Durante a assembléia-geral da FAEP, o presidente Ágide Meneguette destacou a iniciativa da entidade que, em parceria com o Banco do Brasil (BB), treinou multiplicadores em mercado futuro no Paraná. Já os técnicos do BB foram capacitados pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).
"No ano passado, preparamos 21 multiplicadores e já realizamos curso piloto com os integrantes da Comissão Técnica de Grãos. A partir de agora, vamos disseminar para todo o estado e aproveitar oportunidades que a Bolsa oferece. O treinamento já faz parte do quadro de cursos que o SENAR-PR oferece e pode ser solicitado de acordo com a demanda", disse.
Na ocasião, o diretor de Produtos do Agronegócio e Energia da BM&F, Ivan Wedekim, enfatizou a importância dos produtores rurais utilizarem o mercado futuro como instrumento de comercialização. "A regra número um são duas, na verdade. A primeira é que o mercado é o nosso patrão. A segunda é que o mercado não é confiável. Por isso, a gente não pode dormir de botinas no mundo do agronegócio", informou.
Wedekim também afirmou que o agricultor deve estar atento para as novas tecnologias. Principalmente, as que se referem à comercialização. "O agronegócio é uma atividade de risco. Temos que pensar em como fazer a gestão global do nosso agronegócio a partir das novas tecnologias", sugeriu.
Ao citar a importância do mercado futuro, o diretor da BM&F lembrou que o governo tem dado atenção a políticas que buscam o casamento entre o agronegócio e aquele instrumento.
Riscos
Em sua palestra, Wedekim abordou questões relacionadas ao gerenciamento
dos riscos do agronegócio. Segundo ele, existem quatro tipos de risco
que cercam o setor agropecuário, como o risco de produção, o de quebra
de contrato, o de crédito e o risco de preço.
Quanto ao risco de produção, o diretor da BM&F lembrou que a agricultura é uma indústria a céu aberto. "A maneira de reduzir esse risco é trabalhar com tecnologia e seguro rural. Em 2005, foram gastos R$ 2 milhões em subvenção. No ano passado, R$ 61 milhões", afirmou. Segundo Wedekim, o Paraná foi o estado que captou a maior parte dos subsídios. Ou seja, 37%. Já os Estados Unidos gastam R$ 2 bilhões de dólares em subvenção de seguro. "Precisamos aprovar um fundo de catástrofe", disse.
Ao se referir ao risco de quebra de contrato, Wedekim informou que mudanças radicais no mercado podem induzir uma das partes a não honrar o contrato firmado. E, quanto ao risco de crédito, o diretor da BM&F lembrou que, atualmente, esse risco preocupa o governo, os bancos e os produtores.
"O governo trabalha na elaboração de um cadastro positivo. A idéia é que se crie um cadastro que faça positivação do indivíduo. É um instrumento de mercado que pode contribuir para o gerenciamento do risco no agronegócio", explicou.
Preço
"Os mercados agrícolas são voláteis. Os preços sobem e descem
com velocidade muito grande. A oscilação é de 20%. Foi assim que
Wedekim iniciou sua explicação sobre o risco de preço. Ele também
afirmou que o agricultor é tomador de preços. Ele vende por
aquilo que está no mercado", disse.
Segundo o diretor da BM&F, a oscilação de preço, que enriquece e empobrece, é muito comum na agricultura. "No geral, a alta e a baixa vêm pelo aumento da oferta", explicou. Em relação à volatilidade do preço do milho, ele informou que é de 15%, em média, nos pregões diários da BM&F. "Há picos de 5% e 50%", lembrou.
Quanto à soja, na Bolsa de Chicago, o palestrante informou que a volatilidade do preço do produto é, em média, de 23%. "É maior que a do milho no mercado interno. A volatilidade recente vem do mercado de milho, influenciado principalmente, pelo etanol", disse.
Ao destacar a importância das negociações feitas por meio de bolsas, Wedekim afirmou que uma bolsa dá transparência à negociação. "É pública! Está na tela do computador. As partes não se conhecem, mas os preços estão aí. Eu conheço meu custo e vejo o preço lá na frente. Se está bom", justificou.
Participação
Em relação à participação do produtor em negociações feitas por
intermédio das bolsas, Wedekim lembrou que o produtor é o elo mais
fraco da cadeia produtiva. "Mas, muitas vezes, é o maior especulador do
mercado. E o especulador é fundamental para o mercado. Dá liquidez",
defendeu.
O diretor da BM&F também informou que, atualmente, 45% dos negócios na Bolsa é feito pelo pregão viva-voz. "A via eletrônica está crescendo. Não tem quebra de contrato. Quem comprou, recebe. Quem vendeu, entrega", explicou. Segundo ele, no ano passado, 19 milhões de cabeças de boi gordo foram comercializadas, na BM&F, por via eletrônica. Ou seja, duas vezes o volume de carne bovina exportada pelo País.
Na BM&F, as partes não se conhecem. Elas fecham o negócio ao preço do mercado do dia. Em 2007, a Bolsa comercializou 3,4 vezes a safra de café arábica nacional. No ano passado, foram negociados US$ 24 bilhões de contratos na BM&F. "Estamos fazendo parcerias para a captação de pessoas dos mais diferentes segmentos", contou. Segundo Wedekim, dos 11 consultores da Bolsa, seis são de fora. A BM&F é quarta Bolsa de Futuro do mundo.