A atividade leiteira é importante para o Paraná, a produção e produtividade crescem ano a ano. Há um movimento de profissionalização dos produtores que precisa ser apoiado e intensificado, com esforço conjunto de governo e iniciativa privada no sentido da busca constante da excelência da matéria prima, condição indispensável para a elaboração de produtos diferenciados que possibilitem aumento de consumo, melhor remuneração a indústrias e produtores e solidificação da aceitação no mercado externo.
A exportação de lácteos é um segmento que também está crescendo no estado. O Paraná tem potencial indiscutível para ser um forte exportador, desde que a profissionalização, e a disposição de atender os mercados importadores com a qualidade por eles exigida esteja presente em toda a cadeia.
Os preços em 2008 continuarão nos mesmos patamares em 2007?
Difícil responder com certeza, o certo é que algumas condições que favoreceram os preços em 2007 não tem mais a mesma intensidade, como a escassez mundial que já não é tão severa, porque todos os países que tiveram condições aumentaram suas produções de leite para aproveitar os bons preços e o leve aumento de oferta já fez cair o preço no mercado internacional.
Porém, mesmo apresentando queda, o leite em pó integral está sendo comercializado a mais de US$ 4.500/tonelada, patamar muito acima da média de anos anteriores que ficava na casa dos US$ 2.000.
Também o crescimento projetado para a economia mundial em 2008 poderá não se concretizar plenamente em função da crise nos Estados Unidos.
Esta crise afeta países como China e Rússia, grandes importadores mundiais, que têm a força de suas importações atreladas ao vigor das exportações. Assim, se os Estados Unidos e outras nações importarem menos desses países, menor será a capacidade financeira deles para se manterem tão compradores como em 2007.
Mesmo assim a demanda internacional segue firme, aquecendo as negociações entre países. As exportações brasileiras de lácteos em janeiro deste ano somaram 10,3 mil toneladas e US$ 34,517milhões, aumento de 50,3% em volume e 177% em valor em ralação a janeiro de 2007.
Em fevereiro o saldo da balança comercial de lácteos apresentou superávit de US$ 6,3 milhões. No acumulado de 2008 o superávit é de US$ 17,7 milhões. Analistas destacam grande otimismo no setor industrial brasileiro como não se assistia há muito tempo.
A construção de novas plantas, o início de operação de outras, fusões e incorporações trazem uma agitação saudável ao mercado e sustentam os preços do leite ao produtor. Em janeiro de 2008 a média dos preços pagos no Brasil ( CEPEA - média de 7 estados) foi R$ 0,6660 /litro de leite, já em fevereiro os produtores receberam R$ 0,6860/litro, aumento de 2,9% em relação a janeiro e de 37% em relação a fevereiro de 2007.
Do lado dos produtores, pesquisas recentes mostram a intenção de aumentar a produção, impulsionados pela remuneração de 2007, pela movimentação industrial e pelo aceno de aumento do número de indústrias que pagam diferencial por qualidade.
O leite passou a despertar interesse de investidores estrangeiros que vêm aumentando a procura por terras para instalar novos empreendimentos e por empreendimentos já instalados.
Embora considerando que os mesmos fatores que determinaram a elevação dos preços do leite elevaram também os preços dos insumos (principalmente rações de milho e soja, sal mineral e adubos), este é um bom momento e deve ser aproveitado pelos produtores para investir em ganhos de produtividade e qualidade, armazenando "gordura" para garantir segurança em períodos menos favoráveis, já que historicamente são reconhecidos os ciclos da atividade, ou seja, é difícil prever até quando a situação continuará favorável.
Pesquisa no site MIlkpoint orientou a elaboração deste trabalho.
*Artigo publicado nos anais do III Simpósio sobre Sustentabilidade da Pecuária Leiteira na Região Sul do Brasil:
inovação tecnológica.
**Médico veterinário, produtor de leite, presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Faep,
vice-presidente do Conseleite PR,
superintendente do Senar-PR.
*** Engenheira agrônoma, assessora da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Faep.