passado, os contratos com CPR sofreram os efeitos da elevação da oferta de crédito de custeio, os juros subsidiados pelo governo e a fuga de produtores sem acesso a financiamentos. Em 2005, os negócios já tinham sentido os efeitos negativos do ressurgimento da febre aftosa, da desvalorização do dólar ante o real e a estiagem no sul do País Em números, o valor movimentado caiu 43,35% em relação ao ano anterior. Tabela 1 Concessão
de financiamento para
Fonte: MAPA - * Estimativa Tabela 2 Crédito rural: recursos programados e aplicados
Fonte: MAPA
Luiz Antonio Pinazza, editor-executivo da Agroanalysis (Fundação Getúlio Vargas) |
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Boletim Informativo nº 957,
semana 21 a 27 de maio de 2007 |
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