A produção agrícola brasileira vêm crescendo ano a ano, estimando um volume de 130 milhões de toneladas de grãos produzidos na safra atual. Este desempenho está diretamente relacionado com o nível tecnológico incorporado pelo produtor rural a cada safra, nos seus campos de cultivo.
Esta evolução pode ser melhor
evidenciada quando fazemos o comparativo da produção
obtida com a área de cultivo ao longo das safras. Usando como
exemplo a cultura da soja, a qual representa aproximadamente 44% do
volume produzido de grãos nacionalmente, verificamos que a
evolução da produção desta oleaginosa foi
de 597%, em 19 anos, enquanto o crescimento da área cultivada
ficou em apenas 265% no mesmo período, como fica caracterizado
no gráfico 01.
A razão pela ampliação
diferenciada entre as curvas de crescimento (gráfico 01),
é explicada pelo aumento do potencial produtivo dos novos
materiais genéticos desenvolvidos pela pesquisa no decorrer dos
anos, associado ao manejo mais tecnificado adotado pelo produtor rural.
Os resultados estão relacionados à
utilização de sementes de qualidade, com capacidade de
produção, pureza genética, alta qualidade
fisiológica e boa sanidade.
No entanto, existe uma preocupação
iminente quanto à redução na taxa de
utilização de semente comercial no Brasil, podendo
colocar em risco a estabilidade da produção em um prazo
de 3 a 5 anos. Os números apurados pela pesquisa são
alarmantes, como pode ser observado no gráfico 02, registrando
na safra 2005/06 os mais baixos índices: 70% para trigo, 50%
para soja e 40% para o algodão. As conseqüências
somente aparecerão nas safras seguintes, refletindo diretamente
na pesquisa, na indústria de sementes e no próprio
agricultor.
A razão para a redução na taxa
de utilização de sementes comerciais no Brasil tem sido
justificada pelo aumento no uso de sementes próprias e sementes
piratas. Tal comportamento é motivado pela busca de
redução de custos, principalmente em anos de crise e
preços baixos, além da escassez de sementes ou
cultivares, predominantemente, transgênicas. No entanto, a
economia desejada pode comprometer a produtividade final da lavoura,
induzida pela vulnerabilidade frente a novas pragas e doenças.
Outra conseqüência é a desestruturação
do parque sementeiro e da pesquisa, inviabilizando a sustentabilidade
necessária para a cadeia de produção, a fim de que
possa continuar oferecendo novas variedades com maior potencial
genético.
A possibilidade, prevista em lei, facultando ao
agricultor salvar parte de sua produção para uso
exclusivo na safra seguinte e de forma individual, deve ser realizada
de forma racional e obedecer a alguns critérios como: comprovar
origem da semente a ser multiplicada, comunicar de forma antecipada ao
Ministério da Agricultura sua pretensão e não
comercializar ou trocar estas sementes. Entretanto as sementes piratas
devem ser totalmente proibidas, uma vez que qualquer tipo de
informalidade no uso de sementes, além de incorrer em crime,
deteriora o sistema de pesquisa, reduzindo a oferta de novas
tecnologias.
A semente sempre teve papel fundamental como
precursora da atividade agrícola, sobretudo nos dia de hoje, com
a possibilidade de uso da biotecnologia. Assim, alertamos quanto ao uso
de sementes de qualidade, ação primordial para o sucesso
de produção no campo.