O mundo caminha para a
biotecnologia, diz Stephanes

Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes

“O mundo está caminhando para a biotecnologia. No mundo, quem está produzindo grandes quantidades de algodão é porque entrou com produtos geneticamente modificados. Com a cana-de-açúcar, o mesmo. Se o Brasil não adotar, outros países adotarão essa tecnologia com muita velocidade e vão sair na frente”. A declaração é do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo na semana passada (23/07/07). A posição se contrapõe à do governador paranaense, aliado do ministro e um dos responsáveis pela indicação dele para o cargo. O governador insiste em criar toda espécie de embaraços para o cultivo de transgênicos no Paraná e sua exportação por Paranaguá.

    Na entrevista, Stephanes disse que respeita o governador, mas mantém independência. “Eu sou ministro. As decisões que couberem a mim ser tomadas, eu vou tomar. Se tiver de tomar uma decisão que seja diferente do pensamento dele, eu terei de tomar. E vou tomar. Sem que isso, na minha visão, gere um conflito”, disse.

    O ministro enfatizou que trabalha com todo apoio do presidente da República, dos ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Fazenda, Guido Mantega, e que as perspectivas do Brasil hoje são melhores do que já foram no passado. “Até porque o mercado mundial está crescendo, há uma demanda maior de carnes, de grãos e passará a existir uma demanda bem maior de biocombustível. Entre os países que têm capacidade de dar a melhor resposta para isso, está o Brasil.

    A Índia está crescendo muito em termos de consumo, mas só consegue abastecer o seu mercado. A China aumenta o consumo, mas não terá condições nem de abastecer o seu próprio mercado. Será uma grande demandadora de grãos e de carne. Acontece o mesmo com os países árabes e asiáticos”. Em relação aos biocombustíveis, os Estados Unidos e a União Européia passarão a ser grandes demandadores, disse Stephanes, mas “sem quaisquer condições de abastecer os seus próprios mercados”. “Aí o Brasil entra com uma capacidade muito boa”, completa Stephanes.

    Dívidas. Sobre a reivindicação do setor produtivo, de redução dos juros para 4,5%, em linha com a queda da taxa Selic nos últimos anos, o ministro disse acreditar numa redução gradativa. “Até mesmo para nos colocarmos, não diria em posição idêntica, mas pelo menos um pouco melhor em relação a outros países do mundo. Praticamente em todos os países desenvolvidos a agricultura é altamente subsidiada. Nós pagamos juros reais. Nos países desenvolvidos, além de não pagar, o agricultores recebem ajuda, o que nos cria muitos problemas em termos de competição. Melhorar o juro para atividade agrícola é uma meta que iremos perseguir. Não obstante, essa queda que tivemos, depois de oito anos, foi boa.”  

Derrubada liminar do cadastro do glifosato

A desembargadora da 4a Câmara Cível do Tribunal de Justiça, Anny Mary Kuss, suspendeu a liminar que obrigava o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) a fazer o cadastro do produto à base de glifosato Roundup Ready pós-emergente. Havia uma medida cautelar favorável à empresa fabricante do produto, a Monsanto, concedida no mês passado pela a 1a Vara da Fazenda Pública de Curitiba. A empresa vai recorrer da decisão.

Em seu despacho, a desembargadora fala “em desconhecimento do perfil toxicológico ambiental do produto técnico em questão”, apesar de o Roundup pós-emergente encontrar-se devidamente registrado no Ministério da Agricultura.

Boletim Informativo nº 967, semana de 30 de julho a 5 de agosto de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
  • voltar