Produtor de soja tem lucro 13% maior
com variedade transgênica

O Paraná é o segundo estado brasileiro em que o produtor tem a maior rentabilidade ao optar por variedades geneticamente modificadas de soja, alcançando desempenho 13% superior ao da soja convencional. No Rio Grande do Sul, esta diferença em favor da soja transgênica chega a 27%, segundo levantamento da Agra-FNP divulgado na semana passada pelo jornal Gazeta Mercantil (22/06).
    A pesquisa mostra que, mesmo com pagamento de royalties, o produtor de soja transgênica tem melhor rentabilidade. No Mato Grosso, onde essa diferença é menor, em torno de 9,5%, a previsão é de que o aumento da área com transgênicos ocorra com maior intensidade na safra 2007/08. Segundo Fábio Turquino Barros, da Agra-FNP, são os herbicidas que estão na base dessa diferença dos custos com insumos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a soja convencional demandou R$ 530 em insumos por hectare, valor 19,8% superior ao custo com plantio de soja transgênica. No Paraná, o manejo da convencional custou R$ 641 em insumos, 12,4% maior. No caso de Mato Grosso (Rondonópolis), essa diferença de gastos foi de 8,5%. Todos os levantamentos, consideram propriedades com alto uso de tecnologia, segundo Barros.
    Mesmo com a menor vantagem, os mato-grossenses devem continuar a ampliação da área de soja geneticamente modificada (GM). Segundo estimativas da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), os transgênicos, que representaram na 2006/07 cerca de 25% da área total de soja (5,1 milhão de hectares), devem avançar para 35% na 2007/08, segundo Elton Ramer, presidente da entidade.
    Para o analista da AgRural, Daniel Sebben, apesar de menor que de outros estados, a diferença de 9,5% na rentabilidade é importante ao produtor de Mato Grosso, principalmente pela sua margem apertada de lucro, por conta do câmbio valorizado e das altas do frete. Para se ter uma idéia do impacto da logística para o agricultor desse Estado, em janeiro de 2001 o frete representava 26,7% do preço da soja pago ao produtor. Esse percentual fechou em maio deste ano em 44%, segundo cotações de frete da Esalq/Log.
    Mas o avanço da tecnologia transgênica em Mato Grosso está ainda muito limitada à região Sul do estado, segundo Roberto Machado, do Grupo Bom Futuro, de Mato Grosso. “A soja GM no Sul do Estado tem custo com defensivos de 18% a 20% inferior que para a convencional. Já no Oeste, o corredor de exportação está voltado para o mercado europeu, que tem restrições no consumo de transgênicos, e, no Norte do Estado, não há variedades adaptadas com boa produtividade e a direção da logística ainda não está definida”, avalia Machado.
    Com 120 mil hectares de soja plantados em todo Mato Grosso, o Grupo Bom Futuro possui apenas 20% da área na região Sul. Nessas áreas, a participação da soja GM, que foi de 40% na 2006/07, deverá avançar para 70% na 2007/08.
    Mas há posições contrárias ao aumento da lavoura transgênica no maior estado sojicultor do País. Para o diretor-administrativo da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Ricardo Tomczyk, a tendência é de redução na 2007/08. “Os preços do herbicida glifosato aumentaram muito. Eu, particularmente, estou pagando 60% a mais que na safra passada”, reclama.

Boletim Informativo nº 963, semana de 2 a 8 de julho de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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