A expansão de 2,9% da produção e o crescimento de 3,9% ao ano dos preços dos produtos aqueceram o mercado agrícola em 2007. O PIB da agropecuária cresceu 1% em março, se comparado a fevereiro, chegando a 1,49% no acumulado do trimestre, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Somente a agricultura cresceu 0,95% no período, acumulando 1,7% nos três primeiros meses do ano. O crescimento do PIB da pecuária foi de 1% em março, acumulando 1,22% no trimestre. “Infelizmente este aumento de faturamento não corresponde a aumento de renda, pois o câmbio, a elevação nos custos e a precariedade da infra-estrutura corroem a lucratividade do produtor”, afirmou Ricardo Cotta Ferreira, superintendente técnico da CNA.
O PIB do agronegócio brasileiro também cresceu em março, chegando a 0,45% frente aos 0,14% do mês anterior. Desta forma, o PIB acumulado do trimestre atingiu 0,7% de crescimento. O desempenho favorável do mercado externo e a expansão do mercado interno foram decisivos para este desempenho. Segundo dados do Cepea, os preços em dólares dos produtos brasileiros de exportação tiveram aumento superior a 12% no último ano, assim como também cresceu o volume produzido no campo. “A apreciação do real tem impedido que este aumento nos preços internacionais chegue ao produtor”, afirmou Cotta.
O segmento industrial da agropecuária, no entanto, não acompanhou o ritmo de expansão registrado pela agropecuária e o agronegócio. Verificou-se um desaquecimento na atividade, que repetiu em março a mesma taxa de crescimento de 0,04% de fevereiro. Desta forma, o PIB do segmento acumula 0,2% de aumento no trimestre. Este desempenho se deve à queda verificada nos preços dos produtos das indústrias de açúcar e álcool, cujos resultados vinham sustentando o PIB industrial agrícola. A indústria processadora vegetal apresentou crescimento de 0,01% em março e 0,16% no ano, enquanto a indústria de processamento animal cresceu 0,22% em março, acumulando 0,38% nos três primeiros meses do ano.
O crescimento das exportações de carnes, açúcar e álcool foi decisivo para o aumento de 33,7% para 35,6% da participação das exportações do agronegócio no total das vendas externas brasileiras no primeiro quadrimestre do ano. A balança comercial do agronegócio registrou saldo recorde de US$ 13,88 bilhões, no período, o que representa um aumento de 23,1% em relação ao ano passado. O aumento mais expressivo ocorreu no segmento de carne bovina, cujas exportações aumentaram 43,3%, totalizando US$ 1,42 bilhão nos quatro primeiros meses do ano.
“Estes resultados mostram que o mercado mundial continua fortemente demandante pelas carnes brasileiras”, disse o assessor técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Donizeti Beraldo. Segundo ele, as exportações de frango e carne suína também cresceram 32,1% e 45,4%, respectivamente. A exportação do conjunto das carnes cresceu 38,6% até abril, resultado do aumento de 25,6% na quantidade exportada e de 10,3% nos preços internacionais. “Os efeitos negativos causados pelos problemas sanitários ocorridos no Brasil e em países do Mercosul estão se dissipando”, afirmou Donizeti.
As exportações do setor sucroalcooleiro continuam batendo recordes, registrando aumento de 41,9%, o que soma US$ 2,04 bilhões até abril. O crescimento das exportações de álcool chegou a atingir 108,1% nos primeiros quatro meses do ano, resultando do crescimento de 65% na quantidade exportada e de 26,1% nos preços pagos pelo produto. Quanto as exportações de açúcar, o crescimento foi de 29%. “Os números do quadrimestre confirmam as nossas projeções de que o setor sucroalcooleiro poderá se tornar um dos principais complexos exportadores do agronegócio nos próximos anos”, afirmou o assessor técnico da CNA.
Outros segmentos também apresentaram expressivo crescimento nas exportações até abril deste ano. Enquanto papel e celulose aumentaram 13,1%, o suco de laranja cresceu 90,4%, como resultado do aumento de 48,2% das cotações internacionais após os problemas climáticos ocorridos na Flórida, Estados Unidos. As exportações de café também cresceram 29,5% no quadrimestre, dando continuidade à expansão de 14,9% iniciada no ano passado. O câmbio favorável e o aumento de 54,1% das importações de trigo também favoreceram as importações, cujo crescimento foi de 33,6% em relação ao primeiro quadrimestre de 2006.