Local: CTA Ibiporã
Data: 07 de abril de 2006
A primeira reunião do ano da Comissão de Cafeicultura contou com a presença de 24 participantes. O encontro teve como principal assunto a palestra sobre “Agronegócio Café: Tendências e expectativas” proferida pelo técnico da CNA, Thiago Masson.
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Nos últimos anos a cafeicultura teve um aumento da oferta mundial, a estagnação do consumo, o aviltamento das cotações internacionais com transferência de estoques reguladores para países consumidores. O efeito destes fatores na economia doméstica dos países produtores aliado a diminuição na capacidade de investimento setorial (tratos culturais) resultou em diminuição da renda e endividamento crônico do segmento produtor.A
Apesar da recuperação de preços recebidos pelos produtores de café no Brasil, a evolução dos índices de preços pagos pelos produtores (custos) cresceu acima da evolução dos preços do café entre 1995 e 2005, o que indica que a recuperação dos preços foi algo relativo.
O consumo tendo como contrapartida a produção somada aos estoques mundiais encontra-se em patamares considerados justos pelo mercado, mas vale ressaltar que não são apenas os fundamentos econômicos de oferta, demanda e estoques que definem os preços do café. Os preços deste produto são fortemente afetados pelos fundos de investimento. A alta volatilidade dos preços de café são explicados pelos movimentos desses fundos, que podem entrar ou sair nesse mercado dependendo de outras variações, como por exemplo, o mercado de fundos que aplicam em petróleo.
Thiago Masson explicou aos presentes sobre as diversas frentes da CNA na área do café, como o marketing do café brasileiro, os stands montados em feiras nacionais e internacionais, as negociações políticas em Brasília e a atuação no Conselho Nacional do Café – CNC.
Outro ponto debatido com os participantes refere-se ao drawback. Os membros da Comissão mostraram-se temerosos com a possibilidade do Brasil importar café de outros países, alertando para possíveis problemas sanitários, as legislações de trabalho e de meio-ambiente inexistentes ou mais brandos em outros países produtores, que teriam vantagens nos custos de produção.
Em seguida o técnico Marcelo Rocha Holmo, do Instituto Gênesis, apresentou o conjunto de normas e protocolos das boas práticas agrícolas para o café desenvolvido na Europa (EUREPGAP e UTZ KAPEH), que propiciam aos produtores a certificação através do Instituto Gênesis no Paraná. O intuito da certificação é mostrar ao setor produtivo que existe um mercado que tem preferência pela aquisição de produtos como o café sob os protocolos citados. O custo médio de implantação com rastreabilidade, inspeção/auditoria, e concessão de certificado tem um custo médio de R$4.500,00/ano para um produtor individual, mas que pode-se reduzir para R$1.500,00/ano/produtor nos casos de grupos com mais de 10 produtores. Além desse custo, no primeiro ano é indicado que se faça uma pré-auditoria com custo de R$1.200,00 na fazenda, que indica ao produtor quais os itens que já estão enquadrados nas normas e quais devem se adequar. Os produtores mostraram-se interessados pelo tema e será encaminhado pelo Gênesis para a FAEP as normas do EUREPGAP já traduzidos para o português para serem repassados aos membros da Comissão.
Pedro Loyola
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná