Incentivar a pesquisa e provocar interferência na realidade. Os mais de 10 mil trabalhos que estão passando pela banca examinadora do Programa Agrinho demonstram que sua proposta está sendo alcançada. Ao contrário de anos anteriores, percebo que a comunidade escolar está atuando e não apenas reconhecendo os problemas de sua localidade, avalia Josimeri Grein, técnica do SENAR-PR.
O Agrinho põe em pauta temas de relevância social para serem tratados de maneira interdisciplinar dentro dos currículos escolares. Este ano, com o tema Saber e atuar para melhorar o mundo, cerca de 1,6 milhão de estudantes e professores envolvidos anualmente com o Programa, foram convidados a somar, relatando suas experiências locais. Muitas crianças transcendem o material e colocam experiências de seu cotidiano, seus valores. As crianças se mostram críticas e você consegue se emocionar com alguns trabalhos, comenta Rejane de Medeiros Cervi, integrante da banca e autora do capítulo sobre educação tributária no material do Agrinho. Tive a oportunidade de avaliar o trabalho de uma criança falando sobre meio ambiente, que retrata a experiência da família dela, de catadores de papel. Tudo relatado com auto-estima elevada, com orgulho pelo que a família faz para contribuir para a preservação do meio ambiente. Isso é muito interessante.
Pelo incentivo à pesquisa, o Programa propõe o rompimento entre teoria e prática, buscando uma educação crítica e a formação de indivíduos criativos e autônomos, produtores de novos conhecimentos. Nesse sentido, a examinadora Antônia Schwinden, coordenadora editorial do material elaborado para professores e alunos, analisa que a renovação pedagógica proposta na reformulação do Programa está chegando a professores e alunos: Vejo muito mais referências ao material, sinal de que ele está chegando às crianças. Nos preocupamos em usar uma linguagem mais próxima da realidade dos estudantes. Ao passar para a criança a mensagem de prestigiar a escola, prestigiar o conhecimento, isso já é uma interferência na realidade.
Além do conteúdo técnico, o Agrinho oferece também sugestões de metodologias e técnicas que podem auxiliar professores em sua prática diária e que foram também foram reunidas em um livro. O uso responsável da Internet foi tema abordado por Elizete Lúcia Moreira Matos, autora de material para professores e integrante da banca.
A Internet é uma das ferramentas que ela defende na gestão do conhecimento, com a intermediação do professor: É uma forma de resignificar a educação. São novos cenários, novas linguagens. Temos que trabalhar a multiplicidade do saber. Dar espaço para a pesquisa, para o teu fazer, o teu descobrir.
Rita de Cássia Veiga Marriott, autora do capítulo sobre mapas conceituais destaca a criatividade requerida na construção de mapas conceituais. Os mapas conceituais são tecnologia excelente tanto para crianças, quanto para adolescentes, adultos e crianças com necessidades especiais. É uma ferramenta poderosa porque o aluno tem que imaginar o conteúdo, tem que pensar nas idéias de maneira sucinta e demanda a compreensão global do conteúdo, tanto quanto a expressão do particular.
Cada um tem sua interpretação do que deve constar do mapa e isso requer que o professor avalie o mapa pela compreensão do aluno e incentive a pesquisa para trabalhar os pontos fracos.
A relação de trabalhos selecionados pelo Programa agrinho deve ser divulgada a partir do dia 6 de novembro na página do SENAR-PR na Internet e escritórios regionais. A cerimônia de premiação acontece no final do mês de novembro com a entrega de 212 prêmios aos vencedores.