Na última semana a Bolsa de Chicago experimentou flutuações nas cotações decorrentes do avanço da colheita norte-americana, realização de lucros por parte dos investidores, valorização do dólar frente a outras moedas e queda dos preços do petróleo. Este quadro poderá ser modificado em função de fatores, como:
- Definição da safra dos Estados Unidos, se realmente ficará na previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos de 74 milhões de toneladas (até o momento foram colhidos 29% da área cultivada);
- Estimativa final da área plantada na América do Sul;
- Condições climáticas durante o desenvolvimento da safra sul-americana. Existe uma grande preocupação com a falta de chuvas nas regiões Centro-Sul do Brasil e Paraguai e com os efeitos do La Niña (irregularides climáticas).
- E por último, os possíveis efeitos da crise imobiliária nos Estados Unidos nos próximos meses, bem como seus impactos sobre o mercado financeiro internacional.
De acordo com Safras & Mercado, já considerados os referidos fatores, as projeções de preços médios para o segundo semestre de 2007 variam entre US$ 19,84 e US$ 21,16/saca de 60 kg. O primeiro semestre, segundo seus analistas, registrou preços médios de US$ 16,67/saca.
Vale salientar que no decorrer de 2007 já foram observados na Bolsa de Chicago seis altas significativas dos preços da soja, o que significou uma excelente oportunidade de preço rentável para os produtores.
Por outro lado, existe no mercado uma expectativa de menor produtividade da soja norte-americana e o atraso e escassez de chuvas nas principais regiões produtoras do Brasil, com conseqüente atraso no plantio do grão, o que poderá modificar o quadro de preços internacionais.
Ademais,
no mercado doméstico não há perspectivas de alta ou reversão do atual
cenário. O dólar está na menor cotação desde agosto de 2000
(R$ 1,8040/US$ 1,00). E o prêmio de exportação também registra queda.
Não obstante, os preços recebidos pelo produtor mostram um avanço sobre
os preços recebidos na safra anterior.
A correlação entre a soja, o milho e o trigo é um fator fundamental e pode ser constatado quando, na semana de 01 a 05 de outubro, o trigo registrou uma seqüência de preços baixos, contaminando o milho e a soja.
O fato é que o mercado internacional apresenta forte volatilidade; as cotações de milho que atingiram cerca de US$ 9,44/saca de 60 kg, voltaram para patamares de US$ 8,08/saca de 60 kg.
A colheita do cereal nos Estados Unidos flui rapidamente, devendo chegar a 50% na semana vigente. Há perspectiva de produtividade média em bom nível e possíveis reflexos nos preços.
Conforme Safras & Mercado, com a ausência de notícias relevantes, os contratos do milho ficaram uma vez mais à mercê das variações dos mercados da soja e do trigo.
Os contratos futuros para dezembro foram cotados a US$ 8,08/saca.
Análise de Safras & Mercado aponta que as condições climáticas (La Niña) e perspectiva de preços altos para a soja no primeiro semestre de 2008 podem diminuir a expansão de plantio da safra de milho de verão.
A queda de braços entre produtores e moinhos continua. Os moinhos estão estocados e voltam aos poucos ao mercado para adquirir pequenos volumes de mão para a boca e de certa forma, procuram forçar uma redução de preços. Os produtores e a cooperativas seguram produto, pretendendo um preço em torno de R$ 650/tonelada, contrariamente à oferta dos moinhos que é de R$ 625,00/tonelada.
Os compradores aguardam uma queda nos preços do trigo quando da entrada no mercado das safras gaúcha e Argentina.
No mercado internacional, a realização de lucros repercutiu nos preços na Bolsa de Chicago, os quais registraram cotações mais baixas. Os contratos para dezembro/08 foram cotados a US$ 19,62/saca de 60 kg. Cabe salientar que a posição maio/08 encerrou com sensível alta de US$ 0,55/tonelada.
De acordo com boletim do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), não obstante o volume de chuvas nos meses de junho e julho, a estiagem nos meses de agosto e setembro nas áreas produtoras na Austrália, poderá provocar redução na safra 2007/08.
O USDA reajustou a estimativa da safra australiana para 16,2 milhões de toneladas contra 21,1 milhões de toneladas do boletim anterior.
Gilda Bozza
Economista - DTE / FAEP