As exportações do agronegócio paranaense no acumulado janeiro-agosto/2007 somaram US$ 5,07 bilhões, crescimento de 26,7% em relação a igual período de 2006 (US$ 4,0 bilhões).
O Paraná, no período em análise, manteve sua posição de terceiro estado maior exportador do agronegócio brasileiro (13,4%), ficando atrás de São Paulo e Rio Grande do Sul.
O total das exportações paranaenses foi de US$ 7,97 bilhões, apontando uma evolução de 22% sobre igual período de 2006 (US$ 6,54 bilhões). As importações registraram um crescimento acima do esperado (43%), ou seja, passaram de US$ 3,79 bilhões para US$ 5,41 bilhões. Conseqüentemente, o superávit foi de US$ 2,57 bilhões, cerca de seis pontos percentuais menor em relação ao acumulado janeiro-agosto de 2006 (US$ 2,75 bilhões).
Vale acrescentar que as incertezas observadas na economia internacional em agosto/07, decorrentes da crise imobiliária nos Estados Unidos, ainda não refletiram nas exportações paranaenses como bem demonstram os números citados, haja vista que após elevação o dólar voltou a apresentar desvalorização. Superados os primeiros momentos, os preços das commodities assinalaram elevação, dado que na ocasião da crise registraram queda ao mesmo tempo em que o dólar experimentava índices de alta. É importante ter presente que este comportamento não foi generalizado, aconteceu pontualmente em determinadas commodities.
O agronegócio continua a
sustentar as exportações paranaenses, respondendo no período
janeiro-agosto/2007 por 63% do total exportado, participação superior à
observada em igual período de 2006 (61%). Uma grande parte das dos
complexos agroindustriais apontou crescimento em razão de preços
médios mais elevados e aumento de volume comercializado. Os
complexos soja e carne apresentaram aumentos de preços, em média, entre
17 a 46%.
EXPORTADORA | Janeiro – AGOSTO/2007 | Janeiro – AGOSTO/2006 | Variação (%) 2007/2006 | ||||
US$FOB mil | Ranking | Partic (%) | US$FOB mil | Ranking | Partic (%) | ||
SÃO
PAULO | 9.707 | 1 | 25,6 | 8.471 | 1 | 26,6 | 14,6 |
RIO
GRANDE SUL | 5.729 | 2 | 15,1 | 4.617 | 2 | 14,3 | 24,0 |
PARANÁ | 5.074 | 3 | 13,4 | 4.005 | 3 | 12,6 | 26,7 |
MATO
GROSSO | 3.193 | 4 | 8,4 | 2.926 | 4 | 9,2 | 9,1 |
MINAS
GERAIS | 3.172 | 5 | 8,4 | 2.714 | 5 | 8,5 | 16,9 |
STA.
CATARINA | 2.982 | 6 | 7,9 | 2.382 | 6 | 7,5 | 25,2 |
GOIÁS | 1.543 | 7 | 4,0 | 1.339 | 7 | 4,2 | 15,2 |
BAHIA | 1.343 | 8 | 3,5 | 1.054 | 8 | 3,3 | 27,4 |
PARA | 958 | 9 | 2,5 | 671 | 10 | 2,1 | 42,7 |
ESPIRITO
STO. | 929 | 10 | 2,4 | 753 | 9 | 2,4 | 23,2 |
M.
GROSSO SUL | 806 | 11 | 2,1 | 562 | 11 | 1,8 | 43,4 |
Outros | 2.461 | ... | 6,5 | 2.276 |
... | 7,2 | ... |
Total | 37.897 | 100,0 | 31.770 | 100,0 | 19,3 |
Alguns
setores que anteriormente não figuravam com maior destaque na pauta das
exportações vêm conseguindo subir algumas posições, caso das
exportações de demais produtos de origem
vegetal, demais produtos de origem animal, produtos
alimentícios diversos, produtos hortícolas, leguminosas,
raízes e tubérculo, sucos de frutas, fumo e seus
produtos e lácteos, os quais embora não tenham participação
expressiva, vêm apontando crescimentos surpreendentes.
Com relação ao dólar, a crise de agosto de 2007, no mercado imobiliário dos Estados Unidos, com efeitos multiplicadores nas bolsas mundiais, provocou uma saída de capital do mercado financeiro brasileiro e o dólar passou por momentos de oscilações de alta para logo após os primeiros efeitos da crise voltar a patamares de setembro de 2000.
O complexo soja (grão, farelo, óleo bruto e refinado), no acumulado janeiro-agosto/07 registrou uma receita de US$ 1,84 bilhão, indicando um aumento de 34% relativamente a igual período de 2006 ( US$ 1,38 bilhão). As exportações de soja em grão somaram US$ 760 milhões contra US$ 526 milhões em 2006, assinalando uma evolução de 45%. Os preços médios de exportação do grão praticados no período em análise foram superiores em 18%, passando de US$ 227,43/tonelada para US$ 268,23/tonelada. O cenário de preços elevados iniciou em outubro de 2006, quando da divulgação pelo governo George Bush da intenção de priorizar a cultura do milho e diminuir a área plantada com soja, o que efetivamente ocorreu, dando suporte aos preços até o momento; as cotações atuais no mercado futuro são 72% superiores ao preço médio histórico de US$ 13,23/saca. Através do Porto de Paranaguá foi escoado um volume de 2,83 milhões de toneladas de soja em grão, 22% superior em relação ao acumulado janeiro-agosto de 2006 (2,31 milhões de toneladas).
As exportações de farelo de soja geraram receita de US$ 607milhões, cerca de 15% superiores às exportações em igual período de 2006 (US$ 525 milhões).
O grupo carnes (aves, bovina, suína e outras) registrou aumento de 46%, alavancado pelas vendas externas de carnes de frango, peru e suína. A receita obtida com as exportações do complexo, no período em questão, foi de US$ 966 milhões, o que já representa 89% das exportações totais do complexo de 2006, o que revela o bom desempenho das exportações dos sub-setores mencionados.
As carnes de frango experimentaram evolução via aumento do preço médio e volume comercializado. As divisas obtidas foram de US$ 742 milhões contra US$ 541 milhões (janeiro-agosto/06), evidenciando um crescimento de 37%. Já o volume comercializado cresceu 15%, ou seja, passou de 481 mil toneladas para 554 mil toneladas no período analisado.
As exportações de carne de peru apresentam um ótimo desempenho, com um crescimento na receita de 95%, de US$ 60 milhões para US$ 117 milhões.
No caso da carne suína as exportações finalmente mostram tendência de recuperação, com um aumento de receita de 46%, de US$ 29 milhões para US$ 43 milhões. O volume comercializado cresceu 28%, passou de 20,1 mil toneladas para 25,7 mil toneladas.
As
vendas externas de carne bovina refletem ainda as
conseqüências do ocorrido em outubro de 2005 (caso da febre aftosa),
com queda no período em análise de 4% na geração de divisas, as quais
somaram US$ 12,6 milhões contra US$ 13,1 milhões.
Os produtos florestais
totalizaram US$ 966 milhões, praticamente o mesmo nível registrado em
igual período de 2006. O setor de madeira e suas obras gerou
receita de US$ 736 milhões. O sub-setor de papel e celulose teve
aumento de 21%, passando de US$ 188 milhões para US$ 229
milhões.
As exportações paranaenses de açúcar no acumulado janeiro-agosto/07 totalizaram 896 mil toneladas, equivalente a um acréscimo de 26,7% sobre igual período de 2006. A receita obtida foi de US$ 241 milhões apontando um aumento de 23% na comercialização externa de açúcar relativamente ao mesmo período de 2006 (US$ 195 milhões). O preço médio de exportação foi de US$ 269,79/tonelada. O quadro de tendência baixista para os preços internacionais do açúcar anterior à crise internacional de 16 de agosto, foi interrompido ou adiado. A produção recorde da Índia em 2007, prevista em 28 milhões de toneladas, cerca de 30% superior à safra passada mais as medidas adotadas pelo governo indiano de suspender os controles sobre as exportações de açúcar, concederam às usinas do país liberdade para exportar o volume que quiserem e tal fato refletiu negativamente nas cotações da commodity.
Segundo especialistas de Safras & Mercado, os ajustes de carteiras e as liquidações de contratos no pós-crise foram pautados em compra por parte dos vendidos, o que permitiu um novo equilíbrio de preço para o açúcar em um patamar acima do anterior.
Existe uma corrente com uma outra leitura, ou seja, entende que os preços em 2006 foram excepcionais, e nesse ano (2007), tendem voltar aos níveis normais. A volatilidade de preços, segundo os analistas, pode ser considerada normal, observando o histórico de evolução dos preços nos últimos quatro anos.
Ao longo de
janeiro-agosto/2007
as exportações de álcool pelo Porto de Paranaguá totalizaram 248 mil
toneladas, configurando um acréscimo de 27% sobre mesmo período de 2006
(195 mil toneladas). A receita obtida com as vendas externas
foi de US$ 127 milhões, ou seja, cerca de 92% maior relativamente a
igual período de 2006 (US$ 66 milhões). O preço médio de exportação
caiu de US$ 0,57/litro para US$ 0,51/litro, isto é, uma queda no
entorno de 10,5%.
-
Cereais, Farinhas e Preparações: As exportações de milho em grão foram
beneficiadas pelos preços de exportação que na média ficaram em US$
157,15/tonelada, um aumento de 42% relativamente ao preço médio de
igual período de 2006 (US$110,58/t). O preço do cereal no mercado
internacional foi alavancado pela demanda da agroenergia,
isto é, demanda adicional de milho para produção de etanol. A receita
obtida foi de US$ 368 milhões; o volume comercializado no acumulado
janeiro-agosto/07 foi de 2,5 milhões de toneladas, representando 89% do
total exportado durante todo o ano de 2006. As exportações de
subprodutos do milho (farinha de milho, amido e demais subprodutos)
somaram US$ 28,1 milhões.
-
Café: As exportações de café (grão e solúvel) totalizaram receita US$
181 milhões, um aumento de 9% em relação ao mesmo período de
2006 (US$ 166 milhões). As vendas de café solúvel somaram US$
118 milhões e de extratos, essências e concentrados foram US$
12 milhões. As exportações de café verde e café torrado foram de US$ 50
milhões.
- Couros,
Produtos de Couro e Pele: O desempenho positivo do
setor contribuiu para
o crescimento de 47%, passando de US$ 68 milhões para US$ 100
milhões.
-
Sucos de Frutas: As exportações de sucos de frutas assinalam
um aumento de 93%, passando de US$ 7,67 milhões para US$ 14,78
milhões. O suco de laranja é o principal produto, com receita
de US$ 14,76 contra US$ 7,64 no acumulado
janeiro-agosto/2007.
- Produtos
Hortícolas, Leguminosas: A comercialização externa de produtos
hortícolas registrou um crescimento de 261%, relativamente ao mesmo
período de 2006, passando de US$ 5,5 milhões para US$ 20,0
milhões.
- Lácteos: As
exportações de lácteos voltaram a registrar evolução, com aumento de
60% na arrecadação de divisas: de US$ 5,0 milhões (janeiro-agosto/2006)
para US$ 8,0 milhões (janeiro-agosto).
2007 | 2006 | |
SEGMENTO | PARTICIPAÇÃO
(%) | PARTICIPAÇÃO
(%) |
COMPLEXO
SOJA | 23,1 | 21,1 |
PRODUTOS
FLORESTAIS | 12,0 | 14,9 |
COMPLEXO
CARNES | 12,0 | 10,1 |
COMPLEXO
SUCRO-ALCOOLEIRO | 4,6 | 4,0 |
CAFÉ | 2,3 | 2,5 |
CEREAIS,
FARINHAS E REPARAÇÔES | 5,4 | 4,6 |
COUROS,
PRODUTOS DE COURO E PELE | 1,3 | 1,0 |
SUCOS DE
FRUTAS | 0,2 | 0,1 |
OUTROS | 2,7 | 2,9 |
AGRONEGÓCIO | 63,6 | 61,2 |
OUTROS
SETORES | 36,4 | 38,8 |
TOTAL | 100,0 | 100,0 |
Gilda Bozza Borges
Economista - DTE/ FAEP