Em apenas um dia da semana passada, o preço da soja em grão teve alta de 7% na Bolsa de Chicago. Encerrou o pregão da terça-feira (18/09) em US$ 21,37/saca de 60 kg.
O relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado na semana anterior, exerceu um papel preponderante na alta das cotações, quando apontou uma redução de 6,25% na oferta e elevação de quase 5% na demanda. Sem falar no nível de estoque, considerado bastante baixo.
Outros fatores
também contribuíram para a elevação dos preços no mercado interno, tais
como: o aumento do consumo de óleo de soja nos Estados Unidos
(incluindo demanda para produção de biodiesel); a crescente demanda
pela soja brasileira e a recuperação dos prêmios de exportação.
Na praça de Cascavel o preço do grão (FOB) chegou a R$
38,50/saca. Em Maringá atingiu R$ 39,00/saca, preço FOB. No Porto
de Paranaguá, preços de até R$ 42,50/saca de 60 kg, tendo com pano de
fundo a escassez da oferta do grão, que dá suporte aos preços.
Data | US$/saca | Variação (%) 10 de setembro=100 |
10 de setembro 11 de setembro 12 de setembro 13 de setembro 14 de setembro 17 de setembro 18 de setembro | 19,92 19,95 20,39 20,46 20,75 21,35 21,37 | 100 0,1 2,3 3,7 4,2 7,2 7,4 |
Fonte: CBOT - 10 a 18 de setembro/2007
Há um rumor quanto aos prováveis prejuízos à produtividade das lavouras no norte dos Estados Unidos, atingidas recentemente por geadas. A leitura do mercado é de que com a ocorrência das geadas e a possível redução na produtividade média, o quadro de oferta e demanda mundial poderá ser ainda mais ajustado.
Ademais, a falta de chuvas no Brasil é fator de alta em Chicago, haja vista que pode atrasar o plantio.
É importante ter presente que o ciclo de crescimento mundial e uso de matéria-prima para álcool e biodiesel alavancam os preços das commodities, lembrando que o último ciclo de crescimento mundial de longo prazo foi no período 1970 a 1974, ciclo este interrompido pela crise do petróleo observada em 1975.
Vale lembrar ainda que a agricultura brasileira vive de ciclos e agora é a vez do ciclo da bionergia. É claro que este ciclo não acontece isoladamente. Existe uma expansão liderada de um lado pelo crescimento da economia mundial e, de outro, pelo crescimento do consumo e em menor proporção pelo investimento.
Os preços no mercado internacional do trigo em grão alcançaram níveis recordes e conduziram a um embate no mercado doméstico entre produtores de trigo e moinhos no Paraná.
O preço do trigo no mercado doméstico é o maior desde 1992 e os produtores que passaram por uma crise cumulativa durante 4 safras, procuram obter um preço melhor, com o objetivo de manter um preço médio rentável.
Por outro lado, os moinhos adotaram a estratégia de suspender as compras visando provocar uma redução nos preços.
Os negócios realizados são poucos, não obstante a necessidade de suprir a demanda interna e considerando que não há disponibilidade de trigo na Argentina, nosso principal fornecedor.
De acordo com especialistas, se o clima ajudar, a colheita seguirá normalmente. A tendência é de que as cotações do mercado interno sejam pressionadas pela sazonalidade de oferta e assim se descolem dos preços de Chicago.
Data | US$/saca |
10 de setembro 11 de setembro 12 de setembro 13 de setembro 14 de setembro 17 de setembro 18 de setembro | 18,92 19,20 18,52 18,20 18,48 19,29 19,16 |
Fonte: CBOT - 10 a 18 de setembro/2007
A área mundial de trigo, conforme dados divulgados, diminuiu 12 milhões de hectares nos últimos dez anos. Mais recentemente, em conseqüência de problemas climáticos nos Estados Unidos, Austrália, União Européia e Argentina, o cenário do trigo é apertado no tocante à oferta e demanda do cereal. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê para 2007/08 estoques finais apertados, em níveis bastante baixos.
Gilda Bozza
Economista- DTE / FAEP