A reunião da
Comissão Técnica de Meio
Ambiente da Federação da Agricultura do Estado do
Paraná (FAEP) realizada no dia 30 de abril, contou com a
presença do novo presidente do IAP, Vitor Hugo Burko (foto
acima). Presidentes das outras quinze comissões
técnicas da Federação
também foram convidados para auxiliar na
composição de uma pauta de questionamentos e
sugestões do setor produtivo agropecuário frente
às expectativas de quais serão as diretrizes de
trabalho do órgão ambiental na nova
gestão. A reunião, aberta pelo presidente da
FAEP, Ágide Meneguette, foi comandada pelo presidente da
Comissão Técnica do Meio Ambiente, Nelson
Teodoro, e pelo coordenador das Comissões
Técnicas da FAEP, Ronei Volpi.
Em toda sua fala Burko demonstrou que
seu trabalho está
comprometido com a modernização de procedimentos
do IAP: “É uma mudança de cultura e
passa até pela discussão da missão da
entidade. É um processo complexo, demorado mas absolutamente
necessário”. As inovações
iniciam com a informatização do
órgão e adoção de
licenciamentos por auto-declaração:
“Estou me dando o prazo, a mim e a minha equipe,
até 31 de dezembro deste ano para ter, no mínimo,
50% dos licenciamentos que nos cabem acontecendo em curto
prazo”.
Sobre a pauta de
reivindicações apresentada pelos
produtores rurais, o presidente do IAP procurou responder a cada item,
frisando que as portas da instituição
estarão abertas para críticas,
sugestões e desenvolvimento de projetos em parceria com a
sociedade: “Só acredito em políticas
que sejam sustentadas na consciência média da
sociedade”.
Interpretação da lei - Os produtores rurais levantaram a necessidade de estabelecer um padrão de interpretação da legislação ambiental no Estado. O presidente do IAP reconheceu que atualmente cada fiscal dá uma interpretação às leis: “Estamos levantando questões que ninguém quer tocar. Rediscutir padrões técnicos e de informatização, buscando rapidamente dar ao IAP agilidade e transparência. Em todo o Estado a interpretação de qualquer técnico deve ser a mesma”.
Interpretações,
muitas vezes, equivocadas da
legislação ambiental estão criando um
outro problema para o setor rural. Informações da
Assessoria de Meio Ambiente da FAEP dão conta de que o
padrão de penalidade tem sido o de multar o produtor,
dispensando a advertência, quando o procedimento correto
prevê notificação de
infração e orientações
técnicas para regularização da
situação que causa danos ao ambiente. A postura
reflete também o abuso de alguns integrantes da
Polícia Florestal (Força Verde) em campo.
Reserva Legal - A polêmica
discussão sobre as
áreas de Reserva Legal esteve em pauta. Produtores rurais
pedem que o governo considere a possibilidade de
compensação da RL em outras áreas do
Estado. Burko falou da importância da
recuperação de remanescentes florestais dentro
das micro-bacias e apresentou como alternativa de
solução o que seria um fundo estadual de
arrendamento de reserva Legal. Na prática, o fundo seria
mantido por aqueles proprietários rurais que não
possuem área de reserva legal em seu domínio e
seria utilizado para compensar aqueles cuja área de Reserva
Legal excede o mínimo exigido:
“Estaríamos dando renda para quem tem
áreas florestais. Áreas de baixa produtividade
poderiam ser deixadas para floresta, o que viabilizaria o processo de
compensação. Isso é apenas uma
idéia que precisa ser compartilhada entre
sociedade e governo”, explica Vitor Hugo.
Educação ambiental
– “Se
nós capacitarmos a sociedade, resolveremos metade dos
problemas ambientais”, disse o presidente do IAP sobre a
necessidade de se levar informações relacionadas
ao meio ambiente para o público rural. Burko acredita que a
melhor maneira seja trabalhar com a educação para
prevenir certas situações de comprometimento dos
recursos hídricos e falou durante a reunião sobre
o interesse em aproximar o IAP de cursos e programas desenvolvidos pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-PR). O SENAR
realiza mais de 700 cursos de Formação
Profissional Rural por mês no Paraná,
além de manter programas como o Agrinho, que envolve
anualmente cerca de 1,6 milhão de crianças na
discussão de temas transversais, entre os quais o Meio
Ambiente.
Na avaliação do
presidente da Comissão
Técnica de Meio Ambiente, Nelson Teodoro de Oliveira, a
reunião estabeleceu um canal de diálogo entre as
partes: “Esperamos que ele tenha
condições de mantê-lo. Acredito que
todo o diálogo é positivo e o setor produtivo
sempre procurou responder a todas as questões de forma
coerente”. No encerramento do evento, o presidente da FAEP,
Ágide Meneguette, reafirmou a Burko o apoio do setor
produtivo agropecuário no sentido de respaldar um trabalho
que vai beneficiar a todos: “Nós, produtores
rurais, não estamos pedindo nenhum privilégio e
sim bom senso. Queremos poder sentar, discutir e encontrar uma
alternativa”
Desde o início do ano as reuniões
ordinárias da Comissão Técnica do Meio
Ambiente são acompanhadas pelos presidentes das outras
comissões técnicas da
Federação. A FAEP entende que o tema
meio ambiente é de importância
estratégica e que a participação de
todos os setores é fundamental na discussão de
sua linha de ação frente a ameaças na
área ambiental que afetam ou podem vir a afetar o setor
produtivo. De acordo com a Assessoria de Meio Ambiente da FAEP, a
possibilidade de reunir representantes das diversas cadeias produtivas
do Paraná vem trazendo resultados positivos ao trabalho da
instituição. Ampliação da
discussão, fortalecimento das ações,
disseminação das
informações, consenso e compromisso entre as
partes são alguns dos benefícios já
percebidos.