FAEP denuncia: |
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Em
tempo recorde, MST devastou |
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As autoridades sabiam que estava acontecendo, foram alertadas sobre a devastação, mas não fizeram nada para impedir um dos maiores crimes ambientais na história recente do país. Nada menos do que 10,6 mil hectares da terceira maior floresta nativa do Paraná (atrás apenas da Mata Litorânea e do Parque Nacional do Iguaçu) foram dizimados pelo MST entre 1996 e 2002. A denúncia, documentalmente comprovada, foi apresentada semana passada (18/11) aos deputados da CPI da Reforma Agrária pelo coordenador da Comissão Técnica de Política Fundiária da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), Tarcísio Barbosa de Souza. |
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Produtores rurais acompanham os trabalhos da CPI da Reforma Agrária na Assembléia Legislativa do Paraná |
O que era uma propriedade produtiva, de manejo florestal sustentável, entremeando áreas de monoculturas florestais com florestas nativas, foi criminosamente devastada a partir de uma invasão |
dos sem terra em 1996, com conivência ou omissão dos órgãos governamentais – apesar dos repetidos alertas feitos por técnicos do IBAMA e do próprio INCRA. A conclusão da FAEP é de que o IBAMA, o INCRA e o IAP foram os reais responsáveis pela devastação. Fotos de satélite, interpretadas pela Fundação de Pesquisas Florestais, da Universidade Federal do Paraná, demonstram de maneira clara e inquestionável a destruição causada pelos sem-terra, em três invasões consecutivas na propriedade que, originalmente, tinha 87.167,51 hectares. A mata de araucária, que representava 51,2% da área total, em 1998 passou a ser de 26,3% e em 2002 |
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representou, somente, 11,9% da área total. Crônica de um crime anunciado. Em agosto de 1996, quatro meses após a primeira invasão, uma comissão formada por técnicos do Ibama e do Incra fez vistoria terrestre e aérea na área. O relatório da vistoria, entre outras considerações, diz que "o assentamento descomunal, sem dúvida, será uma fatalidade irreversível de degradação ambiental, pela redução significativa da cobertura vegetal, destruição de áreas protetoras do regime hídrico da Bacia do Rio Iguaçu, danos à fauna e comprometimento governamental da causa |
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ambiental". E foi o que
aconteceu, conforme demonstram os documentos e mapas da destruição, em
encartes que acompanham esta edição do Boletim Informativo.
Expectativas
falsas e desrespeito |
Na audiência da CPI da Reforma Agrária, o coordenador da Comissão Técnica de Política Fundiária da FAEP, Tarcísio Barbosa de Souza, disse que a tensão e os conflitos agrários no Paraná se agravaram como conseqüência direta da falsa expectativa criada pelos novos governos, federal e estadual (estadual principalmente), de que seriam assentadas 7500 famílias em 2003. Isso levou o MST a prontamente reajustar o alvo de assentamentos para 10 mil famílias, ao mesmo tempo em que o movimento intensificou as invasões e fez subir |
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o número de acampamentos de beira de estrada, de 18 para 82. O problema é que o próprio INCRA admite que já não existem terras improdutivas no Paraná e que a reforma agrária é praticamente inviável por causa dos custos da terra. Além disso, no estado predomina a pequena propriedade e os produtores rurais alcançam as melhores produtividades do país. "Para assentar as 14 mil famílias que o MST reivindica, seriam necessários R$ 1,4 bilhão", explica Tarcísio de Souza. Os deputados receberam um relatório atualizado sobre as propriedades invadidas no Paraná. O quadro mostra que a situação agrária só piorou no estado com o atual governo e depois que o secretário do Emprego e das Relações do Trabalho, Padre Roque Zimmerman, um simpatizante declarado do MST, foi nomeado para presidir a Comissão de Mediação dos Conflitos Agrários. De um total de 140 propriedades invadidas (37 herdadas do governo anterior), as autoridades estaduais só fizeram reintegração de 71 áreas. O representante da FAEP disse aos deputados que o governo estadual trata as invasões com conivência e passividade, apesar de contar com uma Polícia Militar bem preparada e com competência para agir como manda a lei. O prejuízo não é só dos produtores rurais, que têm as propriedades, plantações e criações devastadas pelos sem-terra. Perdem todos os paranaenses, por que, obviamente, os proprietários movem ações indenizatórias que serão pagas com o dinheiro público. Tarcísio de Souza reafirmou que a FAEP condena o contínuo desrespeito às leis por parte do Governo do Estado, que via de regra não cumpre ordens de reintegração de posse. A Federação orienta os produtores rurais a agirem dentro da lei, e dá apoio jurídico sobre como agir em situações de iminente invasão, reintegração de posse, pedidos de intervenção federal e indenização. Em paralelo, a FAEP mantêm treinamentos aos produtores sobre como manter a "Casa em Ordem", cumprindo a função social da propriedade, as legislações agrária, tributária, ambiental, trabalhista e previdenciária. Na frente política, a FAEP age junto aos parlamentares e governos, cobrando o cumprimento das determinações judiciais e denunciando à sociedade quando acontece conivência ou omissão. |
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Boletim Informativo nº 843,
semana de 22 a 28 de novembro de 2004 |
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