Depois de dois anos difíceis, leite
recupera preço pago ao produtor

O Em junho de 2005 o preço médio do leite pago aos produtores brasileiros era R$ 0,5930/ litro. A partir daí o setor atravessou uma fase crítica de queda de preço, chegando a R$ 0,4179 em janeiro de 2006, queda de 30% em 7 meses.
    Em 2006 os preços mantiveram-se estáveis, atingindo o máximo de R$ 0,5028 em agosto, terminando o ano com o preço de R$ 0,4962 em dezembro ( R$ 0,0968 a menos que em junho de 2005.), mantendo-se por 6 meses abaixo dos preços de 2004 (veja gráfico 1).

Enquanto isso os custos de produção seguiram aumentando, mesmo considerando uma queda nos preços da ração por um determinado período, seguindo a queda dos preços das commodities. A alta verificada nos demais insumos anulou qualquer vantagem para os produtores. E dá-lhe conviver com a contabilidade no vermelho!

O gráfico 2 mostra que, ao considerar os preços inflacionados o valor recebido atualmente ainda não dá ao produtor o mesmo poder de compra que ele tinha em março de 2004.

Este cenário de preços desestimulou o aumento de produção, que cresceu apenas 2,1% de 2005 para 2006, passou de 24,57 bilhões de litros para 25,1 bilhões.

A contar apenas com as variáveis internas de produção e consumo, o comportamento dos preços aos produtores  em 2007 seguiria a variação normal de safra e entressafra,  porém uma sucessão de fatores alterou o curso dos preços. (veja quadro)

Desde o início  de 2007 o mercado de leite vem registrando alta nos preços pagos aos produtores , aumentando mais de 8 centavos por litro na média de preços nacionais, segundo dados do Cepea, passando de R$0,4981/litro em janeiro para R$ 0,5835 em maio.

Isso significa que o produtor de leite está nadando de braçadas?

Não! Basta analisar os números apresentados para entender tratar-se de uma recuperação de preços, haja vista que até maio os preços ainda eram menores que os de 2005.

Os gráficos aqui apresentados, retratando os preços no Paraná,  tornam mais fácil a visualização do que foi comentado.

Ressalte-se que as curvas dos preços médios praticados no Brasil e no Paraná seguem exatamente a mesma tendência.

Em abril os preços do produto nacional em dólares alcançaram o maior valor desde janeiro de 2005, ficando em US$ 0,2670/litro, maior que o preço recebido pelo produtor neozelandês que foi US$ 0,2256/l. Porém, isso reflete apenas o baixo valor do dólar no Brasil, que deixa  de ser um parâmetro representativo para comparação de preços de leite aos produtores.

Até quando os preços continuarão em alta?
    A concordar com os principais analistas do setor,  não há razões de curto prazo para os preços diminuírem, considerando o aquecimento do mercado internacional e a duração da entressafra nacional que começará a se reverter apenas em setembro.

Mesmo considerando o aumento da produção dos rebanhos especializados que respondem positivamente a temperaturas mais amenas e ao aumento da ração na alimentação, associado ao início da produção de pastagens de inverno, o cenário indica que os preços não deverão arrefecer, impulsionados pela  forte disputa pela matéria prima entre indústrias.

Também a redução das importações causada pelos altos preços internacionais deverá manter a oferta brasileira ajustada, favorecendo a sustentação dos preços internos.

Para o mês de maio o Conseleite Paraná projetou  um aumento de R$ 0,04 /litro para o preço ao produtor e a expectativa é de nova alta para junho. (Gráfico 3).   

FATORES QUE INFLUENCIARAM A ALTA DO PREÇO DO LEITE

  • Entressafra da produção brasileira, queda na captação de leite.
  • Elevação dos custos da ração em função de maiores preços do milho e da soja. Segundo o Cepea, em abril de 2007 o preço da soja no atacado do Paraná ficou 22,2% acima de abril de 2006, e o milho teve alta de 33% no mesmo período.
  • A instalação de novas indústrias no Sul do País acirrou a disputa pelo leite.
  • Elevada procura por parte de indústrias focadas em exportação.
  • Avanço da cultura da cana-de-açúcar em alguns estados, estimulando a saída de muitos produtores de leite da atividade.
  • Queda na produção internacional de leite causada por seca na Austrália, pela redução de subsídios na União Européia, alta do custo de produção nos Estados Unidos (elevação dos custos de milho), excesso de chuvas na Argentina, pelo aumento pífio da produção de leite na Nova Zelândia que deverá ficar em apenas 1,3% no ano que terminou em 31 de maio, pelo igualmente insignificante aumento da produção dos Estados Unidos que deverá ser 0,6%, segundo o USDA.
  • Estoques internacionais de leite em pó praticamente zerados.
  • Mercado internacional comprador em função do aumento da demanda em países da África e América Latina, além da Índia e China.
  • Valorização dos preços de lácteos no mercado internacional .Em 2006 a média do preço de leite em pó desnatado na Europa foi US$ 2514/t, passando para mais de US$ 5.000/t em maio de 2007.
  • Preços de exportação elevados estimulam as exportações brasileiras de lácteos . Isso acirra a procura pela matéria-prima, mesmo que o câmbio atual enfraqueça os ganhos que os exportadores poderiam obter, ao mesmo tempo em que diminui a atratividade das importações brasileiras, o que também gera maior procura pelo produto nacional.
  • Boletim Informativo nº 961, semana de 18 a 24 de junho de 2007
    FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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