Festival da Tilápia reúne negócios
e gastronomia em Curitiba

Empresários interessados na comercialização de tilápia participaram no dia 09 de maio na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-Pr), em Curitiba, da Rodada de Negócios voltada para o segmento. O evento, que teve como objetivo aproximar os diferentes elos da cadeia produtiva do peixe, fez parte da programação do Festival da Tilápia, promovido pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-PR) e Senac-Pr no período de 07 a 13 de maio.

O superintendente do SENAR-PR, Ronei Volpi, enfatizou a iniciativa e a criatividade do Sistema FAEP e do Senac-Pr em promover a Rodada de Negócios. "É a primeira vez que um evento, na cadeia produtiva da tilápia, procura aliar a gastrono-

mia com a realização de negócios. Na ocasião, potenciais compradores do peixe, como hotéis, restaurantes, peixarias e cozinhas industriais, tiveram a possibilidade de se encontrar com fornecedores de tilápias, como produtores, associações e frigorífico, com o objetivo de alavancar a comercialização de um peixe que, embora nobre, ainda é muito pouco conhecido", disse.

   Volpi também destacou a importância da produção de tilápia na diversificação das propriedades rurais. "Por isso, essa iniciativa faz parte do esforço do Sistema FAEP em apoiar a diversificação e a busca de novas alternativas de renda para as pequenas e médias propriedades, que representam a maioria dos produtores paranaenses", afirmou.

Durante a Rodada de Negócios, fornecedores e compradores de tilápia tiveram a oportunidade de discutir questões relacionadas aos diferentes elos da cadeia produtiva do peixe.

Debate - "Onde escoar a produção? Esta é uma das grandes preocupações dos produtores de tilápia", informou o presidente da Associação dos Piscicultores de Tanques Rede do Paraná (Aptpr), Jefferson Osipi. Ele contou que, aproximadamente quatro anos atrás, a Associação tinha como principal meta a exportação de peixes. "Atualmente, com o câmbio baixo, estamos olhando com outros olhos o mercado interno. Mas, enfretamos uma questão cultural: os brasileiros ainda comem pouco peixe. Aí é que está a importância desse evento. Precisamos começar a mudar essa situação", disse.

   Ao elogiar a iniciativa, Osipi contou que nos últimos anos 90% da produção dos associados atendiam os pesque-pague de São Paulo. "Participando dessa Rodada de Negócios, pudemos conhecer novos mercados para nosso produto", afirmou. Ele ainda informou que a tilápia abre as portas para novos mercados. "Isso porque dá sustentabilidade econômica e até 30% de rentabilidade. Além disso, já existem um pacote tecnológico para a produção de tilápia e um nicho estabelecido para esse peixe. Através da tilápia, esperamos abrir mercado consumidor para outras espécies nativas", afirmou.

   O presidente da Associação dos Aqüicultores do Município de Maripá (Aquimap), Altair Pandini, também aprovou a decisão dos parceiros em promover o evento. "A Rodada de Negócios provocou o espírito de luta em toda a cadeia. O setor passa por um certo desânimo. O produtor de tilápia não tem para quem vender seu produto, o preço não é atrativo e o custo de produção é alto", avaliou. Para Pandini, o evento possibilitou discutir as questões que mais interessam o segmento para o seu fortalecimento. "Ao mesmo tempo, todos os elos têm que ganhar. Isso é necessário para toda a cadeia se viabilizar", lembrou.

Para o proprietário do Frigorífico Pescados Sereia Ltda, Darci José Backes, o evento permitiu novos contatos para difundir a tilápia no Paraná. Ele ressaltou que, apesar da posição do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), estudos de universidades apontam que a piscicultura não polui. Ele também disse que alguns frigoríficos compram tilápia com baixa qualidade de pescadores nas barragens do Rio Tietê, em São Paulo. "Esses peixes acabam sendo comercializados aqui no Paraná. Os frigoríficos pagam bem menos por essas tilápias e vendem o produto por um preço abaixo do mercado. O que prejudica quem trabalha com produto de qualidade", denunciou. Segundo Backes, o quilo de tilápia varia de R$10,50 a R$ 11,00. O valor pago ao produtor é de R$ 2,20 pelo quilo do peixe vivo. "O frigorífico precisa de três quilos para fazer um de filé. E tem gente pagando R$ 0,80 ao pescador pelo quilo do produto, vendendo o filé por R$ 4,00 a R$ 5,00, bem abaixo do preço de mercado", criticou.

Consumo - O Festival da Tilápia permitiu que os consumidores conhecessem mais sobre o alimento e provassem diferentes pratos feitos à base do peixe. Durante o evento, o superintende do SENAR-PR destacou as qualidades da tilápia. "Ela é saudável não apenas por ser peixe, mas também por ser produzida corretamente, de acordo com normas sanitárias e ambientais", disse. Ele ainda informou que o Festival deverá ser ampliado e repetido no próximo ano. Outras edições do evento deverão ser realizados no interior do estado.

   Como consumidor de tilápia, o empresário Marco Antônio Ferraz elogiou a variedade de pratos oferecidos durante o Festival. Para ele, a diversidade de opções é resultado do maior interesse pelo peixe atualmente. "Lembro-me que quase ninguém comia tilápia quando eu era criança. Com o tempo, esse peixe passou a fazer parte 

dos mais sofisticados pratos. Dizem até que o sushi de tilápia é o melhor", comentou.

Até conhecer o Festival, o professor Francisco Carmo Cascarro consumia tilápia de vez em quando e apenas como aperitivo. "Agora, conhecendo toda essas opções de como prepará-la, com certeza, vou procurar tilápia nos mercados e consumir mais esse peixe", disse.

O empresário Marcos Melo também aprovou a diversidade de pratos feitos à base do peixe. "Já comi tilápia em outras ocasiões. Mas nunca tanta variedade e com esse preparo. Não consegui comer tudo o que queria. Vou precisar voltar", concluiu.

Boletim Informativo nº 956, semana 14 a 20 de maio de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná