O economista e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto foi um dos palestrantes do evento. Ele ressaltou a importância do produtor rural estar preparado para um mercado cada vez mais competitivo. "O novo nome do jogo é competição. É o que vocês estão fazendo aqui. Quem correr, vai ficar parado. E quem ficar parado, será atropelado", disse.
Delfim ainda apresentou um balanço da economia nacional nos últimos 57 anos. "Nos primeiros 38 anos, o Brasil cresceu a uma taxa robusta de 6,5% ao ano. Enfrentou, depois, a maior crise que o mundo conheceu depois de 1929, que foi a crise de 1980-1982. Recuperou-se e voltou a crescer. A partir de 1985-1986, o Brasil murchou", disse. Segundo ele, o País passou a crescer a uma média que não passa de 2,3 - 2,4%. Agora, está encontrando a sua melhoria", disse.
O ex-ministro criticou o gigantismo do estado brasileiro que não cabe no PIB do País e disse que, mais do que nunca, o agronegócio sustenta a boa fase das contas externas brasileiras. Sobre o endividamento dos produtores rurais, o ex-ministro apontou a responsabilidade do governo. "A agricultura tem um problema que não é paranaense. É um problema de endividamento e que foi feito, na verdade , por algumas armadilhas que o Estado construiu", comentou.
Para ele, as negociações feitas até agora são medidas paliativas, quando a questão pede solução mais radical. "Acho que é preciso cortar um pedaço dessa dívida, incorporar , liquidar um pedaço dessa dívida, que foi feita por conta do Estado, por conta das variações das políticas de governo e não por conta da agricultura", afirmou. Delfim também chamou a atenção para a implementação de um sistema de seguro de safra adequado. "Este é o grande mal que nós não conseguimos superar até agora", lembrou.
Elogio - Já o governador de São Paulo, José Serra, destacou o empreendedorismo rural no Paraná. Segundo ele, ao ter iniciativas como o Programa Empreendedor Rural, o estado mantém-se na liderança agropecuária. "O foco é a agricultura sustentável. Ações como essa apontam exatamente para essa direção", disse. Ele ainda elogiou que haja entidades sindicais afinadas com as necessidades do setor.
Serra também criticou os investimentos do governo federal na agropecuária. "O governo gasta mal 78% dos poucos recursos que vão para a agricultura", comentou. Ele defendeu a junção dos ministérios da Agricultura e da Reforma Agrária. "Não podemos ter dois ministérios antagônicos", concluiu.
O governador de São Paulo ainda opinou sobre questões fundiárias, meio ambiente e seguro rural que, segundo ele, ainda não foi implantado no País, apesar das atividades desenvolvidas no campo serem de alto risco. Em relação à reforma agrária, Serra disse que, ao analisar a situação, deve-se considerar a questão custo-benefício. "Não se pode tratar de reforma agrária apenas com seu componente distributivo", comentou. Para ele, não se deve dar terra apenas porque alguém não a tem. Deve-se levar em consideração se o beneficiado tem condição de produzir.