As exportações do agronegócio do Paraná no primeiro semestre de 2007 alcançaram US$ 3,52 bilhões contra US$ 3,27 bilhões (2006), configurando um aumento de apenas 8%. O percentual é quase quatro vezes menor do que a expansão das exportações totais do Paraná no período, que cresceram 31%. O saldo positivo no agronegócio foi possível apesar dos obstáculos como a taxa cambial, redução do preço do açúcar (35%) e queda de preços nos complexos de carnes bovinas, produtos florestais e café. Tiveram bom desempenho o complexo soja (grão, farelo, óleo e lecitina) no montante de US$ 1,21 bilhão ( crescimento via preço) ; carnes que somaram US$ 676 milhões ( principalmente carne de aves), milho em grão (US$ 303 milhões) e complexo sucroalcooleiro que totalizou US$ 232 milhões). O Paraná recuperou a sua posição de terceiro estado maior exportador do agronegócio brasileiro, representando 12,% do total.
As exportações totais do Paraná, no primeiro semestre, alcançaram US$ 5,66 bilhões (11% do total nacional), com um superávit de US$ 2,04 bilhão. Comparativamente a igual período de 2006, a evolução das exportações foi de 31% (US$ 4,30 bilhões). Ocorre que as importações, em igual período, cresceram em ritmo mais acelerado (57%), passando de US$ 2,30 bilhões (2006) para US$ 3,62 bilhões (2007).
A participação do agronegócio estadual no total das exportações paranaenses registra maior participação relativa, no entorno de 62%, comprovando a tese que a agrondústria sustenta os superávits comerciais obtidos, não obstante a valorização do real. É importante ressaltar que os superávits sinalizam tendência decrescente a partir de 2006, e deverão passar a apresentar desaceleração, haja vista que o dólar cotado a menos de R$ 2,00/US$ reduz o superávit da balança comercial, favorece as importações as quais tendem a mostrar ritmo de crescimento maior que as vendas ao exterior, mediante as importações de matérias-primas e insumos, privilegiando o consumo de bens duráveis ou não, além de promover uma avalanche de ingresso de dólares no País.
As vendas externas foram de US$ 676 milhões contra US$ 538
milhões de igual período do ano anterior, isto é,
cerca de 25% superiores. As exportações de carne de
frango permanecem como “carro-chefe” do sistema
agroindustrial de carnes e equivalem 79% da receita do grupo das
carnes. Este desempenho positivo pode ser explicado pelo fato do
agregado carnes de frango vir se recuperando dos impactos causados pela
ameaça de gripe aviária em outros países nos anos
recentes. As divisas geradas foram de US$ 538 milhões contra US$
437 milhões relativamente à igual período de 2006
(aumento de 23%).
Por outro lado, as exportações de carne de peru registram
uma elevação de 63% em comparação ao mesmo
período de 2006 e passaram de uma receita de US$ 49
milhões para US$ 80 milhões. Em relação
às carnes bovinas, as mesmas ainda não lograram recuperar
o desempenho de anos anteriores, uma vez que o comércio de
carnes com o Paraná ainda não foi liberado pela
Organização Internacional de Epizootias (OIE). A
liberação de Área Livre de Febre Aftosa com
Vacinação, deverá ocorrer após
diagnóstico da Missão Científica da OIE (segundo
semestre de 2007), o qual deverá ser apreciado na reunião
da OIE somente em maio de 2008. As receitas decorrentes das
vendas externas de carne bovina totalizam US$ 9,5 milhões contra
US$ 11,8 milhões (2006), apontando uma queda de receita de 19%.
Na comparação com igual período de 2006, a carne
suína apresenta uma perfomance positiva com um aumento nas
vendas externa de 18%, passando de US$ 25,2 bilhões para US$
29,9 bilhões, resultado do binômio volume + preço
de exportação, com crescimento de 6% e 10%,
respectivamente.
O agregado de produtos florestais (madeira, papel e celulose) permanece como o segundo complexo maior exportador do agronegócio paranaense. De janeiro a junho de 2007 as receitas geradas foram de US$ 709 milhões, com queda de receita em relação a igual período do ano anterior (US$ 827 milhões). Já as vendas externas do subgrupo de papel e celulose totalizaram US$ 173 milhões contra US$ 159 milhões (1º semestre de 2006). Vale acrescentar que o agregado de produtos florestais registra perda de competividade em razão da taxa cambial e, conseqüentemente, redução de receitas de 14% no período janeiro/junho de 2007, em relação ao mesmo período de 2006.
O cenário global com preços favoráveis proporcionou ao complexo soja – grão, farelo, óleo, lecitina e margarina – uma recuperação na geração de divisas de US$ 1,21 bilhão, ou seja, um aumento de 8% relativamente a igual período de 2006 (US$ 1,12 milhões). Esse resultado tem suas raízes em dois aspectos fundamentais: primeiramente, a alta das commodities já a partir de novembro de 2006, quando da divulgação do Plano Bush para álcool e energias alternativas, o que convergiu os olhares do mercado para as commodities energéticas (etanol e biodiesel). E, em segundo, o aumento da demanda mundial por produtos básicos, face à procura chinesa, derivada do aquecimento de sua economia. O mês de agosto é de fundamental importância, uma vez que o fator clima requer maior acompanhamento e atenção, principalmente porque a cultura da soja se encontra em sua fase mais crítica para a definição da produção, “o estágio de enchimento de grãos”. Presentemente, os participantes da Bolsa de Chicago optam por adicionar prêmio de “risco climático” às cotações”. O prêmio de exportação no Porto de Paranaguá é de US$ 0,48/saca.
As vendas externas de milho em grão foram favorecidas já partir do terceiro trimestre de 2006, pela abertura de espaço no mercado internacional após a divulgação que os Estados Unidos deveria investir fortemente na produção de etanol a partir do milho e reduzir significativamente as exportações de milho, abrindo janelas de mercado para o Brasil e a Argentina. Assim, as vendas externas de milho brasileiro foram favorecidas pelo vazio deixado pelos Estados Unidos no mercado global. Por sua vez, o “efeito etanol”, além de alavancar as vendas do grão brasileiro e argentino, refletiu ainda no aumento de preços da soja e do trigo na Bolsa de Chicago. O preço médio de exportação do milho em grão de US$ 154,95/tonelada é 35% maior em relação ao preço médio de exportação em idêntico período de 2006 (US$ 115,09/tonelada). De janeiro a junho de 2007 foram exportadas 1,95 milhão de toneladas contra 1,59 milhão de toneladas (2006). A receita obtida no período analisado foi de US$ 303 milhões contra US$ 183 milhões (2006), evidenciando um crescimento de 65% relativamente a igual período de 2006.
No caso do complexo café e seus subprodutos, as receitas no 1º semestre de 2007 registram decréscimo nas vendas externas quando comparados com mesmo período de 2006, face aos obstáculos enfrentados. As vendas externas saíram de US$ 140 milhões para US$ 134 milhões. As vendas de café solúvel caíram de US$ 90 milhões para US$ 84 milhões. O café verde e não torrado gerou receitas de US$ 38 milhões contra US$ 41milhões em igual período de 2006. A receita obtida com as vendas externas de extratos, essências e concentrados de café foram de US$ 10 milhões, o único subitem a registrar melhor desempenho.
A expansão mundial do etanol abre para o Brasil uma chance de se tornar líder na questão energética global. Atualmente, o cultivo de cana-de-açúcar ocupa menos de 1% da terra agricultável no Brasil, logo há muito espaço para este tipo de cultura crescer. Ademais, de acordo com bibliografia cientifica disponível, tanto a produção de álcool de milho como o de celulose têm um custo de produção muito maior do que o custo de produção de cana-de-açúcar. De acordo com a economista Valéria Delgado Bastos, da gerência de estudos do Departamento de Química do BNDES, “o mundo vem investindo na alcoolquímica, quer seja pela perspectiva de esgotamento das reservas de petróleo ou por questões geopolíticas e ambientais, não para serem implantadas de imediato, mas como uma alternativa para essas economias que cresceram desde o pós-guerra apoiadas fortemente no petróleo, tanto para combustível e energia, como para produtos químicos”. O complexo sucroalcooleiro no acumulado janeiro a junho de 2007 gerou receitas de US$ 231 milhões contra US$ 190 milhões em igual período de 2006. O crescimento foi de 21%. As vendas externas de açúcar em bruto passaram de US$ 144 milhões para US$ 148 milhões. Já o volume exportado passou de 517 mil toneladas para 531 mil toneladas. O subsetor de álcool gerou divisas de US$ 83,1 milhões, um acréscimo de 91% relativamente ao mesmo período de 2006 (US$ 43,4 milhões).
De acordo com estudo publicado, o alto retorno e a possibilidade de entrar em uma atividade politicamente correta incentivou os investidores internacionais a direcionar recursos para a cultura de cana-de-açúcar. Como resultado, houve uma suspersafra que começou a ser colhida em abril. Consequentemente, a maior oferta do produto provocou queda nos preços.
Couros, produtos de couros e pele
O setor de couros gerou divisas de US$ 79 milhões, apontando uma evolução de 34% em relação ao mesmo período de 2006 (US$ 59 milhões).
Suco de Frutas
No panorama atual as vendas externas de suco de laranja registram um
desempenho positivo e surpreendente, com uma evolução de
104%, relativamente ao 1º semestre de 2006.
As receitas obtidas foram de US$ 7,45 milhões contra US$ 3,65 milhões (1º semestre de 2006).
Produtos Hortícolas, Leguminosas, Raízes e Tubérculos
As vendas externas de produtos hortícolas mostram uma receita de US$ 15,6 milhões, configurando um aumento de 258% em relação ao mesmo período de 2006 (US$ 4,35 milhões).
Lácteos
A quebra da safra da pecuária leiteira na Austrália aliada a outras variáveis (menor oferta global e condições climáticas adversas) derivou para o aumento da demanda e consequentemente, ao aumento de preço. Esses fatores combinados deram suporte aos preço do leite em pó no mercado internacional que chegou na casa de US$ 5.000,00/tonelada. As vendas externas de produtos lácteos alcançaram US$ 6,04 milhões, com uma evolução de 28% sobre igual período de 2006 (US$ 4,72 milhões).
PARANÁ -
AGRONEGÓCIO - EXPORTAÇÕES
PARTICIPAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES PARANAENSES
SEGMENTO
|
Participação % | |
---|---|---|
2007 |
2006 |
|
COMPLEXO SOJA |
21,0 |
19,0 |
PRODUTOS FLORESTAIS |
12,0 |
16,0 |
COMPLEXO CARNES |
12,0 |
11,0 |
COMPLEXO SUCRO-ALCOOLEIRO |
4,0 |
2,0 |
CAFÉ |
2,0 |
3,0 |
CEREAIS, FARINHAS E PREPARAÇÔES (INCLUSIVE MILHO) |
5,7 |
4,0 |
COUROS, PRODUTOS DE COURO E PELE |
1,4 |
1,2 |
SUCO DE FRUTA |
0,13 |
0,04 |
LÁCTEOS |
0,10 |
0,10 |
PRODUTOS HORTÍCOLAS |
0,27 |
0,07 |
OUTROS |
3,6 |
2,8 |
AGRONEGÓCIO
|
62,2 | 59,0 |
Outros setores | 37,8 | 40,8 |
Total | 100,0 | 100,0 |
Fonte: CGOE/DPIA/SRI/MAPA – MDIC / Elaboração DTE/FAEP
Gilda Bozza Borges Economista - DTE / FAEP