Os produtores comemoram o retorno das chuvas, ainda que parcialmente, possibilitando o início do plantio da safra 07/08. Ainda são aguardados maiores volumes que permitam, efetivamente, recuperar o atraso. Os estados produtores que registraram chuvas mais volumosas foram Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Levantamento de Safras & Mercado aponta um crescimento de 4% na área plantada de soja no Brasil. A área estimada é de 21,6 milhões hectares frente a 20,8 milhões de hectares da safra 06/07. O quadro apresentado traz a situação de plantio até 19 de outubro.
Para a cultura de soja os fatores predominantes são: quadro de preços internos 26% superior ao ano de 2006, no período janeiro-setembro, ou seja, cotações de R$ 30,47/saca de 60 kg contra R$ 24,28/saca de 60 kg. Já na Bolsa de Chicago, as cotações médias estão 38% acima, isto é, em US$ 17,57/saca relativamente a US$ 12,69/saca da safra 2006/07 e a produtividade recorde obtida de 2.849 kg/hectare.
Com relação ao mercado internacional, o fator positivo foi a estimativa divulgada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - USDA para a safra norte-americana de soja 2007/08, de produção de 70,7 milhões de toneladas, cerca de 18,5% inferior em relação à safra 2006/07 (86,7 milhões de toneladas), o que deu suporte às cotações na Bolsa de Chicago. Os contratos futuros para o primeiro vencimento alcançaram US$ 21,67/saca de 60 kg. A produtividade aguardada é de 2.784 kg/hectare. Analistas do setor pedem atenção especial à presença da "ferrugem asiática" em grande parte das regiões produtoras, exigindo maiores cuidados por parte dos produtores assim como gastos adicionais com o propósito de ter maior controle sobre a ferrugem.
O preço médio do milho no Paraná é de R$ 23,00/saca de 60 kg. Um fator importante segundo Safras & Mercado, é o avanço do Brasil como terceiro exportador mundial de milho, tornando mais evidente a relação entre mercado interno e preço de exportação, cada vez mais presente na comercialização interna. Por outro lado, o milho detém ainda um fundamento de demanda interna bastante sólido, e a presença de um mercado exportador mais agressivo somente torna o milho um dos produtos com maior volatilidade interna de preços, ao longo do ano comercial.
No segundo semestre de 2007, a quebra da safra européia proporcionou ao Brasil uma demanda de exportação surpreendente. Acrescente-se que a demanda européia vem favorecer o Brasil, único país com disponibilidade de milho não transgênico e, com negócios de até US$ 250,00/tonelada. Presentemente, os negócios são realizados à base de US$ 240,00/tonelada.
Estados | 2007 (*) | 2006 | 2005 | 2004 | 2003 |
MG | 105.051 | 7.930 | 15 | 1 | 0 |
SP | 285.582 | 39.618 | 302 | 8.419 | 1 .033 |
PR | 2.900.332 | 3.128.821 | 443.686 | 3.510.041 | 3.210.777 |
RS | 408.128 | 48.447 | 59 | 210.573 | 87.930 |
MT | 1.841.456 | 524.486 | 419.634 | 617.015 | 409.514 |
MS | 384.770 | 471.392 | 4.319 | 51.116 | 113.757 |
SC | 218.237 | 47.484 | 0 | 53.370 | 109.178 |
GO | 427.071 | 57.441 | 1.001 | 98.083 | 38.150 |
OUTROS | 114.939 | 1.569 | 122 | 128.137 | 73.211 |
BRASIL | 6.585.837 | 4.326.687 | 869.137 | 4.676.755 | 4.042.950 |
O plantio da safra paranaense 2007/08, em razão da estiagem prolongada, está atrasado. De acordo com o Departamento de Economia Rural - DERAL (SEAB), foram semeados somente 59% do previsto relativamente aos 75% de igual período do ano passado.
A cultura do trigo passa por momento sazonal de ingresso de safra e o mercado não tem muita movimentação. A colheita chega na reta final . A seca prolongada e as geadas não chegaram a afetar a produtividade.
No momento atual a maior preocupação diz respeito a possibilidade de chuvas no Rio Grande do Sul que deve iniciar a colheita. A produção estimada para o Brasil permanece em 3,9 milhões de toneladas.
O preço médio no interior no Paraná é de R$ 600,00 a R$ 610,00/tonelada e oferta entre R$ 620,00 a R$ 630,00/tonelada.
No mercado internacional as cotações voltaram a experimentar alta, diante do quadro de aperto da oferta e demanda mundial. Existem rumores de que a Rússia poderá aumentar as tarifas de exportação do cereal para até 50% para evitar o desabastecimento interno. A tarifa de 10% foi aprovada e tem vigência a partir de novembro próximo. Assim o trigo norte-americano terá mais força nas exportações mundiais, o que concede suporte aos preços internacionais.
Gilda Bozza
Economista - DTE / FAEP