Preços internacionais para
soja registram fortes altas

  • Os preços internacionais para a soja em grão registraram fortes altas, na sexta-feira, dia 29 de junho, traduzindo a maior alta diária desde 2004. Os contratos para julho/07 encerraram o pregão em US$ 18,74/saca contra US$ 17,86, assinalando uma elevação de US$ 0,88/saca, ou seja, um acréscimo próximo de US$ 1,00/saca.
  • Os fundamentos para alta são alavancados pelos movimentos de compras técnicas haja vista as perspectivas positivas para os preços no médio prazo. Ou seja, a partir da redução da área plantada divulgada pelo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos na safra 2007/08, os preços na Bolsa de Chicago retomaram seu ritmo de alta.
  • Na segunda-feira, dia 9 de julho os contratos pra julho de 2007 encerraram o pregão em US$ 8,70/bushel, equivalente a R$ 19,18/saca, refletindo um ganho de US$ 0,11/saca. A divulgação de situação de estoque ajustados em 2007/08 nos Estados Unidos também foi um fator que contribuiu para a elevação dos preços.
  • Importa ter presente que os preços na Bolsa de Chicago (CBOT) estão excelentes, ou seja, a US$ 19,18/saca é uma cotação cerca de 45% acima da média histórica dos últimos dez anos (US$ 13,23/saca). O preço internacional para julho, fazendo a transformação pelo dólar comercial vigente (R$ 1,8980/US$), fica em R$ 36,40/saca. Vale lembrar que se a cotação do dólar fosse de R$ 2,30/US$, a equivalência em real passaria para R$ 44,11/saca! O maior ingresso de dólares através de investimentos internacionais atraídos pela taxa de juro, satura o mercado com dólares e o governo não dá conta de absorver todo o excedente, razão da sobrevalorização do real.
  • Por outro lado, as compras freqüentes de dólares para fazer reservas, resultaram conforme notícias divulgadas, um prejuízo ao Banco Central no entorno de R$ 30 bilhões (últimos três anos). De acordo com o jornal Folha de São Paulo, de 10 de julho último, em janeiro de 2004, início das compras de dólares no mercado, o valor estava ligeiramente acima de R$ 2,800/US$. De 2004 até hoje, a moeda americana perdeu valor e atualmente tangencia a cada de R$ 1,9000/US$.
  • Prossegue o estudo ressaltando que “caso a moeda se estabilize em R$ 1,90/US$, a diferença em relação à cotação média paga pelo Banco Central nas compras atingiria a 13,6%. Em reais, isso significa uma perda de R$ 32,6 bilhões acumulada em pouco mais de três anos, ou seja, média de R$ 795 milhões/mês”.
  • Não obstante este cenário internacional, existe um fator que gera preocupação, o prêmio exportação da soja que está negativo no Porto de Paranaguá e representa hoje uma diminuição no preço FOB Paranaguá de R$ 2,42/saca. No Porto de Santos (SP), o prêmio também negativo está cotado a menos R$ 2,29/saca. Em São Francisco (SC) o prêmio negativo é de menos R$ 2,50/saca. No Porto de Rio Grande (RS) o prêmio negativo é igualmente de R$ 2,50/saca. Em Rosário, na Argentina, o prêmio negativo é de menos R$ 3,64/saca.
  • Em que pese o cenário otimista de preços internacionais no médio prazo, as perspectivas de clima favorável às culturas na região do Meio-Oeste norte-americano poderá exercer certa pressão nos preços futuros. Porém, vale ter presente que o quadro do clima para o mês de julho não sinaliza volumes de chuvas normais.
  • Conforme relatório da situação da cultura de soja nos EUA, as condições são. 65% entre boas e excelentes; 26% situação regular e 9% em situação ruim e muito ruim.
  • O mercado deverá continuar tenso e oscilante até agosto tendo como pano de fundo o “mercado do clima” e a redução de área de soja nos Estados Unidos.
  • Gilda Bozza Borges
    Economista - DTE / FAEP

    Boletim Informativo nº 965, semana de 16 a 22 de julho de 2007
    FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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