FAEP quer solução para
dívidas dos cafeicultores

Na última semana, o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, encaminhou ofício aos ministérios da Agricultura e da Fazenda pedindo uma solução para as dívidas dos cafeicultores. No documento, Meneguette cobra do governo prazo adicional para pagamento dos financiamentos de custeio do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para operações com vencimento em 2007. Como o governo concedeu prazo adicional para pagamento dos financiamentos de custeio apenas para operações com vencimento no período de 2 de janeiro a 30 de junho de 2008, os cafeicultores paranaenses foram prejudicados e muitos encontram-se inadimplentes nestas operações.

Outra reivindicação da FAEP, nesse sentido, é que os produtores inadimplentes não sejam inscritos nas listas de restrição de crédito, como o Serasa, enquanto o Conselho Monetário Nacional (CMN) não definir novas regras para o pagamento das dívidas vencidas.

A Federação solicita também a criação de uma linha de refinanciamento das dívidas das linhas de CPR (Cédula de Produto Rural) e alteração nas condições de pagamento das dívidas do Funcafé, com redução de encargos financeiros, alongando o prazo final de pagamento até 2.025, a exemplo da Securitização e do Pesa.

De acordo com Paulo Buso, presidente da Comissão de Cafeicultura da FAEP, este será um ano muito difícil para a cadeia. "Possivelmente, teremos que enfrentar algumas situações para as quais não estejamos preparamos", disse. Buso se refere à possibilidade do estoque de café do governo acabar no mês de abril. Com uma previsão de exportação de 27 milhões de sacas e um consumo interno que deve ultrapassar 18 milhões de sacas, o cenário é incerto. "Estamos falando de 45 milhões de sacas e a safra deste ano está próxima disso. Não sabemos se teremos falta do produto ou se será a medida certa", completou.

Caso a oferta não atenda à demanda, independente do preço, não haverá café no mercado. "É uma situação que nós, cafeicultores, nunca visualizamos". Para Buso, o quadro  demonstra necessidade urgente de medidas de apoio à cadeia. "O produtor está precisando de um alento no que se refere a preços há, pelo menos, quatro ou cinco anos", enfatizou. Na avaliação de Buso, as reivindicações da FAEP dão condições para que o produtor possa investir na lavoura. "A verdade é que nós precisamos que isso ocorra, porque não há condições que um endividamento de pelo menos cinco anos se resolva em uma safra", concluiu.