O presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita (foto acima), fez na quarta-feira, 27, em Brasília, uma avaliação das ações da CNA para a cafeicultura. Segundo Mesquita, a Comissão está trabalhando em várias frentes, mas destacou entre as principais ações a capacitação dos produtores, os mecanismos de apoio à comercialização, a solução para o endividamento e a política de financiamento da atividade. "Todas têm como objetivo comum a melhoria de renda do cafeicultor", revelou.
Capacitação dos produtores - "A CNA e seus parceiros pretendem capacitar produtores rurais a calcular, com metodologia adequada, os custos de produção de suas propriedades, e utilizar as operações em mercado como instrumento de gestão de riscos de preços da atividade", disse Mesquita. Outra iniciativa da CNA é a publicação dos Ativos do Café, informativo mensal com dados e análises sobre os custos de produção das regiões cafeeiras do Brasil. O informativo pode ser acessado no site da CNA: www.cna.org.br
Mesquita lembrou que em 2007 a FAEP foi parceira da CNA no painel de custo de produção realizado com cafeicultores da região de Ribeirão do Pinhal. A FAEP já está oferecendo também palestras e cursos de mercado futuro para os produtores rurais.
Apoio à comercialização - A realização de leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) para café é outro item constante na pauta da CNA. A expectativa dos produtores é que o Pepro da cafeicultura tenha um volume maior de recursos. No ano passado, foram investidos R$ 200 milhões nesse mecanismo de apoio. "Esse instrumento possibilita ao cafeicultor receber um preço maior que o custo, garantindo a renda", ressaltou Mesquita.
Endividamento I - O governo editou duas resoluções no Conselho Monetário Nacional - CMN, que tiveram pouco alcance na cafeicultura. "Para as operações de alongamento do Funcafé com vencimento entre 1º de janeiro e 30 de março de 2008, concedeu-se prazo até o dia 31 de março deste ano."
Mesquita ressalta que linhas como Securitização, Plano Especial de Saneamento de Ativos (Pesa), alongamentos e custeios vencidos no final de 2007 não foram contemplados. "Por falta de sensibilidade, o governo não incluiu os meses anteriores das mesmas linhas de crédito que tiveram os vencimentos de janeiro prorrogados. Essa medida ficou bem aquém do que o setor esperava e precisava", disse.
Endividamento II - "O produtor de café não pode pensar em futuro, sem resolver esse passivo. Por isso, em 2008, a bandeira da CNA será a criação de políticas de renda para que o produtor não passe novamente pelo constrangimento de colher e não ter como pagar o custeio", disse. Ele destaca ainda que o cafeicultor vem investindo em tecnologia e se profissionalizando, mas esses esforços têm sido anulados pela conjuntura macroeconômica.
Endividamento III - "Os representantes da cadeia cafeeira, membros do Conselho Deliberativo da Política do Café - CDPC, foram unânimes em aprovar o encaminhamento de um pedido ao Ministério da Fazenda para que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprecie a inclusão das parcelas de operações de custeio vencidas até dezembro 2007". O objetivo é contemplar os vencimentos não atendidos pela Resolução nº 3538, de 1º de fevereiro de 2008. Segundo Mesquita, os cafeicultores do Paraná não foram atendidos com as medidas adotadas pelo governo no custeio e a CNA está trabalhando para reverter essa situação.
Política de financiamento - "Com a crise de rentabilidade, o cafeicultor precisa de um aporte financeiro para começar a colher, sem colocar o produto no mercado, deprimindo ainda mais os preços", esclarece Mesquita.
Diante deste cenário, a CNA trabalhou na aprovação do orçamento do Funcafé de R$ 2,4 bilhões. O objetivo foi "fatiar" os recursos de forma a atender o produtor, considerando que a safra 2007/2008 é de ciclo alto. A previsão é colher de 41 a 44 milhões de sacas de café no período. No CDPC foi aprovado que do montante R$ 2,41 bilhões em recursos do Funcafé para 2008, a destinação de R$ 496 milhões para colheita, R$ 898 milhões para estocagem, R$ 453 milhões para custeio e outros R$ 313 milhões para o Fundo de Aquisição de Café (FAC).
Aprovaram ainda a destinação de até R$ 240 milhões do Funcafé para investimento. "A intenção é que esses recursos sejam investidos em gestão, visando reduzir os custos de produção da cafeicultura. "A verba vai ajudar o produtor a reduzir custos diretos, melhorando a gestão "da porteira para dentro. Com essa verba o cafeicultor poderá, por exemplo, adquirir uma máquina que represente melhor produtividade ou redução de custo operacional", finalizou Breno Mesquita.
O economista da FAEP,
Pedro Loyola, afirmou que a disponibilidade dos recursos do Funcafé aos
produtores depende agora da aprovação do Orçamento pelo Congresso
Nacional. "A Comissão de Cafeicultura da FAEP fará sua primeira reunião
do ano em março. Abordaremos todas as ações em andamento na CNA e
faremos nesse encontro o planejamento de trabalho da Comissão para
2008", disse.