Equívocos dos governos
prejudicam atividade agrícola

Ágide Meneguette: “Não existem duas agriculturas no Brasil. O que muda é o grau tecnológico”

Os governos estadual e federal cometem o mesmo erro de adotar uma política de contraposição da agricultura familiar à agricultura comercial, e, baseados numa ideologia desconectada da realidade, criam uma série de embaraços que atrasam o desenvolvimento tecnológico do País. Em discurso para presidentes de Sindicatos Rurais na Assembléia Geral da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), o presidente da entidade, Ágide Meneguette afirmou que “não existem duas agriculturas no Brasil. O que muda é o grau tecnológico”.

Durante a Assembléia Geral da FAEP, realizada em Curitiba (22/01), o diagnóstico foi de que 2007, apesar de uma melhora nos preços das commodities agrícolas, deverá ser um ano difícil

“São as nossas famílias que cuidam de nossos negócios, mesmo que haja empregados. Tem que haver, sim, apoio aos pequenos produtores para que eles possam utilizar tecnologias novas e mais produtivas e se livrarem da pobreza. Mas nunca esquecer ou, o que é pior, afrontar os que criam riquezas”, afirmou Meneguette.

Durante a Assembléia Geral da FAEP, realizada em Curitiba (22/01), o diagnóstico foi de que 2007, apesar de uma melhora nos preços das commodities agrícolas, deverá ser um ano difícil. Vários problemas, como o do endividamento dos produtores, não foram resolvidos, mas apenas postergados por um curto prazo. “No final deste ano poderemos assistir à volta da inadimplência”, observou Meneguette.

Produtores rurais participam da Assembléia Geral da FAEP

Clique aqui e leia a íntegra do discurso do presidente da FAEP em que são analisados os problemas de 2006 e as perspectivas da agropecuária para 2007.

Vice-presidente do Banco do Brasil
se diz otimista com o setor

No encontro dos líderes rurais, por ocasião da Assembléia da FAEP, o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Derci Alcântara (foto), fez uma palestra sobre as relações do banco com o agronegócio e as perspectivas para o futuro próximo. Apesar da crise dos últimos anos, o setor segue contribuindo significativamente para o saldo positivo da balança comercial (foi responsável por R$ 46 bilhões do saldo no ano passado). Além do complexo soja, que responde por 19% das exportações, a cadeia de carnes já alcança 17,5% do total; açúcar e álcool, 15,7%; e os produtos florestais, 15,9% das exportações.

Segundo Alcântara, o Banco do Brasil tem como missão atender bem ao produtor rural; afinal, dentro do BB, a carteira do agronegócio é a maior, responsável por 34% das operações. Deste volume de recursos, 31% estão na relação com os produtores rurais e apenas 3% com a agroindústria. As relações com o varejo vem em terceiro lugar, 18% das operações.

Quanto ao Plano de Safra, Alcântara destacou que o Governo Federal apóia a agricultura familiar, mas não descuida da agricultura comercial, que recebe 84% dos recursos. Os empréstimos com taxa de juros controlada, de 8,75% para o setor, cresceram segundo ele 57% em relação ao ano anterior. Isso teria sido resultado do esforço, dentro do BB, para convencer o governo de que é preciso recursos abundantes para os produtores a 8,75% ao ano. Ele citou a alta recente dos preços internacionais do trigo, milho e soja, para estimar que 2007 será um ano positivo para a agricultura, apesar das dificuldades cambiais.

Boletim Informativo nº 943 , semana de 29 de janeiro a 4 de fevereiro de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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