As lavouras geneticamente modificadas (GM) estão em pleno crescimento em todos os continentes do mundo. Além do cultivo em maiores áreas, os produtores estão aumentando a utilização de variedades com mais de uma característica transgênica na mesma planta. Sua adoção é implementada por agricultores, seja em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, e justificada por benefícios agronômicos, econômicos e ambientais.
O avanço das lavouras GM já atinge 114,3 milhões de ha em 23 países1 . Na liderança dos países que já optaram pelo uso destas lavouras, estão EUA, Argentina, Brasil, Canadá, Índia e China . Somente os EUA contribuem com 50% (57,7 milhões de ha) da área mundial de cultivos com transgênicos.
O mercado global dos produtos GM atingiu US$ 6,9 bilhões em 2007, representando 20% do mercado global de sementes. Este mercado foi composto por 47% de milho, 37% de soja, 13% de algodão e 3% de canola, de acordo com estudo fundamentado no preço de venda de sementes Bt e realizado pela Consultoria Cropnisis.
Em 2007, a biotecnologia na agricultura beneficiou 12 milhões de agricultores. Deste total, 11 milhões eram pequenos. Na sua maioria, produtores de algodão Bt na China e na Índia. Os outros 1 milhão eram grandes produtores. A adesão dos pequenos produtores tem sido motivada, principalmente, pelo aumento de receita com o cultivo de lavouras GM. A taxa de crescimento em países em desenvolvimento tem sido três vezes maior que a das nações industrializadas.
Na União Européia (UE), oito dos 27 países que compõem o bloco cultivaram lavouras GM. Com isso, esse tipo de cultivo ultrapassou 100 mil ha. A Índia e a China destacaram-se pelo aumento da produção de algodão. Na Índia, houve um ganho de 63%. Foi o maior aumento proporcional em 2007. Este aumento é conseqüência de benefícios como o aumento do rendimento e a redução significativa do uso de inseticidas, com implicações positivas para a saúde do agricultor e meio ambiente, e conseqüente ganho de renda aos produtores.
No Brasil, a biotecnologia, sob tropeços jurídicos, atingiu 15,0 milhões de ha, sendo que 96% dessa área foi cultivado com Soja Roundup Ready e 4%, com Algodão Bollgard. O Brasil foi o país que teve maior crescimento absoluto com lavouras GM, expandindo o cultivo em mais 3,5 milhões de ha. O Brasil firma-se como um dos líderes mundiais na adesão da biotecnologia voltada para agricultura. E, com a aprovação de novas variedades de milho, tem capacidade para um crescimento ainda mais vertiginoso. Para o ano de 2008, haverá quatro variedades à disposição do agricultor brasileiro. A novidade proporcionará igualdade competitiva com o resto do mundo.
Em 2007, estima-se que 9% da área mundial ocupada com lavouras GM foi usada para a produção de bioenergia. O milho foi direcionado para produção de etanol. Já a soja e canola, para a produção de biocombustível. Este novo modelo empregado na agricultura, utilizando grãos na produção de energia, tem gerado preocupação devido à pressão na demanda por alimentos. Isto reflete numa alta consistente dos preços das commodities. A alternativa das grandes empresas multinacionais de pesquisa tem sido buscar, na ferramenta da biotecnologia, uma saída para esse impasse. No ano passado, durante visita aos Estados Unidos, pudemos constatar o esforço da pesquisa em agregar, nas culturas, características que atendam as necessidades da cadeia produtiva alimentar e a matriz bioenergética.
O Brasil, a Índia e a China são países considerados com maior potencial de expansão para as lavouras GM. A evolução mais imediata da biotecnologia é aguardada com a liberação dos tratamentos com características, que visam a redução do stress da planta por fatores climáticos, o aumento do potencial produtivo e a qualidade nutricional dos alimentos. Um exemplo é o arroz dourado enriquecido com pró-vitamina A, tão aguardado quanto prometido pela pesquisa. Tal característica tem enorme potencial para contribuir com a segurança alimentar e para o alívio da pobreza.
Prós e contras tem sido levantados todos os dias. É impossível cerrar os olhos diante da realidade. A aplicação da tecnologia tem sido ampla e seu uso tem se mostrado promissor. Nos restam o monitoramento e o direito de escolha.
Soja Roundup Ready
* Variedade tolerante ao herbicida glifosato, sua principal utilização é como ferramenta no manejo de plantas daninhas em campos de cultivos infestados.
Algodão Bollgard*
* Variedade resistente a pragas da ordem Lepidoptera, pela inserção de gene proveniente da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). Possui ação específica no controle de lagartas (lagarta-rosada, lagarta-da-maça e curuquerê-do-algodão). A tecnologia visa reduzir significativamente o uso de inseticidas no cultivo do algodão.
* Possui zoneamento específico que exclui seu plantio.
Milho Liberty Link
* Variedade tolerante ao herbicida glufosinato de amônio, sua principal utilização é como ferramenta no manejo de plantas daninhas em campos de cultivos muito infestados.
Milho Guardian
* Variedade resistente a pragas da ordem Lepidoptera, pela inserção de gene proveniente da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). Possui ação específica no controle de lagartas (lagarta-do-cartucho, lagarta-da-espiga e lagarta-do-colmo. A tecnologia visa reduzir significativamente o uso de inseticidas no cultivo do milho.
1 Países que cultivaram lavouras GM em 2007: EUA, Argentina, Brasil,
Canada, Índia, China, Paraguai, África do Sul, Uruguai, Filipinas,
Austrália, Espanha, México, Colômbia, Chile, França, Honduras,
República Tcheca, Portugal, Alemanha, Eslovénia, Romênia e Polônia.
Silvio Krinski
M.Sc. Engenheiro Agrônomo
DTE/FAEP