Conscientizar os filhos de agricultores sobre a importância da agricultura e do produtor rural na sociedade. Este foi o objetivo do Encontro de Jovens Rurais, que aconteceu em Cornélio Procópio, no dia 20 de outubro, e reuniu cerca de 1,2 mil jovens da zona rural de 47 municípios do Norte Pioneiro.
Pela primeira vez realizado no estado, o evento foi uma iniciativa do Sindicato Rural de Cornélio Procópio, com apoio do Sistema FAEP e do Núcleo dos Sindicatos Rurais do Norte Pioneiro. Além de questões relacionadas à participação da juventude no sistema produtivo, jovens da zona rural entre 16 e 21 anos de idade foram orientados e motivados sobre cidadania, liderança, cooperação, educação e demais temas que destacam a importância dos jovens que vivem no campo.
Durante o evento, o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, lembrou que a entidade, o SENAR-PR e os sindicatos rurais têm investido na juventude do estado. Como exemplo dos esforços do Sistema FAEP em valorizar e preparar os jovens da zona rural para os desafios do mercado de trabalho, Meneguette citou o Programa Jovem Agricultor Aprendiz (PAA), que está no seu quarto ano de existência.
Além da possibilidade de iniciar o preparo deles para a agropecuária, estamos construindo juntos uma nova mentalidade dos jovens para o agronegócio, para a administração rural e o associativismo, base para o sucesso das atividades rurais, disse. Meneguette também referiu-se aos programas Agrinho e Empreendedor Rural (PER). Creio que estamos ajudando na formação de uma nova geração. E isso, seguramente, vai repercutir no nosso desenvolvimento, disse.
O presidente do Sindicato Rural de Cornélio Procópio, Floriano José Leite Ribeiro, destacou que o evento serviu para aproximar os jovens dos sindicatos rurais e demais entidades que cooperam na formação de novas lideranças, oferecer informações técnicas necessárias ao empreendedorismo rural e discutir valores considerados fundamentais à vida desses jovens. Tenho certeza que a FAEP vai nos apoiar a promover essa experiência pioneira. Assim esse evento poderá se repetir por todo o estado do Paraná, disse.
O estudante Idione Inocêncio dos Santos Silva (18) elogiou a iniciativa dos organizadores do evento. Quem vive na área rural tem que se profissionalizar. Precisa encarar o ser produtor rural como uma profissão e não simplesmente como uma condição de quem vive no campo, disse.
Idione vive na zona rural de Tomazina com sua família, onde criam gado de leite e cultivam café. No ano passado, participou do JAA. O que, segundo ele, foi o incentivo para que começasse a freqüentar o colégio agrícola de Cambará. Depois que fiz o curso, ampliei minha visão. Antes, eu ficava muito no achômetro. Hoje, coopero para que nossa produção de leite cresça. Aprendi a planejar e já desenvolvo um projeto de melhoramento genético do nosso gado, explicou.
LEI RESTRITA - Em sua explanação, o presidente da FAEP afirmou que o Programa JAA não é ainda melhor por culpa da lei. Há defeito na lei que regula o trabalho dos jovens. Há um exagero nas restrições quantos aos treinamentos e, igualmente, em relação à idade. Em vários países desenvolvidos, especialmente os europeus, os jovens aprendem a trabalhar como se fossem adultos, utilizando-se de máquinas e equipamentos, pondo, como se diz, a mão na massa, disse.
Para Meneguette, a lei no Brasil é restritiva. Ele lembrou que, no caso dos aprendizes na área rural, é praticamente impossível ensinar um jovem nas várias atividades realizadas no campo sob alegações de insalubridade e periculosidade.
Com isso, a lei só permite que um jovem tenha condições de se aproximar da faina agropecuária quando completar 16 anos e ainda de forma parcial. O que, aliás, é uma hipocrisia, já que os jovens do interior começam a trabalhar de fato muito cedo, para ajudar a família. Neste caso, sim, correm riscos, uma vez que deixam de ter a oportunidade de serem formados dentro da boa técnica, afirmou. Ao comentar sobre a legislação, Meneguette recordou uma entrevista da promotora da Infância e Juventude de Londrina, Edina de Paula, que fez críticas severas à lei vigente. Com a autoridade de quem está diariamente em contato com os problemas da juventude, disse.
Para o presidente da FAEP, na proibição, há também o aspecto social da questão. Quantos jovens poderiam estar trabalhando e aprendendo uma profissão mas estão na rua, por falta de opções. Mas como a lei deve ser respeitada, mesmo que não seja justa, até que possa ser mudada, vamos continuar a obedecê-la, comentou.