No dia 28 de maio, o deputado federal Max Rosenmann (foto) destacou as atuais dificuldades enfrentadas pelo setor agropecuário durante pronunciamento realizado no Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Na ocasião, ele também reivindicou uma maior sensibilidade das autoridades para reverter a situação que afeta os produtores rurais do País.
Para o deputado, a agricultura brasileira vive novamente um momento de grande dificuldade. Ele referiu-se ao acúmulo das dívidas, aos altos juros e à sobrevalorização do real frente ao dólar como sendo os principais fatores que colocam os produtores rurais numa situação de desespero. “Mesmo conseguindo uma safra recorde, não terão recursos suficientes para quitar suas dívidas. Muito menos, para custear o plantio da próxima safra”, disse.
Durante o pronunciamento, Rosenmann citou o estudo desenvolvido pela Federação da Agricultura do Paraná (FAEP). O balanço aponta que os produtores do estado fecharão 2007 com um prejuízo de R$ 1,12 bilhão. O estudo foi baseado em dados oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
No Plenário, o deputado lembrou que, de acordo com o balanço, o prejuízo na produção de milho, soja e trigo é resultado da diferença entre a receita de R$ 9,98 bilhões e os gastos que somam R$ 11,10 bilhões. “Estes envolvem o custo de produção, a sobrevivência do produtor, como também, o maior problema do setor que é o acúmulo das dívidas e dos prejuízos das últimas cinco safras: duas de verão e três de inverno”, disse.
Rosenmann ainda destacou o quanto restaria para a sobrevivência das famílias do Paraná, que vivem da agricultura, ao serem descontados o Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola do estado, o custo de produção e o pagamento das dívidas. “Sobraria uma renda de apenas R$ 800 milhões para a sobrevivência de 160 mil famílias do estado”, criticou.
Alerta - No pronunciamento, o deputado referiu-se à preocupação da FAEP em relação à atual crise. “Diante desse quadro, o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, corretamente está alertando para o iminente desespero dos produtores e a necessidade de repactuação das dívidas, dentro de um prazo compatível com a renda do setor. Segundo ele, a conta não fecha e no entanto, se noticia apenas a safra recorde, esquecendo da dimensão dos prejuízos acumulados entre 2004 e 2006, das dívidas prorrogadas para os próximos anos e da recente alta dos insumos”, disse.
O deputado também enfatizou que apesar da agricultura ter melhorado de situação em 2007, comparado aos últimos dois anos de crise, não será nesta safra que os produtores conseguirão equalizar todas as dívidas. Segundo ele, os compromissos da safra que está sendo colhida, somados ao estoque de dívidas de prorrogações efetuadas nos dois anos anteriores, exigiriam melhores preços pagos em reais aos produtores.
“Para se ter uma idéia do estoque de dívidas que os produtores estão carregando, apenas o Banco do Brasil renegociou R$ 8,6 bilhões nos últimos dois anos no País e R$1,8 bilhão somente no Paraná para serem pagos entre 2007 e 2011. Mas essa é apenas uma parte do elenco de dívidas que o setor terá que saldar este ano”, afirmou. Para ilustrar as perdas dos produtores nos últimos anos, Rosenmann utilizou os números referentes ao VBP agrícola no Paraná que, segundo ele, fechou o terceiro ano consecutivo em queda. “Em preços corrigidos, o VBP era de R$ 32,5 bilhões na safra 2003, caiu para R$ 31 bilhões em 2004 e chegou a R$ 25,8 bilhões em 2005”, comentou.
Mudança - Ao finalizar o pronunciamento, o deputado disse que a agricultura não pode mais ser tratada com o raciocínio financista, que não enxerga a importância do ponto de vista não só econômico mas, principalmente social, que essa atividade representa ao País. “Estamos falando de centenas de milhares de famílias que hoje, mesmo trabalhando de sol a sol, não conseguem garantir sequer o mínimo para sua subsistência e têm que conviver com a indiferença de um poder público que ainda não acordou para a gravidade da situação que se vive”, concluiu.
Para o deputado, é preciso que as autoridades brasileiras, em especial as que comandam a economia do País, urgentemente tenham sensibilidade para tratar da situação da agricultura não apenas com medidas paliativas de curto prazo, mas com o estabelecimento de uma política consistente e permanente de apoio e subsídios, garantia de preços mínimos e financiamento.
“Caso isso não aconteça, estaremos fazendo uma reforma agrária ao contrário, expulsando do campo os produtores rurais e suas famílias, que vão engrossar as fileiras das periferias nos grandes centros urbanos, agravando ainda mais o quadro de desemprego, violência e o drama social que o País vive”, concluiu.
A deputada estadual Cida Borghetti também defendeu a adoção de providências em prol dos produtores rurais Paraná. Em sessão do dia 23 de maio, na Assembléia Legislativa, Borghetti reinvindicou que os deputados se posicionassem para o Governo Federal analisar a situação e oferecer condições de trabalho aos agricultores. “Haja vista que essa atividade depende, além do próprio trabalho, das condições climáticas”, argumentou.
Ao defender medidas em benefício do setor, a deputada citou o estudo da FAEP. “Conforme material da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, as datas de pagamento dos financiamentos rurais, de custeio e de investimento, estão se aproximando e os produtores rurais não têm como saldá-los porque o alongamento da dívida, proporcionado pelo Governo Federal no ano passado, foi insuficiente”, disse.
Para a deputada, as notícias de que os produtores rurais paranaenses terão lucro na atual safra de verão são equivocadas. “Como podem ter lucro se estão com um acúmulo de prejuízo de safras anteriores e foram obrigados a alongar seus financiamentos que, portanto, também estão acumulados?”, questionou.