Integrantes das 12 comissões técnicas da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) reuniram-se dia 17 (segunda-feira) no Hotel Lizon, em Curitiba, para discutir questões relacionadas ao setor produtivo e elaborar um planejamento estratégico para a entidade. O evento, que contou com cerca de 220 participantes, também serviu para que cada comissão técnica fizesse sua programação anual.
Na abertura da reunião, o presidente do Sistema FAEP, Ágide Meneguette, lembrou que as decisões da entidade sempre devem refletir as demandas e interesses de seus filiados. "Para saber o que os seus filiados precisam é preciso ouvi-los. As comissões técnicas são os olhos e os ouvidos da FAEP no interior. E, por isso, são importantes", disse. Meneguette também ressaltou que nem sempre o campo está sintonizado com a realidade política e as decisões de governo.
Segundo ele, o governo também nem sempre está sintonizado com a realidade do campo. "É por esta razão que vivo insistindo numa participação maior das lideranças rurais na vida política do estado e do País, para fazer com que as demandas da realidade do campo prevaleçam sobre o que os políticos de Brasília ou de Curitiba imaginem ser o melhor para o campo", disse. AÇÕES - Durante o encontro, o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta Ferreira, expôs sobre as principais ações da área técnica da entidade. "Todo ano, apresentamos, ao Ministério da Agricultura, a proposta para o Plano Agrícola e Pecuário, que elaboramos. A CNA possui 21 comissões técnicas", explicou. Segundo ele, o Sistema Sindical Patronal Rural compreende 27 federações de agricultura em todo o País, com mais de dois mil sindicatos rurais, que representam cerca de um milhão de associados. "Hoje, temos 904 projetos tramitando no Congresso Nacional. Destes, 500 estão relacionados ao meio ambiente, assuntos fundiários e relações de trabalho", afirmou.
Entre as ações da CNA, Ferreira citou a elaboração de publicações e apresentações técnicas, o Curso de Gestão de Custos e Riscos para Produtores Rurais, a realização de seminários, como o Fórum Agrário Internacional, e as práticas voltadas para uma maior interação entre o Congresso e a entidade. "No dia 12 de março, na sede da CNA, reunimos 20 senadores de diferentes partidos políticos. A eles, expusemos a nossa preocupação quanto à segurança institucional, como também, nossa preocupação econômica", disse. ENDIVIDAMENTO - No encontro, o assessor técnico da Comissão Nacional de Crédito Rural da CNA, Luciano Carvalho, informou sobre o endividamento rural. Segundo ele, está sendo negociado um montante de R$ 84 bilhões. O endividamento compreende as securitizações I e II, PESA, custeios antigos, Funcafé, Proger, investimentos e outros. "Estão excluídos, os custeios da safra 2006/07, a suinocultura, a avicultura, a fruticultura, o camarão e o bovino de corte, explicou.
De acordo com Carvalho, quando um produtor tem prejuízo de 80% numa safra, ele precisa de, no mínimo cinco ou seis anos para recuperar as perdas em função de uma boa rentabilidade que ele possa ter no futuro. Ele disse que o governo sempre propõe prazos menores e taxas maiores. "Já o setor busca reduzir essas taxas e ampliar os prazos", afirmou.
Para o assessor técnico da CNA, o governo pensa que uma safra se resolve o problema do endividamento. Segundo ele, de uma maneira geral, esta também é a visão da sociedade. "Mas um bom resultado nessa safra não é ainda suficiente para equiparar ou recuperar o prejuízo de uma safra ruim. O produtor vem amargando pagamentos que fez no passado e com receitas insuficientes nessa etapa", lembrou. MEIO AMBIENTE - Já o assessor técnico da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA, Rodrigo Justus de Brito, lembrou que a entidade, no que diz respeito às questões ambientais, atua tanto no Congresso, como nos conselhos e comissões.
Sobre a situação do Paraná, Brito disse que, entre os problemas locais, estão a falta de reserva legal nas propriedades, a falta de ativos florestais para a compensação da reserva legal e as áreas de preservação permanente.
Quanto à legislação vigente, o assessor técnico disse que ela está incompatível com a realidade. "O Código Florestal está obsoleto, inaplicável, antigo. Ele nunca foi cumprido. Desde que ele foi concebido, ele nunca foi divulgado. Não tem justificativa técnica nem para cumpri-lo e nem para descumpri-lo. Então, é necessário que ele seja ajustado para resolver o problema dos passivos da Região Sul e da questão da remuneração das áreas da regiões Norte e Noroeste do País. Não basta só engessamento através de proibir 80% do uso", concluiu.