Recentemente o zoneamento para plantio do milho segunda safra sofreu alterações no que se refere ao aumento do período de implantação das lavouras em alguns municípios do estado.
Nem todos os municípios foram contemplados com esta dilação de prazo, ainda que o principal argumento tenha sido o atraso no plantio das culturas de verão em função da estiagem, acarretando em atraso no plantio da segunda safra, fato que ocorreu praticamente em todo o estado.
Motivado pela demanda do setor produtivo, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) emitiu um parecer ao Ministério da Agricultura indicando que a alteração poderia ocorrer em municípios onde os riscos de tal procedimento não fossem altos, e que não colocassem em risco a própria cultura.
Quando uma cultura é implantada dentro do zoneamento agrícola, ela é passível de financiamentos e seguros, seja ele junto ao Proagro ou em companhias privadas.
Portanto, o aumento no prazo de plantio de uma cultura não se limita a permitir que o produtor plante e possa almejar uma renda. Ele se estende ao sistema financeiro, às seguradoras, aos fornecedores de insumos, enfim, a todo o mercado.
Como os riscos inerentes ao plantio mais tardio aumentam diante da possibilidade de geadas, por exemplo, os riscos do mercado também aumentam. Havendo frustração da safra, pode ocorrer inadimplência nos agentes financeiros e nos fornecedores e, se foi contratado um seguro a necessidade de cobertura pode inviabilizar as contratações de seguros em safras futuras.
No caso do seguro, o valor do prêmio pago em sua contratação inclui os custos operacionais, as coberturas específicas e, principalmente, o risco da cobertura, ou seja, a probabilidade de ocorrer algum evento passível de cobertura. Se o risco é maior, consequentemente o prêmio será maior, por vezes inviabilizando sua contratação.
Esta visão não é diferente para o Proagro. Os valores pagos pelos produtores na forma de "adicional ao Proagro" constituem um fundo garantidor que é utilizado para o pagamento das coberturas em ocorrência de perdas. Se houver perdas massificadas pode haver falta de recursos para as coberturas, comprometendo o programa.
Por todos estes aspectos, definir ou alterar um zoneamento agrícola não é uma tarefa fácil. Segundo Paulo Henrique Caramori, pesquisador do Iapar, sempre são considerados aspectos climáticos, disponibilidade hídrica, variedades de sementes, tipificação de solo, entre outros, justamente para dar mais segurança ao produtor e, por extensão, ao mercado, minimizando os riscos de frustração na cultura.
Aos produtores rurais resta a análise de risco individual pelo plantio fora do zoneamento agrícola, pois certamente não será possível a obtenção de financiamentos ou a contratação de seguro, ficando totalmente sob a responsabilidade do produtor o risco da safra.
Recomenda-se a alternativa do plantio de outras culturas, características para cada região do estado, como trigo, aveia e feijão, conforme acompanhamento de safras da Secretaria de Agricultura do Paraná.
Jefrey Kleine Albers é economista do DTE/FAEP