Alguns avanços, ainda que tímidos, foram obtidos no novo Plano Safra. Nesta matéria, mostramos algumas vantagens, condições de acesso e a economia no custo financeiro que os produtores terão, em relação à safra passada, no que diz respeito a crédito rural. Os artigos foram divididos conforme o tamanho dos produtores. Por isso, estão classificados em:
1. Crédito para médios produtores
2. Crédito para grandes e médios produtores (não enquadrados no PROGER)
3. Crédito para pequenos agricultores do Grupo “D” e “ “E” do Pronaf
Na linha de financiamento destinado ao médio produtor rural, as mudanças no Programa de Geração de Emprego e Renda Rural (Proger Rural) irão beneficiar um número maior de produtores. Especialmente pela maior facilidade de acessar o programa, já que tem custo financeiro (6,25%) mais barato que o empresarial (6,75%). Os limites de custeio e investimento do PROGER são de R$ 100 mil para cada linha.
Quais as regras de enquadramento no Proger?
Para ser contemplado, o produtor deve atender todos os requisitos abaixo:
a) ser proprietário, posseiro, arrendatário ou parceiro;
b) não deter, a qualquer título, inclusive sob a forma de arrendamento, área de terra superior a 15 (quinze) módulos fiscais
c) ter, no mínimo, 80% de sua renda originária da atividade agropecuária ou extrativa vegetal;
d) possuir renda bruta anual de até R$ 220.000,00, por participante envolvido no empreendimento, com aplicação do rebate de 50% na renda proveniente das atividades de avicultura não integrada, pecuária leiteira, piscicultura, olericultura, sericicultura e suinocultura não integradas.
Qual a redução de custo financeiro no Proger?
Numa simulação de financiamento de R$ 100 mil para nove meses (crédito em setembro e pagamento em junho), comparando a taxa de juros cobrada no custeio empresarial, na safra anterior, com a do Proger Rural na safra 2007/2008. O produtor que, no ano passado, fez o custeio empresarial, mas que agora é enquadrado no Proger Rural, terá uma economia de R$ 1.872,00 no pagamento de juros.
Linha |
Custeio comercial Safra 2006/07 |
Proger Rural Safra 2007/2008 |
---|---|---|
Taxa de juros ao ano | 8,75% | 6,25% |
Valor (R$) | 100.000,00 | 100.000,00 |
Período | 9 meses | 9 meses |
Custo com juros(R$) | 6.560,00 | 4.688,00 |
Economia com a redução de juros (R$) | - | 1.872,00 |
Redução do custo em relação a safra 2006/07 | - | 28,53% |
Programa |
Investimento (1) Ano Safra 2006/07 |
Investimento (2) PROGER Ano Safra 2007/08 |
---|---|---|
Taxa de Juros | 8,75% | 6,25% |
1ª parcela | R$ 29.109,58 |
26.432,18 |
2ª parcela | 27.287,67 | 25.145,75 |
3ª parcela | 25.465,75 | 23.859,31 |
4ª parcela | 23.643,83 | 22.572,87 |
5ª parcela | 21.821,92 | 21.286,44 |
Total | 127.328,75 | 119.296,54 |
Economia | Investimento (1) – (2) | R$ 8.032,21 |
Elaboração: DTE/FAEP
Qual a economia com a redução na taxa de juros empresarial?
Na safra passada, os produtores financiaram a safra com juros controlados em 8,75% ao ano. Com a redução da taxa de juros para 6,75% na safra 2007/08, a economia no custo financeiro será de 22,82%. Para compreender melhor esse benefício, observe a tabela abaixo. Ela demonstra que, num financiamento de R$ 100 mil para nove meses, a redução dos juros representará mais R$ 1.497,00 no bolso do produtor.
Linha |
Custeio comercial Safra 2006/07 |
Custeio Comercial Safra 2007/2008 |
---|---|---|
Taxa de juros ao ano | 8,75% | 6,25% |
Valor (R$) | 100.000,00 | 100.000,00 |
Período | 9 meses | 9 meses |
Custo com juros(R$) | 6.560,00 | 5.063,00 |
Economia com a redução de juros (R$) | - | 1.497,00 |
Redução do custo em relação a safra 2006/07 | - | 22,82% |
Programa | INVESTIMENTO | EMPRESARIAL | Ano Safra 2006/07 | Ano Safra 2007/08 |
---|---|---|
Taxa de Juros | 8,75% | 6,75% |
1ª parcela | 29.109,58 | 26.962,79 |
2ª parcela | 27.287,67 | 25.570,23 |
3ª parcela | 25.465,75 | 24.177,68 |
4ª parcela | 23.643,83 | 22.785,12 |
5ª parcela | 21.821,92 | 21.392,56 |
Total | 127.328,75 | 120.888,38 |
Economia |
|
R$ 6.440,37 |
Elaboração: DTE/FAEP
Como funciona a regra de aumento no teto do limite de crédito do custeio?
Para os grandes e médios produtores, que não se encaixam nas regras do Proger Rural, a safra 2007/2008 também reserva novidades em relação ao aumento do limite de crédito e à redução da taxa de juros. Existe a possibilidade do produtor obter até 30% de aumento no teto do limite com juros controlados. Na tabela abaixo, observamos o valor dos limites por grupo/culturas/atividades e o valor máximo para aumento até 15% e 30%.
Cultura | Limite de crédito normal 2007/08 | Aumento de 15% | Aumento de 30% |
---|---|---|---|
Algodão |
500 |
575 |
650 |
Lavouras irrigadas de arroz, feijão, Mandioca, sorgo ou trigo |
450 |
517,5 |
585 |
Milho |
450 |
517,5 |
585 |
Soja |
300 |
345 |
390 |
Amendoim, arroz, feijão, frutíferas, Mandioca, sorgo ou trigo |
300 |
345 |
390 |
Café ou cana-de-açúcar |
200 |
230 |
260 |
Pecuária bovina e bubalina, leiteira ou de corte |
150 |
172,5 |
195 |
Avicultura e suinocultura exploradas em sistemas que não o de parceria |
150 |
172,5 |
195 |
Investimentos, demais custeios ou Comercialização |
100 |
115 |
130 |
Como acessar os aumentos de limite de crédito?
Para ter acesso ao aumento de limite de crédito do custeio com juros controlados (6,75%), o produtor deve atender alguns pré-requisitos. Para obter até 15% de aumento no teto de limite de crédito, deverá comprovar uma das condições citadas a seguir e para acessar a elevação de até 30%, tem que atender simultaneamente, duas ou mais das situações previstas a seguir:
1. Comprovar a existência física das Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente previstas na legislação ou apresente plano de recuperação com anuência da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou do Ministério Público Estadual;
2. Custeio pecuário a produtor que adote o sistema de identificação de origem (rastreabilidade) de acordo com a Instrução Normativa 1, de 9/1/2002, (SISBOV) do Ministério da Agricultura;
3. Produtor que tome crédito conjugado com a contratação de seguro agrícola ou com mecanismo de proteção de preço baseado em contratos futuros ou de opções agropecuários;
4. Os produtores rurais que comprove a aquisição de sementes das categorias genética, básica, certificada de primeira geração, certificada de segunda geração, semente S1 ou semente S2, produzidas de acordo com a lei ou que participem do Sistema Agropecuário de Produção Integrada (Sapi) e possuam certificação da sua produção concedida pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro).
Qual a economia possível com o aumento de limite ?
O produtor já possui alternativas no próprio crédito rural para minimizar o uso de taxas livres. Fará uma boa economia no custo financeiro o produtor que atenda simultaneamente, duas ou mais das situações informadas anteriormente, como por exemplo: a) tomar crédito conjugado com a contratação de seguro agrícola e; b) comprovar a aquisição de sementes das categorias genética, básica, certificada de primeira geração, certificada de segunda geração.
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Financiamento (1) utilizando parte de juros controlados e parte juros livres | Financiamento (2) com acesso a 30% de aumento no limite | |
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Soja |
Custeio comercial de 6,75% ao ano | Juros livres de 18% ao ano | Utilizado somente com juros de 6,75% |
Valor do custeio | R$ 300 mil | R$ 90 mil | R$ 390 mil |
Pagamento de juros para 9 meses | R$ 15.187,00 | 12.150,00 | R$ 19.743,00 |
Total | R$ 27.337,00 | R$ 19.743,00 | |
Economia | Financiamento (1) – (2) = R$ 7.594,00 |
No momento, os preços internacionais são favoráveis, mas são voláteis. No caso da soja, são 42% superiores à média histórica dos últimos dez anos. Na Bolsa de Chicago, os contratos para setembro são cotados a US$ 19,00/saca e, para os contratos de março/08 (entrada da safra brasileira), são de US$ 19,87/saca (+50%).
Pelo último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o preço do milho no mercado futuro (Bolsa de Chicago) apresentou queda de US$ 0,85/saca. Caiu de US$ 8,61/saca e para US$ 7,76/saca.
Em relação ao trigo, o relatório também aponta indicações de redução dos estoques finais mundiais e norte-americanos. As informações refletiram imediatamente na Bolsa de Chicago, onde os contratos para setembro/07 ficaram cotados em US$ 14,83/saca.
De quanto foi a redução na taxa de juros do Pronaf ?
Os Pronafianos do grupo D e E foram contemplados com redução nas taxas de juros que variam de 24% a 33%. No grupo E, o produtor que financia R$ 28 mil no custeio para pagamento em nove meses (setembro a junho), fará uma economia de R$ 367,00 no pagamento de juros em relação a safra passada.
Grupo/modalidade | Juros safra 2006/07 | Juros safra 2007/08 | Índice de redução |
---|---|---|---|
Grupo D custeio< | 4% | 3% | 25% |
Grupo D investimento | 3% | 2% | 33% |
Grupo E custeio e investimento | 7,25% | 5,5% | 24% |
Houve aumento dos limites de financiamento?
Os aumentos dos tetos de limites de financiamento de custeio foram os seguintes:
- Grupo D – de R$ 8.000,00 para R$ 10.000,00
- Grupo E, o teto permanece em R$ 28.000,00
Quais as regras para enquadramento nos Grupos por limites de renda?
A renda bruta anual familiar de enquadramento no Pronaf teve mudanças:
GRUPO | SAFRA 2006/2007 | SAFRA 2007/2008 |
---|---|---|
D | R$ 45.000,00 | R$ 50.000,00 |
E | R$ 80.000,00 | R$ 110.000,00 |
Fonte: MDA - Elaboração: DTE/FAEP
O que é a Linha Pronaf ECO?
As famílias agricultoras dos Grupos D ou E do Pronaf poderão contar com recursos para investimentos destinados à implantação ou recuperação de tecnologias de energia renovável e a substituição da tecnologia de combustível fóssil (petróleo) para renovável (álcool, biodiesel) nos equipamentos e máquinas agrícolas. Os agricultores poderão financiar o cultivo de cana-de-açúcar para a produção de etanol. Além disso, as famílias do Grupo E do Pronaf passarão a acessar a linha Pronaf Agroecologia.
Qual a faixa etária do Pronaf Jovem?
No Pronaf, quem possui idade entre 16 e 29 anos poderá acessar os financiamentos. Até a safra passada, a idade limite era 25 anos.
Quais as datas de contratação do Pronaf?
Custeio: a concentração dos contratos do Pronaf ocorre entre agosto e final de setembro de 2007.
Investimento: projetos novos a partir de 1. de outubro de 2007.
Como acessar o Pronaf?
O primeiro passo para acessar o financiamento do Pronaf é fazer a Declaração de Aptidão do Pronaf (DAP). Esta declaração contém informações sobre a propriedade e a família, sendo assinada pelo produtor e pelo representante do Sindicato Rural e deverá ser encaminhada para o agente financeiro.
Quanto as garantias – consulte o banco, pois há casos em que não são exigidas garantias reais, apenas garantia pessoal do produtor (a).
1. Nos casos de custeios agrícolas é obrigatório a adesão ao Proagro Mais: para o Grupo E, pode-se optar entre o Proagro e o Proagro Mais
2. Os limites de crédito de custeio podem ser elevados em 30% quando destinados as lavouras de arroz, feijão, mandioca, milho e trigo.
3. Os limites podem ser ampliados em 50% para projetos de bovinocultura de corte ou de leite, buballnocultura, carcinicultura, piscicultura, fruticultura, olericultura, ovinocaprinocultura, avicultura e suinocultura desenvolvidos fora do regime de parcela ou integração com agroindústrias; sistemas agroecológicos ou orgânicos de produção
4. Idem ao item 3. Incluindo projetos de infra-estruturas hídrica e atividades relacionadas ao turismo rural, além da aquisição de maquinário.