Os governos estadual e federal cometem o mesmo erro de adotar uma política de contraposição da agricultura familiar à agricultura comercial, e, baseados numa ideologia desconectada da realidade, criam uma série de embaraços que atrasam o desenvolvimento tecnológico do País. Em discurso para presidentes de Sindicatos Rurais na Assembléia Geral da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), o presidente da entidade, Ágide Meneguette afirmou que “não existem duas agriculturas no Brasil. O que muda é o grau tecnológico”.
“São as nossas famílias que cuidam de nossos negócios, mesmo que haja empregados. Tem que haver, sim, apoio aos pequenos produtores para que eles possam utilizar tecnologias novas e mais produtivas e se livrarem da pobreza. Mas nunca esquecer ou, o que é pior, afrontar os que criam riquezas”, afirmou Meneguette.
Durante a Assembléia Geral da FAEP, realizada em Curitiba (22/01), o diagnóstico foi de que 2007, apesar de uma melhora nos preços das commodities agrícolas, deverá ser um ano difícil. Vários problemas, como o do endividamento dos produtores, não foram resolvidos, mas apenas postergados por um curto prazo. “No final deste ano poderemos assistir à volta da inadimplência”, observou Meneguette.
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No encontro dos líderes rurais, por ocasião da Assembléia da FAEP, o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Derci Alcântara (foto), fez uma palestra sobre as relações do banco com o agronegócio e as perspectivas para o futuro próximo. Apesar da crise dos últimos anos, o setor segue contribuindo significativamente para o saldo positivo da balança comercial (foi responsável por R$ 46 bilhões do saldo no ano passado). Além do complexo soja, que responde por 19% das exportações, a cadeia de carnes já alcança 17,5% do total; açúcar e álcool, 15,7%; e os produtos florestais, 15,9% das exportações.
Segundo Alcântara, o Banco do Brasil tem como missão atender bem ao produtor rural; afinal, dentro do BB, a carteira do agronegócio é a maior, responsável por 34% das operações. Deste volume de recursos, 31% estão na relação com os produtores rurais e apenas 3% com a agroindústria. As relações com o varejo vem em terceiro lugar, 18% das operações.
Quanto ao Plano de Safra, Alcântara destacou que o Governo Federal apóia a agricultura familiar, mas não descuida da agricultura comercial, que recebe 84% dos recursos. Os empréstimos com taxa de juros controlada, de 8,75% para o setor, cresceram segundo ele 57% em relação ao ano anterior. Isso teria sido resultado do esforço, dentro do BB, para convencer o governo de que é preciso recursos abundantes para os produtores a 8,75% ao ano. Ele citou a alta recente dos preços internacionais do trigo, milho e soja, para estimar que 2007 será um ano positivo para a agricultura, apesar das dificuldades cambiais.