O endividamento dos cafeicultores e a crise de rentabilidade do café foram os principais assuntos debatidos na reunião da Comissão Técnica de Cafeicultura da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), realizada no dia 2 de agosto no Sindicato Rural de Londrina.
O presidente da Comissão Técnica de Cafeicultura da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Breno Mesquita, e o recém-empossado assessor do grupo de café da Secretaria de Agroenergia do Ministério da Agricultura (Mapa), Thiago Masson, proferiram palestra seguida de debate com os mais de 40 cafeicultores presentes.
Na pauta de discussões, foram debatidos temas como a conjuntura, o mercado de café e os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). A Comissão analisou a recente implementação do programa Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (PEPRO).
Mesquita explicou que a CNA está pleiteando um aumento do limite de crédito para o custeio e colheita de R$ 1.440,00 para R$ 3 mil por hectare e de R$ 200 mil para R$ 3000 mil por mutuário. Outra proposta é alterar o prazo de reembolso das operações de estocagem. Atualmente, é 30 de março. A CNA quer estender o prazo para 30 de maio de 2008. Um dos principais pedidos do setor refere-se à taxa de juros. A CNA solicitou redução dos atuais 9,5% para 7,5%.
A Comissão mostrou-se favorável pelo uso do café como moeda para pagamento das dívidas. Contanto que sejam considerados os custos de produção na formação de preços. Outro ponto debatido foi o reforço no pedido para a implementação de um seguro de renda agrícola. “Não adianta alongar, em dez anos, a dívida se não tem renda para pagar”, concluiu Mesquita.
Os dados levantados pela CNA mostram a crescente elevação dos custos de produção, alavancada pela alta dos insumos. Uma alta de 130% entre 1996 e 2006. Como também, da mão-de-obra. Uma alta de 125% no mesmo período. Em contrapartida, o produtor viu o café valorizar apenas 69% nesse período.
Mesquita ainda ressaltou que, apesar do Brasil ser o primeiro em produção de café no mundo, o segundo no consumo do produto e ter, no segmento cafeeiro, um dos maiores geradores de empregos na área rural, o País não tem política para o setor.