Endividamento

ANEXO II

Impossibilidade de pagamento das dívidas acumuladas

Com uma dívida acumulada, que em 2006 chegou a R$ 9,78 bilhões - equivalente ao VBP de uma safra de soja, milho e trigo - e projetando os pagamentos das renegociações pactuadas pelos produtores, é fácil identificar a incapacidade de pagamento dos produtores rurais nos próximos anos.

No quadro 1, a seguir, é apresentada uma simulação percentual entre a expectativa de receita anual e sua destinação, incluindo os gastos habituais de cada safra, a necessidade de recursos para subsistência dos produtores e suas famílias, os gastos com investimentos e, por fim, as dívidas acumuladas e renegociadas ao longo dos anos seguintes. Observa-se que já no ano de 2006, não houve sobra de recursos suficiente para que o setor quitasse todas suas dívidas passadas. Somente em 2011 vislumbra-se um superávit na safra, ignorando-se os deficit’s dos anos anteriores, que não foram liquidados, tampouco reescalonados para os anos seguintes.

QUADRO 1 - ESCALONAMENTO DAS DÍVIDAS REPACTUADAS  (em %)
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Receitas
Custeio da safra
Investimento normal
Pesa/Securitização
Subsistência
Dívidas – 9,77 bilhões
Total a Pagar
Déficit ou Superávit
100
70
10
5
20
10,19
115,19
-15,19
100
70
10
5
20
28,49
123,49
-23,49
100
70
10
5
20
30,80
125,80
-25,80
100
70
10
5
20
15,27
110,27
-10,27
100
70
10
5
20
11,70
106,70
-6,70
100
70
10
5
20
3,55
98,55
1,45

Mesmo em situação de normalidade no mercado, em que os custos de produção são compatíveis com os preços de comercialização e estes, somente sujeitos aos fundamentos básicos da economia, sem a interferência cambial, fica evidenciado que os produtores rurais, não terão condições de liquidar suas dívidas nos próximos anos e estão longe de se capitalizar e reduzir a necessidade futura de recursos para a manutenção da atividade.

O gráfico a seguir mostra os resultados líquidos de cada safra em valores percentuais relativos calculados sobre uma receita bruta anual.

RESULTADO LÍQUIDO DAS SAFRAS


De forma otimista, pensando nesta normalidade econômica e de produção, pode ser estimada uma margem entre 9% e 10% de “lucro” sobre as receitas brutas. Com este percentual, seria necessário, um maior alongamento para o pagamento total da dívida acumulada. Se adicionarmos à dívida juros de 3% a.a., a margem de lucro necessária passaria para 12,57% sobre as receitas para que, no prazo de 20 anos, o setor consiga liquidar seu passivo.

O quadro 2 demonstra um fluxo de receitas e gastos simulando a situação de um produtor padrão enquadrado no perfil de dívidas e que em anos passados investiu na compra de máquinas e aderiu aos planos de securitização e/ou Pesa. Com a dilação de alguns prazos de pagamentos, demonstramos que somente a partir de 2020 ocorre o equilíbrio do fluxo de caixa, em que as entradas de recursos são iguais às saídas e que somente em 2033 é liquidada toda a dívida (R$ 9,78 bilhões) acumulada.

2007... 2014... 2020... 2027... 2032... 2033...
Receitas
    Custeio da safra
    Investimento normal
    Pesa/Securitização
    Subsistência
    Dívidas
    Total a Pagar
    Déficit ou Superávit
100
70
10
5
20
10
115
- 15
100
70
0
5
20
10
105
- 5
100
70
0
0
20
10
100
0
100
70
0
0
20
10
100
0
100
70
0
0
20
10
100
0
100
70
0
0
20
0
90
10


Boletim Informativo nº 957, semana de 21 a 27 de maio de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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