O apagão logístico que dificulta a exportação de produtos agropecuários brasileiros pode piorar ainda mais nos próximos anos, com a perspectiva de aumento da produtividade da agropecuária brasileira. Esse foi o alerta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), feito dia 18 durante o V Simpósio de Transporte e Mobilização, promovido pelo Exército Brasileiro.
Dados da CNA demonstram de que forma a falta de infra-estrutura nas estradas e portos corroem a renda do produtor. Uma saca de soja é vendida atualmente por cerca de R$ 35 para exportação via Santos ou Paranaguá. A mesma saca é vendida por R$ 23 em Sorriso (MT). Ou seja, o custo logístico para levar os grãos até esses portos representa mais de 50% do faturamento.
O consultor da CNA para assuntos de logística, Luiz Antônio Fayet, explicou, durante palestra no simpósio, que problemas de infra-estrutura dos portos, como a falta dragagem, podem gerar prejuízos de até R$ 1,70 por saca de soja. “A negligência na dragagem dos canais faz com que os navios percam capacidade de carga útil. Considerando que o Brasil produziu 1 bilhão de sacas de soja na safra 2006/07, o prejuízo ultrapassa R$ 1 bilhão”, alertou Fayet.
De acordo com a CNA, o incentivo à navegação de cabotagem tiraria, por ano, 5 milhões de toneladas de produtos agropecuários das estradas brasileiras. Para os produtores, a saída é a abertura de rotas estratégicas para o escoamento dos produtos da chamada nova fronteira agrícola, localizada no Centro-Norte do País.
O consultor da CNA chamou atenção para a necessidade de encontrar soluções sustentáveis, dos pontos de vista econômico e ambiental, como a navegação. Para isso, segundo Fayet, é preciso investir na integração de diferentes modais e na ampliação da capacidade de portos, criando alternativas às rotas cartelizadas de Santos e Paranaguá. “O governo gastou R$ 500 milhões com subsídio para o escoamento da produção, enquanto as obras necessárias para aumentar a capacidade operacional do porto de São Luís custam cerca de R$ 100 milhões. Não falta dinheiro, falta decisão para resolver o problema”, esclareceu Fayet.