As datas de pagamento dos financiamentos rurais – de custeio e
de investimento – estão se aproximando e os produtores
rurais não têm como saldá-los porque o alongamento
da dívida proporcionado pelo Governo Federal no ano passado foi
insuficiente.
Lembramos que os produtores rurais do Paraná
estão, desde o segundo semestre de 2004, acumulando
prejuízos de 5 safras – duas de inverno e três de
verão – resultado de 3 anos de secas consecutivas e
principalmente da sobrevalorização do real. Os
prejuízos acumulados desde 2004 chegam a R$ 9,7 bilhões,
que eqüivale ao Valor Bruto da Produção total da
safra atual de soja, milho e trigo.
As notícias de que os produtores rurais
paranaenses vão ter lucro na atual safra de verão
são equivocadas. Como podem ter lucro se estão com um
acúmulo de prejuízo de safras anteriores e foram
obrigados a alongar seus financiamentos que, portanto, também
estão acumulados. A prova disso é que no
financiamento de custeio da safra atual sobraram R$ 2 bilhões a
juros fixos de 8,75% porque os produtores estavam com o limite para
obter empréstimos comprometido.
Para se ter uma idéia da dimensão do
estoque de dívidas que os produtores estão carregando no
país, apenas o Banco do Brasil renegociou R$ 8,6 bilhões
nos últimos dois anos, sendo R$ 2 bilhões no
Paraná para serem pagos entre 2007 e 2011, mas essa é
somente uma parte do elenco de débitos.
No Paraná, além do custeio da safra,
as dívidas dos produtores rurais de soja, milho e trigo que
devem retornar aos credores em 2007 remontam ao volume de R$ 1,44
bilhão, conforme o anexo I.
Os dados da SEAB mostram que o Valor Bruto da
Produção – VBP das três culturas
somará R$9,98 bilhões. Desse total, segundo
cálculos do próprio governo por meio da CONAB, R$ 7,735
bilhões representam o custo de produção
operacional.
Deduzindo do VBP o custo operacional e o pagamento
de estoque de dívidas de R$ 1,44 bilhão, sobrariam R$ 800
milhões para a sobrevivência de 160 mil famílias no
ano, o que daria apenas R$ 5 mil por ano, cerca de R$ 415,00/mês
para cada família com 4 pessoas em média, ou seja,
R$103,00 para cada pessoa passar o mês.
O quadro atual entre os produtores é de
desespero, pois obviamente a conta não fecha e no entanto, se
noticia apenas a safra recorde, esquecendo da dimensão dos
prejuízos acumulados entre 2004 e 2006, das dívidas
prorrogadas para os próximos anos e da recente alta dos insumos,
como se pode averiguar nos anexos II, III e IV.
Cabe ressaltar que muitas regiões do
Paraná foram mais castigadas com a seca e queda de preços
entre 2004 e 2006, carregando um estoque de dívida muito
superior à média. Além disso, na safra que
está sendo colhida, não foram todas as regiões que
atingiram a média excepcional de produtividade, por conta da
ferrugem asiática, outras doenças, pragas e problemas
climáticos.
Em conseqüência desta
situação, será impossível para os
produtores quitarem todas as dívidas, razão pela qual
solicitamos providências para uma solução urgente
que dê ao setor o fôlego necessário para
plantação das próximas safras.
Atenciosamente,