As lavouras transgênicas de soja devem ocupar 48% do total da área plantada da oleaginosa nesta safra no Paraná. A estimativa é da Expedição Caminhos do Campo, da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), em parceria com a FAEP e Ocepar, que aponta um aumento de 2,1% no plantio com relação à safra passada. Mesmo com a liberação recente do registro do glifosato roundup ready, da Monsanto, a área não deverá ter alterações, até porque existe a limitação de sementes no mercado e redução da diferença dos custos de produção.
Estimativas de técnicos da Ocepar, que acompanham a Expedição, indicam que o custo total de produção da soja transgênica será apenas 2% mais baixo do que o da convencional. Já no custo variável (insumos) a diferença é um pouco maior: 3,5% a favor das geneticamente modificadas. "O preço do glifosato utilizado nas lavouras transgênicas subiram muito e houve uma queda dos custos dos produtos usados nas lavouras tradicionais", explica Gustavo Sbrissia, analista técnico e econômico da Ocepar.
Além disso, com o início da safra (ocorrido no último dia 15) as compras de sementes já foram feitas e não haveria mais tempo hábil para reversão do plantio. Segundo ele, a produtividade das duas lavouras são semelhantes e os produtores não têm encontrado dificuldades de comercialização dos transgênicos no mercado internacional. A estimativa é que as sementes geneticamente modificadas sejam mais plantadas nas regiões Oeste e Sudoeste do Estado, onde essas sementes devem ocupar cerca de 60% do total da área. Já na região de Londrina, o plantio deverá ficar abaixo da média estadual: entre 35% e 40% do total da área. O menor índice, no entanto, deverá ocorrer em Castro (41 km ao norte de Ponta Grossa) e áreas próximas, onde o cultivo será de menos de 10% porque ainda não haveria variedades adaptadas ao clima daquela região.
SOJA | PARANÁ |
Área de soja - safra 2006/07 (milhões/hectares) | 3,96 |
Área de soja - safra 2007/08 (milhões/hectares) | 4,00 |
Variação área de soja (%) | 1,08 |
Área plantada com OGM na safra 2006/07 (%) | 47 |
Área plantada com OGM na safra 2007/08 (%) | 48 |
Variação área OGM (%) | 2,10 |
Produtividade média 2007/08 (ton/ha) | 3,00 |
Produção estimada safra 2007/08 (milhões/ton) | 12,00 |
A diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Alda Lerayer, disse nesta semana (22) que a chegada de uma variedade transgênica resistente a pragas e a possível liberação comercial de outras versões geneticamente modificadas (GM) de algodão pode devolver ao Paraná a auto-suficiência na produção da fibra. Segundo ela, o estado já foi o maior produtor de algodão do País e agora pode retomar sua produção devido aos benefícios das variedades GM.
Na avaliação do presidente da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), Almir Montecelli, a expectativa acerca do algodão GM está animando os produtores do estado, que enfrentaram muitas dificuldades com o manejo de pragas nos últimos 20 anos.
Como a maior parte dos 10,6 mil hectares plantados com algodão no estado na safra 2006/2007 foi cultivada por pequenos agricultores, Montecelli acredita que a introdução de variedades GM será decisiva para a retomada da cultura no Paraná. “Na Índia, na China e agora no norte de Minas Gerais, os pequenos produtores expandiram a produção após a introdução de variedades GM”, explica.
Para atender à demanda das indústrias têxteis locais, o presidente da Acopar estima serem necessários cerca de 70 mil hectares de algodão convencional.
O algodão Bt, resistente a lagartas, é a única variedade GM liberada comercialmente no País e começará a ser plantada no Paraná na safra 2007/2008.