A CNA lançou uma campanha nacional de modernização da
ovinocaprinocultura (04/09) que leva em conta, como modelo, o esforço
paranaense para a melhoria constante do padrão genético dos animais, a
qualificação dos produtores, a organização para a comercialização e o
encurtamento do caminho ao consumidor.
O presidente da Comissão de Caprinocultores do Paraná (Capripar), do Sindicato Rural de Francisco Beltrão e da Comissão Técnica de Caprinos e Ovinocultura da FAEP, Aryzone Mendes de Araújo, apresentou o trabalho paranaense em Brasília durante reunião da Comissão Nacional de Caprinocultura em que foi lançada a campanha.
Apesar da manutenção de processos produtivos tradicionais e da falta de organização da cadeia produtiva, nos últimos três anos, a ovinocaprinocultura brasileira tem apresentado crescimento e se mantido como importante fonte de renda e alimentação em algumas regiões. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, desde 2002, o rebanho de ovinos aumentou em cerca de dois milhões de cabeças e o número de caprinos cresceu em aproximadamente um milhão de animais. Orientada pela importância sócio-econômica desta atividade, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reinstalou em junho a Comissão Nacional de Ovinocaprinocultura.
O presidente da Comissão da CNA, Edílson Maia, explica que apesar de iniciativas pontuais em busca de novas tecnologias, como o melhoramento genético, a criação de ovinos e caprinos ainda apresenta processos primitivos de produção. “Embora haja gargalos produtivos, observamos oportunidades de mercado ligadas ao estímulo à demanda tradicional e a um novo perfil de consumo, mais sofisticado, baseado em cortes de maior valor agregado”, argumenta o representante dos criadores. Maia chama atenção ainda para levantamento da CNA que revela o crescimento do ritmo das importações de carne de ovinos. Em 2004, foram importados cerca de 3,1 milhões de toneladas, já em 2006, esse montante saltou para 7,2 milhões de toneladas.
O banco de dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês), em 2006, revela uma oportunidade de estimular o consumo de carnes de ovinos e caprinos. O Brasil consumiu 83,8 milhões de toneladas de carne de ovinos. Estima-se que o consumo per capita brasileiro seja de apenas 0,5 kg/ano. Na Nova Zelândia, cada pessoa chega a consumir 33kg/ano, na Austrália são registrados 15kg/ano e no vizinho Uruguai cerca de 7,5kg/ano. O consumo per capita de carne de caprinos tem registrado 0,2kg/ano, índice considerado baixo em relação a países asiáticos, como a China. “As importações crescentes e a reduzida taxa de consumo mostram que a cadeia tem muito a crescer em médio prazo. Nosso objetivo é propor a criação de um conjunto de políticas e de incentivos em geral, que estimulem o empresário a investir e explorar o potencial da ovinocaprinocultura”, afirma o presidente da Comissão da CNA.
Para que o potencial da atividade seja aproveitado, Edílson Maia explica que é preciso investir com urgência na organização e modernização de toda a cadeia produtiva. “A atividade precisa ultrapassar gargalos para se modernizar, entre eles estão a homogeneização da tecnologia, a incorporação de novas formas de organização da produção, a melhoria da articulação entre os atores em novas formas de cooperação econômica e tecnológica”, diz. Pautada na superação desses desafios, a Comissão Nacional de Ovinocaprinocultura definiu ações estratégicas como a realização de um diagnóstico aprofundado sobre a cadeia produtiva; o estímulo à implantação de programas de melhoramento genético e de sanidade; melhoria no manejo dos rebanhos; organização da produção de carnes e lácteos; além da criação de convênios com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para realizar estudos sobre o setor e desenvolver programas de capacitação.