Se prestarmos atenção às manchetes ligadas ao agronegócio nos últimos anos, vamos observar que dificilmente passamos mais do que 30 dias sem um "boom" na imprensa relacionado às questões sanitárias de alimentos e/ou de suas matérias-primas. Foi a questão da aftosa no Paraná e Mato Grosso do Sul, Inglaterra, o escândalo das fraudes no envase do leite, recalls gigantescos das mega indústrias da carne americanas, vestígios persistentes do agente da "vaca louca" (BSE) na Irlanda, agora por último a polêmica da rastreabilidade que gerou o embargo europeu contra a carne brasileira.
Enfim, se existe alguém que insiste em não encarar as questões sanitárias ligadas ao agronegócio com a importância que lhes é devida, realmente está alienado a uma nova ordem mundial.
Mas o que nós, empresários rurais, devemos fazer para efetivamente atuarmos nesta área de forma mais resolutiva e contundente?
Primeiro, adquirir o entendimento de qual é o papel institucional de cada entidade ou de cada partícipe do processo produtivo. Depois agir pro-ativamente para que cada um faça de forma consciente a sua parte.
Os Conselhos Municipais de Sanidade Agropecuária - CSA - têm justamente este papel. Formado por membros da comunidade ligadas ao setor privado da agropecuária e ao setor público, estes cidadãos, devem discutir, elencar prioridades e em unidade agir para que a sanidade e a qualidade de seus rebanhos, produtos e alimentos, sejam efetivamente seguros para a alimentação humana e para o meio ambiente.
Esta entidade (CSA) em seu município ou região provavelmente já exista, precisamos torná-la forte e atuante e para isso citamos abaixo as suas atribuições:
1) Agir para promover a saúde pública através do contínuo melhoramento da condição sanitária dos rebanhos e da produção agrícola e florestal;
2) Apoiar os serviços de defesa sanitária vegetal e animal na erradicação e controle de doenças contagiosas para o homem, animais e vegetais e desenvolver lutas coletivas contra doenças que lhes dificultem a comercialização e que provocam perdas econômicas para o produtor e para toda a sociedade;
3) Conhecer as atividades de risco para a saúde pública, em seu município, que tenham como origem o comércio e o consumo de produtos agropecuários e trabalhar para a eliminação dos mesmos.
4) Propor e contribuir na execução do planejamento estratégico da Defesa Agropecuária para o seu município, objetivando a busca permanente de qualidade e da competitividade da agropecuária locoregional;
5) Acompanhar a execução das atividades de Defesa e Vigilância Agropecuária e efetuar a avaliação e o controle das ações programadas;
6) Acompanhar a execução das políticas públicas de sanidade animal e vegetal e de segurança alimentar que interfiram no agronegócio.
Portanto, informe-se, busque parceiros, PARTICIPE... O CSA é uma importante ferramenta para promover o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida em seu município, depende da comunidade, depende de você.
*Celso F. Doliveira é médico veterinário, assesor técnico do Fundepec
(Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná)