Municípios paranaenses estão se mobilizando para as etapas regionais da 4ª edição do Concurso Café Qualidade 2007, que seleciona as melhores amostras para a etapa estadual, que serve de qualificatório para a competição nacional promovida pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). As inscrições, que são realizadas nos municípios, já estão abertas e podem ser feitas até o dia 10 de agosto, antes do início do período de julgamento das etapas regionais.
De acordo com informações do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o lançamento das etapas regionais já foi feito em Santo Antônio da Platina, Apucarana, Cornélio Procópio, Londrina, Ivaiporã e Maringá. As regiões de Campo Mourão, Umuarama e Paranavaí também participam.
Os produtores podem concorrer em duas categorias: café natural e cereja descascado, com lotes que devem ter dez sacas. O concurso é promovido pelo Governo do Paraná e Câmara Setorial do Café e organizado pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab/ Deral), Emater, Iapar, Ministério de Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura e Pecuária / Decaf e ABIC, entre outros parceiros.
A expectativa é que mais de 500 produtores participem do processo de seleção. Para Cilésio Abel Demoner, coordenador estadual de café (Emater/ Cornélio Procópio) o concurso é uma ferramenta bastante eficaz no mapeamento das regiõs produtoras de café e suas potencialidades: “Dentro de uma mesma região existem situações peculiares que permitem se obter cafés de qualidade diferenciada, capazes de atender as exigências do mercado consumidor”.
Qualidade – Paulo Franzini, coordenador estadual do café pela Seab/ Deral, define o concurso como mecanismo eficiente para legitimação da qualidade do café paranaense. “O Paraná trouxe uma imagem negativa da década de 60 quando era o grande produtor nacional. A partir do ano de 2000, nós definitivamente revertemos essa imagem e o café do Paraná já está inserido no marketing dos Cafés do Brasil” (programa de fomento à exportação).
Outro aspecto destacado por Franzini é a reação que a premiação provoca na cadeia produtiva. “É uma ação de motivação que atinge produtores, técnicos e municípios”. Informações confirmadas por Demoner, que lembra que cada vez que um produtor ganha um concurso, atrai compradores que estão sempre rastreando regiões para obter café de qualidade. Em tremos do avanço que essas ações têm representado para a cultura no Paraná, ele cita como exemplo os 11 centros de degustação (laboratórios) que a Emater mantêm no estado. “Toda vez que o produtor traz uma amostra para fazer análise, sai com o resultado em mãos mostrando tipos de defeitos do produto, como e onde deve trabalhar para evitar que tais erros aconteçam. Isso tem tido muito avanço entre os produtores”.
Qualificação – Se o café paranaense só tem evoluído na questão qualidade, o grande desafio agora é trabalhar junto ao pequeno produtor. O Paraná cultiva atualmente 106 mil hectares de café. Oitenta e cinco por cento dos produtores são cafeicultores familiares e, segundo Demoner, entre estes, existe uma faixa que planta café em áreas de até quatro hectares, que precisa melhorar seu sistema de produção. “Temos de avançar no trabalho de conscientização desse produtor. Conscientizá-lo da importância de saber que café produz, por que está errando, e onde deve agir, se antes, durante ou após a colheita. Isso inclui uma adubação bem feita ao manejo da cultura e condições de armazenagem”.
É neste ponto que o SENAR-PR entra em ação. “Com o lançamento do Plano de Apoio para Sustentabilidade da Cafeicultura nas Propriedades Familiares do Paraná contamos com a parceria do SENAR-PR no treinamento desses produtores”. Demoner lembra que o SENAR-PR participou efetivamente do treinamento dos técnicos visando elaboração dos projetos no Plano de Sustentabilidade do Café.
Em 2006, o SENAR-PR experimentou um crescimento de mais de 100% na demanda de cursos de cafeicultura. “A especialidade do SENAR-PR é capacitação e precisamos aproveitar isso”, comenta Demoner. De acordo como técnico do SENAR-PR, Johnny Fusinato Franzon, o número de cursos realizados entre janeiro e agosto (previstos) deste ano já alcançou o total de cursos de 2006: “Se continuar essa tendência, provavelmente fecharemos o ano com um crescimento de 30%”.
Na edição de 2006, dois paranaenses foram premiados na edição nacional do concurso. O produtor Fábio Dória Scatolin, de Ribeirão Claro, conquistou o terceiro lugar na categoria cereja descascado, e Valtamir Mezzomo, de Salto do Itararé, conseguiu a primeira colocação na categoria café natural. Este ano, o encerramento do concurso nacional acontece entre os dias 14 e 18 de novembro em Recife, Pernambuco.