Estudo da CNA mostra que reajuste
dos salários afeta competitividade

O custo da mão-de-obra representou 30,4% dos custos operacionais efetivos da pecuária de corte em abril, na média dos dez estados pesquisados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil/Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CNA/Cepea-USP).     O reajuste em 8,57% do salário-mínimo foi a principal causa do aumento dos custos operacionais efetivos da atividade em 3,33%, em abril, enquanto o preço da arroba do boi gordo recuou 0,39% no mês.
    Na média Brasil, a mão-de-obra continua sendo o item de maior peso nos desembolsos do produtor e seus aumentos provocam reflexos na rentabilidade e na capacidade de investimento do setor. Mesmo assim, as exportações de carne bovina aumentaram 39,41% de janeiro a maio de 2007, alcançando US$ 1,87 bilhão.
    “Apesar dos aumentos de custos que reduzem a rentabilidade do setor, a pecuária brasileira continua batendo recordes de exportações”, explica Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA. No entanto, segundo ele, os ganhos com o bom resultado das exportações continuam não chegando ao produtor rural, comprometendo a sua capacidade de investimento. “A manutenção deste quadro poderá prejudicar a produtividade do setor no médio e longo prazos”, afirma o presidente do Fórum.

Desde 2003, quando iniciou a pesquisa dos Indicadores Pecuários da CNA/Cepea-USP, o custo da mão-de-obra nas fazendas de pecuária já encareceu 90% nos Estados brasileiros incluídos no levantamento. No mesmo período, o preço da arroba caiu 7,2%.

Conforme a rede de comparação Agri Benchmark, a Áustria é o país que apresenta maior custo de mão-de-obra na atividade pecuária, variando de US$ 139,00 a US$ 276,00 por 100 kg de carcaça vendidos, enquanto a média européia é de US$ 80,00/100 kg vendidos. Este cálculo é resultado dos altos salários dos empregados e da baixa produtividade da mão-de-obra na Áustria. No Brasil, a mesma rede levantou que o custo da mão-de-obra nas propriedades típicas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pode variar entre US$ 40,00 e US$ 16,00/100 kg vendidos.
    Além da mão-de-obra, contribuíram para o forte aumento dos custos da atividade, em abril, os adubos e corretivos, que tiveram um aumento médio de 4,3% de um mês para o outro. O principal motivo foi a alta dos preços em dólar no mercado internacional, puxada pela maior demanda por fontes nitrogenadas, a exemplo do milho nos Estados Unidos e da cana-de-açúcar no Brasil. A queda na produção dos fertilizantes, causada pelo forte encarecimento do gás natural utilizado no processo fabril, também interferiu no aumento dos preços do insumo. 

Boletim Informativo nº 962, semana de 25 de junho a 1 de julho de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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