Um grupo de cerca de mil sem-terras acampou na semana passada em frente à sede do Incra em Curitiba. Num único dia, terça-feira 26, eles marcharam duas vezes pelas ruas do centro da cidade, provocando congestionamentos e irritando motoristas. Primeiro, vieram caminhando do Parque Barigüi até a sede do Incra, na rua Dr. Faivre. Em seguida, saíram do Incra e voltaram ao centro da cidade, para um protesto em frente ao prédio do Ministério da Fazenda, na avenida Marechal Deodoro.
FÁBRICA DE SEM-TERRAS. No mesmo dia, o ex-presidente do Incra e atual secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo, Xico Graziano, estava em Curitiba para uma palestra sobre Ética e Produção de Alimentos, no auditório da Ocepar, a convite da Associação de Engenheiros Agrônomos do Paraná. Comentando sobre o MST, Graziano disse que o movimento perdeu o apoio da sociedade quando adotou táticas violentas, de invasão de terras. O movimento hoje é uma fábrica de sem terras, arregimenta desempregados, pessoas que estão vivendo mal na periferia das cidades, e os transforma em invasores de terra. Isso não tem nada a ver com o antigo sonho da reforma agrária, uma reforma agrária planejada, selecionando pessoas, filhos de agricultores para ter direito de receber também seu pedaço de terra. Hoje o MST se transformou em um projeto politizado e infelizmente muito violento, concluiu Graziano.