Ágide Meneguette:

Vacinar e fazer com que todos vacinem,
o desafio da febre aftosa

O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Ágide Meneguette, e o secretário da Agricultura, Valter Bianchini, participaram no dia 27 de abril em Loanda, no noroeste do estado, do lançamento oficial da primeira etapa da Campanha de Vacinação Contra a Febre Aftosa no Paraná.

Loanda foi escolhido por ter sido um dos cinco municípios do estado reconhecidos pelo Ministério da Agricultura como foco de febre aftosa em 2005. Também participaram do evento, produtores, técnicos e lideranças do setor agropecuário. O lançamento da campanha ocorreu em seguida ao Fórum Regional Paraná Livre de Febre Aftosa.

Na primeira etapa da campanha, que acontece de 1º a 20 de maio, o desafio é vacinar 100% de cerca de 10 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos existentes no Paraná, distribuídos em 214 mil propriedades.

Durante o Fórum, o presidente da FAEP destacou a importância de manter em dia a vacinação do gado existente no estado. “Não apenas vacinar, mas fazer com que todos vacinem. É nosso dever denunciar aquele que não vacina. Ou que traz para o nosso estado gado não vacinado e que, portanto, coloca em risco todo o rebanho do Paraná”, afirmou.

Para Meneguette, a sanidade é condição indispensável para desenvolver o agronegócio, do qual a agricultura e a pecuária são as bases. “Sem sanidade, não podemos exportar e sofremos restrições do mercado interno. Nossos preços caem e os estoques sobem”, informou. Segundo ele, a reconquista dos mercados perdidos demanda grande esforço. “Que começa, justamente, pela reconquista do nosso status de livre de aftosa com vacinação. Basta um vacilo e tudo se perde novamente”, afirmou.

O secretário da Agricultura afirmou que deverá ser desenvolvido um trabalho importante nas regiões de fronteira e nas divisas do Paraná com outros estados. “Na região de fronteira, a vacinação será assistida, as propriedades serão georeferenciadas. São ações necessárias para a recuperação das nossas exportações e dos preços de nossos produtos, como falou o Ágide”, disse Bianchini.

União - Para atingir esse objetivo, o presidente da FAEP destacou a importância da união de forças entre os governos federal, estadual e a iniciativa privada para que a defesa sanitária tenha resultados positivos. Segundo ele, o governo e a iniciativa privada têm a obrigação de desenvolver ações concretas em favor da defesa sanitária animal e vegetal.

“O governo, com seu poder de polícia, normatizando e fiscalizando, principalmente, naquelas regiões próximas a nossas divisas e fronteiras. Cabem à iniciativa privada, os atos de defesa. Uma vez que é o produtor rural o responsável pela vacinação de seu gado e pelas informações que devem ser prestadas às autoridades para que seja feita a fiscalização adequada”, disse.

Para que a defesa sanitária seja bem-sucedida, Meneguette lembrou que o Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Paraná (FUNDEPEC) estuda, junto com a Secretaria da Agricultura, a reativação dos Conselhos Municipais de Sanidade Agropecuária (CSA´s), de forma institucionalizada, para que tenham existência legal. O presidente da FAEP ainda afirmou que, por meio desses conselhos, é que a iniciativa privada, as autoridades sanitárias e as municipais poderão estabelecer as ações conjuntas de defesa.

“É através de uma parceria como esta que poderemos alcançar o nosso objetivo de novamente dar ao Paraná o status de área livre de aftosa e, num futuro não muito distante, transformar esse status em área livre sem vacinação, o que nos dará uma situação diferenciada no mercado mundial de carnes”, declarou.

Seriedade - No lançamento da campanha, Meneguette reafirmou ser necessário o máximo de seriedade e competência, além da pratica de ações corretas, para que o episódio de 2005 não volte a assolar o segmento pecuário, com suas conseqüências para diferentes ramos do agronegócio.

“Os prejuízos que sofreram pecuárias, indústrias da carne, trabalhadores e toda a sociedade, que de forma direta ou indireta dependem do agronegócio, são incalculáveis. Os pecuaristas deixaram de vender seus bois e tiveram uma redução no preço do seu produto. Os produtores tiveram que jogar fora milhões de litros de leite e enfrentaram sérios problemas de mercado durante um bom tempo. Os suinocultores que, mesmo não sendo afetados diretamente pela febre aftosa, sofreram restrições no mercado, como seqüela do surto decretado no Paraná. Os trabalhadores perderam seus empregos”, lembrou.

Meneguette ainda ressaltou que, antes do surto de outubro de 2005, já havia uma consciência dos produtores da necessidade de vacinar o gado. “Tanto é verdade que as suspeitas levantadas, e que deram origem à decretação de focos, envolveram animais vindos do Mato Grosso do Sul e não dos nossos rebanhos. Essa é uma prova importante do grau de responsabilidade dos nossos produtores”, concluiu.

Lição - Durante o Fórum em Loanda, o presidente da FAEP lembrou que o Paraná perdeu com a aftosa e ainda vai amargar uma temporada sem mercado internacional e um tempo para reconquistar o que perdeu. Ele também enfatizou que, anteriormente, as campanhas de vacinação contra a aftosa usavam os exemplos de Naviraí-MS e de Jóia-RS, como forma de sensibilizar os pecuaristas do Paraná.

“Não precisamos mais desse expediente. Sofremos nós mesmos as agruras de focos de aftosa e deu para perceber o quanto isso representa para a nossa economia e, por conseqüência, os seus efeitos sociais”, comentou.

Histórico - No dia 10 de outubro de 2005, o Paraná teve conhecimento da ocorrência de foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Em sete de dezembro daquele ano, o Ministério da Agricultura anunciou um foco da doença, na Fazenda Cachoeira, no município de São Sebastião da Amoreira.

No dia 20 de fevereiro de 2006, o Ministério reconheceu outros focos de doença no estado. Em 28 de março do ano passado, concluiu-se o sacrifício de 6.781 animais de sete propriedades do Paraná, distribuídas em cinco municípios do estado. Foram sacrificados 2.745 animais da Fazenda São Paulo e 1.728 da Fazenda Alto Alegre, ambas no município de Loanda. Em São Sebastião da Amoreira, o sacrifício sanitário envolveu 1.810 animais da Fazenda Cachoeira. Já a Fazenda Pedra Preta, em Maringá, teve 231 animais sacrificados e a Fazenda Cesumar, no mesmo município, 144 animais. Em Bela Vista do Paraíso, foi realizado o sacrifício de 84 cabeças da Fazenda Flor do Café. E, no município de Grandes Rios, a Fazenda Santa Isabel teve 43 animais sacrificados.

Lula lança campanha
nacional de vacinação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou no dia 3 (quinta-feira) em Uberaba, em Minas Gerais, a Campanha Nacional contra a Febre Aftosa, durante a abertura da 73 Exposição Internacional de Gado Zebu - Expozebu 2007, considerada a maior mostra do mundo desse tipo de bovino. Segundo a Agência Estado, ele assinou também protocolo de intenções transformando o Projeto de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino (Pró-Genética), existente apenas em Minas Gerais, em programa nacional.

Com a extensão do Pró-Genética ao restante do País, o governo pretende aprimorar o modelo da pecuária bovina familiar, elevar o potencial produtivo, aproveitar as tecnologias de produção pecuária e incorporar inovações.

Segundo o Ministério da Agricultura, a campanha contra a aftosa atingirá este ano todo o rebanho dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Piauí, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins, além do Distrito Federal, totalizando mais de 103,8 milhões de bovinos e 903,1 mil bubalinos.

Boletim Informativo nº 955, semana de 7 a 13 de maio de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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