O produtor Bento Bucce, 66 anos, de Altônia, recorreu à Justiça para embargar a execução de uma multa ambiental irregular e pedir indenização, no dobro do valor, por perdas e danos. Segundo o jornal "A Gazeta de Altônia", a multa de R$ 42 mil representa todo o valor da pequena propriedade e foi aplicada por suposto atraso na recomposição da área de Reserva Legal.
O processo contra o produtor, no entanto, é cheio de irregularidades já na sua origem. O laudo para ajustamento de conduta no qual se baseia a multa do Ministério Público foi feito pela Adaig, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que está proibida, sob pena de responsabilização civil e criminal, de utilizar o nome do Ministério Público do Paraná em suas atividades.
Em decisão de dezembro último, o diretor-geral do Ministério Público do Paraná, João Carlos Madureira, comunicou aos promotores de Justiça de Engenheiro Beltrão, Paranacity, Mandaguaçu, Alto Piquiri, Pérola, Guaíra, Altônia e "de outras promotorias onde houver notícias dessa prática, que se abstenham de usar os serviços da Adaig ou firmar qualquer tipo de acordo com outras entidades ambientalistas para realizar serviços de vistoria e fiscalização ambiental no Paraná, tarefa de atribuição do Instituto Ambiental do Paraná (IAP)". A Adaig também foi advertida a suspender suas atividades irregulares junto aos produtores.
Desde 2005, a "parceria" de alguns promotores com a Adaig vem sendo denunciada insistentemente pela FAEP e Sindicatos Rurais, sendo objeto de reclamação formal também da Cocamar. Os abusos e desvios cometidos pela Adaig eram grosseiros, como o fato de a conta bancária indicada para depósito da taxa de vistoria pertencer ao filho do presidente da Ong.