Data:
24/05/2007
Horário:
8:30 às 15:30 h.
LOCAL:
Auditório da FAEP – Curitiba
A reunião ocorreu em três momentos distintos. No
primeiro, os representantes sindicais fizeram relatos sobre a
situação de plantio em suas regiões,
em um segundo momento representantes do Banco do Brasil, SEAB, Ocepar e
Conab fizeram explanações conjunturais da
agricultura paranaense e no terceiro momento, no período da
tarde, os membros da comissão debateram sobre o
endividamento do setor.
Abrindo a reunião o Sr. Vicente Miranda –
Secretário Geral da FAEP saudou os presentes em nome da
Diretoria da Federação, reiterou a
importância da reunião e desejou a todos um bom
dia de trabalhos. Tomando a palavra o Sr. Ivo Arnt presidente da
Comissão, teceu comentários sobre sua
participação na reunião da
Câmara Setorial das Culturas de Inverno realizada no dia 17
de maio no Ministério da Agricultura (relatório
em anexo). Na seqüência os membros
iniciaram seus relatos: Cambará – milho plantado
em março apresenta aspectos de médio para ruim
com 50% de quebra e trigo também com quebra de 50%.
Maringá – milho bom com expectativa de colher 100
a 120 sacas por hectare. Para o norte faltou chuva e causou um pouco de
perda. Se gear conforme o previsto para o dia primeiro vai comprometer
a produtividade. Cascavel – Está entrando o milho
na região com safra boa. Trigo 80% plantado com quebra de
5%. Está chovendo bem, porém muita chuva causa
doença foliar, apodrecendo a planta. Uraí
– safrinha de milho com 140 a 150 sacas por alqueire. Trigo
plantado na última chuva com perfil irregular. Produtividade
indefinida. Arapoti – Chuvas ótimas com trigo todo
plantado. Milho plantado após colheita do feijão
com expectativa de 250 sacas por alqueire. Chopinzinho –
Choveu bem, a região ainda vai plantar o trigo. A safrinha
está boa. Toledo – 70 a 75% do
município com plantio de milho safrinha com 140 a 150 sacas
por hectare. Começou plantio de feijão. O trigo
está bonito e ocupa mais ou menos 15% do
município. Campo Mourão – Safrinha para
150 sc/ha. Milho plantado em março apresenta
redução de produtividade mas a área
aumentou 200% e o trigo do tarde está bom. Quem plantou
trigo foi com recursos próprios por causa do seguro. Juranda
- 90% dos produtores plantou milho safrinha e o resultado do
trigo depende das geadas. Pato Branco – para o
feijão choveu muito, afetando a qualidade, tem pouco plantio
de trigo e para a soja a produtividade é muito variada, de
40 a 80 sacas por alqueire por causa das chuvas. O trigo teve
redução de área em todo o estado.
Castro – deve-se manter a área de trigo e o
feijão é pouco expressivo. Congonhinhas
- o município está nascendo agora para
a cultura do trigo, plantam bem milho safrinha e a região
está virando para a cana de açúcar. O
Sr. Schmidt fez um comentário paralelo de que
“Estamos virando empresário no lugar de produtor,
se não é viável não
planta.” A Sra. Áurea comentou que as
previsões do Banco do Brasil em janeiro com base na
consultoria da Agroconsult foram erradas. Os senhores Eduardo e
Fernando comentaram que os depósitos à vista dos
bancos privados não vão para o produtor e sim
para as agroindústrias. O Sr. Fernando questionou o grupo
sobre “o que estamos fazendo efetivamente para mudar a
situação atual ?”. A Sra. Lindamar do
sindicato da Lapa comentou que algum país deve lucrar se
nós não plantamos e sugeriu que se busque
alternativa de subsídio para não realizar o
plantio. Sr. Schmidt citou que o Banco do Brasil agora é um
banco comercial e que a SEAB parece um inimigo. O Sr. Fernando disse
que a Comissão não tem que convidar esse povo
para vir aqui mentir e ficar de blá, blá,
blá, mas tem que convidar os políticos de
Brasília e que no lugar de ir passear nos EUA deveria ir a
Brasília reivindicar. O Sr. Waldemar sugeriu que
“devemos elaborar uma política agrícola
para levar ao Governo, precisamos de iniciativa”.
A convite o Sr. Ivo Arnt iniciou-se a segunda parte da
reunião com a presença dos senhores Robson
Mafioletti da Ocepar, Francisco Simioni da SEAB, Eugênio
Stefanelo da Conab e Sérgio Mantovani do Banco do Brasil.
Primeiramente o Sr. Robson apresentou um estudo realizado pela Ocepar
indicando os impactos da atual apreciação do real
frente ao dólar, na seqüência o Sr.
Simioni apresentou a conjuntura da safra paranaense. Por sua vez o Sr.
Stefanelo pediu licença aos presentes para, por alguns
minutos, discursar como professor para abordar o tema câmbio
com uma visão macroeconômica. Enfatizou que o
governo federal pode atingir a taxa de câmbio sob
três aspectos: fiscal e tributário, taxa de juros
e política cambial. Após algumas
colocações, concluiu afirmando que o Brasil
precisa atacar com veemência a questão dos seus
gastos públicos. Retornando à sua
apresentação inicial, relatou sobre os
instrumentos utilizados pela Conab para apoiar a
comercialização e armazenagem. Todas as
apresentações serão disponibilizadas
no site da FAEP na internet, na página da
comissão de grãos e estão anexadas a
este relatório. Encerrando as
apresentações o Sr. Mantovani do Banco do Brasil
relatou que foram aplicados no estado 4,7 bilhões de reais.
Para o milho safrinha foram liberados mais recursos do que na safra
passada (60%) e para o trigo somente 60% do que foi financiado no ano
passado e que houve redução de área
plantada de trigo. O aumento dos insumos deixou o setor preocupado e
já foram antecipados 200 milhões em custeio para
a próxima safra. Começam a vencer as primeiras
parcelas das prorrogações de custeio e
investimentos e não se espera nenhuma nova
prorrogação generalizada, mantendo-se a
sistemática de análise caso-a-caso. A
orientação do banco é de que o
produtor não deve deixar vencer as parcelas e de que deve
pagar os investimentos para negociar, depois, o custeio. Segundo
informações dos gerentes das agências
os produtores estão pagando suas contas. Para o banco
é importante analisar que os limites disponibilizados aos
produtores rurais contempla duas variáveis,
produção e comportamento. No comportamento
são consideradas as atitudes de adimplência ou
inadimplência dos clientes. O não pagamento de uma
parcela ou as prorrogações realizadas afetam os
limites cadastrais. Concluídas as
apresentações passou-se para uma
sessão de questionamentos aos palestrantes. O Sr. Ivo
iniciou perguntando sobre como suas entidades vêem as
alterações no preço mínimo.
O Sr. Stefanelo disse que o preço mínimo deveria
cobrir pelo menos o desembolso do produtor e que as entidades deveriam
trabalhar para isso. Sr. Jacomel citou que os técnicos da
Conab sempre argumentam sobre os valores mas que os mesmos
são “barrados” quando chegam no
Ministério da Fazenda. Sr. Simioni citou que recomendou os
reajustes referenciando os custos operacionais. Sr. Ivo fez uma
reivindicação de PEP
exportação para o trigo
“soft”. Sra. Áurea comentou que
“parece que o Banco do Brasil e a Conab estão em
outro mundo” quando o banco diz que os produtores
estão pagando as contas e a Conab diz que os
preços são condizentes. Sr. Paludo comentou que o
país precisa retomar as pesquisas. Sr. Roberto de
Uraí relatou ao Banco do Brasil que em sua região
os produtores não tem dinheiro para pagar e que se
estão pagando é porque estão vendendo
bens e propriedades, enfim, se descapitalizando. O representante de
Cascavel comentou para a Conab que para a sua região o PEP
precisa ser diferenciado porque o custo do frete é
diferente. Sr. Stefanelo disse que vai verificar e que concorda com o
argumento. Sr. Ivo comentou que o BB já flexibilizou o
seguro para os triticultores e em resposta o Sr. Mantovani relatou que
realmente o seguro não tem um prêmio interessante
em algumas situações e que por isto o banco reviu
sua posição. Encerrando o Sr. Ivo agradeceu a
disponibilidade dos parceiros em comparecer à
reunião e responderem os questionamentos dos membros da
comissão. Todos foram convidados a almoçar e
retornar à reunião para, no período da
tarde, discutirem a situação do endividamento do
setor.
Retomando os trabalhos o Sr. Ivo leu um artigo assinado pelo Sr. Amado
de Oliveira Filho da FAMATO sobre a questão de
não plantar como alternativa de decisão,
matéria em anexo. Em seguida solicitou ao Sr. Jefrey a
apresentação do estudo realizado pela FAEP sobre
custos de produção versus receita e
endividamento, conforme material divulgado pela FAEP e publicado no
boletim informativo n.º 957. Durante as discussões
o Sr. Carlos Augusto Albuquerque foi convidado a compor a mesa para
explanar sobre as dívidas. As discussões
concentraram-se nos modelos de cálculo de custos utilizados
pelas entidades e que utilizam critérios diferentes.
Também foram tratados aspectos relacionados com a
utilização ou não de custos de
oportunidade nas análises de custo. Concluindo a
discussão do tema, foi proposto que os membros da
comissão realizem um curso sobre custos de
produção a ser realizado por instrutor do Senar
no dia 09/07, utilizando o material já existente chamado de
“Escrita Rural”. O Sr. Biscaia, Diretor Financeiro
da FAEP, passou a compor a mesa. Em seguida o Sr. Eduardo do sindicato
de Castro apresentou um documento elaborado na reunião de
Núcleo Sindical Rural dos Campos Gerais envolvendo 14
sindicatos. Alguns comentários endossados e complementados
pelo Sr. Fernando do sindicato de Ortigueira são: desde o
dia 16 de maio do ano passado nada aconteceu; os produtores continuam
devendo; não adianta ficar jogando de um ano para outro e a
atuação das entidades de classe não
está surtindo efeito. O documento entregue ao Sr. Ivo aborda
a necessidade de serem tratados itens como: a) preço justo,
c) política de garantia de renda, c) seguro rural adequado e
d) acesso a crédito. O Sr. Ivo propôs a
discussão e elaboração de um documento
com um Programa de Política Agrícola para o
Paraná. Propôs também que o Sr.
Mantovani do Banco do Brasil chame algum representante da seguradora
Aliança do Brasil para conversar diretamente com os
produtores sobre o seguro rural. O Sr. Eduardo solicitou ao Sr. Biscaia
que sempre tenha um representante produtor nas reuniões das
comissões setoriais, seja na CNA ou nos
ministérios e não apenas um técnico da
FAEP. “É preciso alguém que sinta na
pele e no bolso os problemas”. Sr. Biscaia comentou que
sempre tem a participação prioritária
do presidente da comissão ou de um representante indicado
por ele, acompanhado de um técnico. Sr. Waldemar perguntou
se existe alguma expectativa sobre as dívidas e lhe foi
respondido de que os devedores não devem criar falsas
esperanças. Nada mais para ser tratado o Sr. Ivo, presidente
da comissão reiterou agradecimentos pela presença
de todos e deu por encerrada a reunião.
Jefrey Kleine Albers
Economista e Assessor da
Comissão
FAEP /DT
Confira as palestras :
OCEPAR
SEAB
CONAB