Projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que o Brasil será o maior exportador de soja do mundo em 2009 e, em dez anos, venderá mais carne que todos os seus concorrentes juntos.
Publicado no jornal O Estado de S. Paulo de 24 de outubro, a reportagem diz que a OCDE estima que as exportações devem promover o "retorno de um sólido crescimento no Brasil", com taxas do PIB beirando 4% por ano até 2016. Nem mesmo o real valorizado deve ser um problema para a expansão das exportações nacionais de produtos agrícolas, afirma a OCDE, citado pela reportagem. Leia a seguir a reportagem do jornal:
O Brasil será o maior exportador de soja do mundo em 2009 e, em dez anos, venderá mais carne que todos os seus concorrentes juntos. As projeções são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que destaca o crescimento "espetacular" da agricultura brasileira nos próximos dez anos.
Mas a entidade não esconde o temor pelo impacto desse crescimento no meio ambiente. Para a OCDE, o País tem a "difícil tarefa" de resolver o dilema entre proteger as florestas e aproveitar as oportunidades de negócios. Outro problema é a concentração cada vez maior de terras que nem a reforma agrária poderá reverter.
As projeções para a agricultura mundial até 2016 não deixam dúvida de que o futuro do etanol definirá o volume de terra destinado aos demais setores, e até definirá o preços das commodities. Nesse cenário, a OCDE estima que o Brasil tem tudo para avançar na produção.
Segundo as projeções da entidade, as exportações devem promover o "retorno de um sólido crescimento no Brasil", com taxas do PIB beirando 4% por ano até 2016. Nem mesmo o real valorizado deve ser um problema para a expansão das exportações nacionais de produtos agrícolas. A OCDE, porém, não descarta que a demanda internacional pelos alimentos brasileiros possa acabar gerando inflação no País.
Outra preocupação da entidade é com o impacto da expansão agrícola do Brasil no meio ambiente. "As autoridades brasileiras se confrontam com a difícil barganha entre os benefícios econômicos da expansão agrícola e os benefícios ambientais da preservação da floresta", diz o relatório, que destaca a Amazônia como apenas um desses dilemas. "O impacto dos pesticidas e do uso agrícola da água sobre os recursos são outras preocupações geradas pelo sistema produtivo no Brasil", alerta a OCDE.
Apesar disso, as projeções são de crescimento da produção em quase todas as áreas. No setor de carnes, por exemplo, o País vai chegar a 2016 superando o volume de todos os demais concorrentes juntos e dominará 28% da carne exportada no planeta. Isso significa um total de exportações superior às vendas de Estados Unidos, Canadá, Argentina e Austrália somados. Hoje, o País tem 23% desse mercado. Segundo as projeções, o mercado mundial de carne deve aumentar em 7 milhões de toneladas até 2016. Já as vendas brasileiras devem adicionar outras 3 milhões de toneladas do mercado, chegando a 8,4 milhões de toneladas de carne.
O Brasil ainda vai superar as exportações dos Estados Unidos em soja até 2009, com seu crescimento de 3,9% por ano na produção. Em dez anos, a produção no País aumentará em mais de 54% e o Brasil responderá por 38% da produção mundial. A expansão ocorrerá tanto graças ao aumento da produtividade como da área plantada.
Em
termos de exportação, o País somará 18 milhões de toneladas até 2016.
Na prática, o Brasil passará a ter 41% do mercado, ante os 30% de que
dispõe hoje. A OCDE destaca que os exportadores de soja são
beneficiados por políticas tributárias.
28 % - da carne exportada no planeta em 2016 será proveniente do Brasil, ante 23% atualmente
3,9 % - ao ano é o crescimento da produção de soja brasileira
54 % - é a projeção de crescimento da produção de soja em 10 anos
41 % - do mercado mundial da soja deverá ser do Brasil nos próximos 10 anos,
ante os 30% atuais
Ao contrário das últimas décadas, porém, os maiores índices de crescimento do consumo não estão nos países ricos, mas nos emergentes. Para a OCDE, os países exportadores devem se focar nesses mercados, se de fato querem expandir suas vendas. No setor de carnes, por exemplo, o aumento do consumo nos países emergentes será de 3,2% por ano, ante 0,9% nos países ricos.
O mesmo deve ocorrer com o consumo de manteiga, que terá alta de 3,4% ao ano nos países em desenvolvimento e estagnação nos ricos. No caso do açúcar, a alta será de 2,2% por ano nos emergentes, ante 0,5% nos países desenvolvidos. O resultado é a queda na participação dos países ricos entre os principais consumidores e a transformação da China na maior importadora de soja do mundo.
De fato, a OCDE prevê que a década pode ser a melhor em crescimento da história. Isso graças à entrada de países emergentes nos mercados. Nem mesmo a crise americana seria um problema, já que poderia ser rapidamente superada. Brasil, Índia, China e Rússia teriam uma participação cada vez maior na economia mundial e serão a chave para o desempenho positivo até 2016. J.C.