A perda de rentabilidade da pecuária de corte brasileira é resultado de quatro anos de receitas crescendo menos que as despesas. Entre janeiro de 2003 e dezembro de 2006, o Custo Operacional Total (COT) acumulado registrou aumento de 32,09%, enquanto o preço da arroba registrou, no mesmo período, queda de 9,57%.
De acordo com os Indicadores Pecuários divulgados (06/02) pela CNA, só em 2006, o COT teve aumento acumulado de 4,8%, e o Custo Operacional Efetivo (COE) teve um acréscimo de 5,7%. Em São Paulo, foi registrado o maior aumento (7,8%) no COE em 2006. Em contrapartida, uma média ponderada dos estados revelou que a arroba do boi gordo teve uma valorização de apenas 1% (em termos nominais).
Os indicadores mostram ainda que o aumento do custo do pecuarista de corte teve contribuição também de vacinas (8,7%), máquinas e implementos agrícolas (7,26%); combustíveis e lubrificantes (6,03%). O assessor técnico do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Paulo Mustefaga, explica que a arroba do boi, negociada a R$ 59 para outubro de 2007 na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), e a expectativa de continuidade de elevação dos custos indicam que o poder de compra do pecuarista pode diminuir novamente em 2007.
O aumento de 16,67% nos custos com mão-de-obra, entre janeiro e dezembro de 2006, tem causado um aperto nas contas dos pecuaristas. Esse dado faz parte dos Indicadores Pecuários, elaborados pela CNA, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
O assessor técnico de Pecuária de Corte da CNA, Paulo Mustefaga, conta que os salários representam 22,76% do custo total de produção da pecuária de corte. “Por isso, esse aumento está fora da realidade dos produtores e tem gerado desequilíbrio. O adicional que vai para os salários é, geralmente, deduzido daquilo que seria reinvestido na atividade”, explica o assessor. Para a CNA, o maior problema é que o reajuste dos salários pagos pelos pecuaristas está indexado ao salário mínimo e não à produtividade gerada pela mão-de-obra.
O aumento dos custos de produção e a inflação superior ao aumento da arroba do boi foram os motivos da queda no Produto Interno Bruto (PIB) da pecuária em 2006. Entre janeiro e setembro do ano passado, o PIB global do setor recuou 3,64%. Somente dentro da porteira foi acumulada uma perda de 3,3%. Os dados fazem parte dos Indicadores Pecuários nº 43 - Janeiro/Fevereiro de 2007, elaborados pela CNA em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
O assessor técnico da CNA, Paulo Mustefaga, explica que um indicativo ainda pior é a retração de 3,27% no segmento de insumos pecuários. “Isso desestimula os investimentos. Uma saída é manter constante o ganho de produtividade do setor. Para isso, é necessário maximizar o uso dos insumos e ficar atento aos riscos de produção”, afirma Mustefaga.
A edição nº 43 dos Indicadores Pecuários, elaborados pela CNA em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), trouxe novidades. Além do tradicional panorama de custos e desempenho da pecuária de corte brasileira, o boletim vai apresentar, a cada nova edição, o sistema de produção pecuária de um estado brasileiro. Com 12% do rebanho nacional, o Mato Grosso do Sul inaugura a nova seção.
Outra novidade é que os Indicadores Pecuários agora trarão dados regionais, incluindo informações de nove estados (Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo). Serão divulgadas informações sobre os custos de produção, variações e comparativos de custos mensais; relações de troca e peso dos principais insumos nos custos; dados de exportações; informações dos preços da arroba nas principais praças e em regiões dentro dos estados. “Com a iniciativa, a CNA pretende fornecer informações mais precisas para que os produtores e a sociedade conheçam melhor a atividade de pecuária de corte”, afirma o assessor técnico da CNA, Paulo Mustefaga. Confira aqui o material completo.