Apesar
da liberação das exporta-
ções de carne para 106 fazendas incluídas na
lista encaminhada às autoridades européias pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o mercado da União
Européia, na prática, continua fechado para a carne brasileira.
Segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Antenor Nogueira, a medida não permite que o Brasil retome as exportações para o bloco europeu nos valores e nas quantidades registrados em 2007. Mesmo assim, na sua avaliação, "o Brasil manterá em 2008 o mesmo desempenho no mercado externo do ano passado, uma vez que o aumento das vendas para outros mercados e os aumentos dos preços internacionais da carne bovina deverão compensar eventual queda nas vendas para a União Européia", diz Antenor Nogueira.
No ano passado, o Brasil exportou 195 mil toneladas de carne bovina in natura para a União Européia, totalizando US$ 1,087 bilhão em vendas. Em janeiro de 2008, foram exportadas 19,8 mil toneladas, no valor de US$ 146,3 milhões. A partir de 1º de fevereiro, o MAPA deixou de emitir os certificados sanitários para exportação de carne bovina in natura devido ao embargo imposto pela União Européia. Mesmo com a liberação das exportações para 106 fazendas, o quadro se mantém com poucas alterações. Na opinião do presidente do Fórum da CNA, no entanto, a continuidade deste cenário não deverá alterar as boas perspectivas apresentadas pela pecuária brasileira.
Segundo os dados da pesquisa dos Ativos da Pecuária de Corte, elaborados pela parceria CNA/Cepea - USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo), os aumentos dos custos de produção em 2007 foram os maiores dos últimos cinco anos, quando iniciou o levantamento CNA/Cepea. Mas a receita do produtor também se fortaleceu no período, com um aumento de 36,74% na média ponderada dos 10 Estados. No acumulado de março de 2003 a dezembro de 2007, no entanto, a arroba do boi gordo aumentou 23,1%, enquanto os custos da produção pecuária subiram 47,5%, na média dos 10 Estados pesquisados.
"Os resultados de 2007 ainda não foram suficientes para ressarcir as perdas dos quatro anos anteriores", disse Antenor Nogueira. Mas, para ele, as perspectivas de sustentação dos novos patamares de preços do boi gordo poderão estimular o produtor a retomar os investimentos na atividade após anos em que os reajustes dos custos superaram os aumentos da arroba do boi. Os dados levantados pela CNA/Cepea mostram que o recriador se sente estimulado a aumentar a reposição e o criador a ampliar seu plantel de matrizes. Diante da possibilidade de ganhos dentro e fora da fazenda, há indicativos de aumento da oferta de empregos diretos e indiretos.
A sustentação dos preços do boi e os aumentos do bezerro sinalizam para novas altas da arroba. No início do ano, o mercado futuro (BM&F) apontava para a manutenção do novo patamar de preços, com a arroba em torno de R$ 70,00. O mercado futuro de bezerro também sinalizava para novas altas, com preço de R$ 523,00 para abril (negociado em meados de janeiro), valor 30% superior ao praticado em abril de 2007.