Paraná não aprendeu com
devastação da Fazenda Araupel

O caso Araupel não serviu de lição para evitar a conivência das autoridades no Paraná com a devastação de florestas de Araucária por sem-terras e assentados. Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo (05/08/07), o biólogo e consultor ambiental Fábio Olmos ecoou um alerta feito há três anos pela FAEP, que denunciou a destruição de mais de 10 mil hectares de mata nativa da Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, no Sudoeste do estado.

Olmos, que tem doutorado em Ciências Biológicas, observa que no último inventário de remanescentes da Mata Atlântica feito pelo SOS Mata Atlântica, o Paraná apareceu como estado que mais desmatou devido aos assentamentos da reforma agrária. E desses assentamentos, a área mais importante foi a Fazenda Araupel. “Isso infelizmente resultou na destruição do que era uma das maiores, mais maduras, mais bonitas e mais bem conservadas florestas com araucária que restava no planeta Terra”, diz o biólogo. Ele cita ainda outro exemplo paranaense de “vista grossa” com a destruição de florestas nativas por sem-terras e assentados. Trata-se do acampamento na área de proteção ambiental de Guaraqueçaba. A demanda é para o acampamento tornar-se um assentamento, o que levanta uma série de preocupações – diz Olmo. “Pelo histórico, vemos que os assentamentos têm causado destruição ambiental: desmatamento e exploração predatória de recursos naturais. Nesse acampamento de Guaraqueçaba existem registros por parte do próprio Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) de ocorrências desse tipo”, alerta.

A impunidade não é exclusiva de uma ou outra região paranaense. Bituruna, no sul do estado, foi o município brasileiro recordista na destruição da Mata Atlântica entre 2000 e 2005, e a própria Secretaria Estadual do Meio Ambiente atribuiu o problema a nove assentamentos rurais que “pressionam” a floresta.

Em relação às políticas de reforma agrária no País, Fábio Olmos critica ainda o uso de terras públicas da Amazônia, para onde foram 70% dos assentamentos nos últimos quatro anos. “Isso não é reforma agrária, é colonização”, diz. “Em muitos casos as áreas são de floresta nativa. O pessoal chega e tira a madeira que vale alguma coisa. O restante é queimado, destruído ou, conforme o lugar, transformado em carvão”. O biólogo denuncia que, segundo dados do próprio Ministério do Desenvolvimento Agrário, 90% dos assentamentos na Amazônia são ilegais por que não têm o licenciamento ambiental exigido por lei.

Boletim Informativo nº 969, semana de 13 a 19 de agosto de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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