Escassez
de boi gordo |
||
A valorização de 1,77% da arroba do boi gordo, em fevereiro, na média de dez estados brasileiros confirma a tendência de alta no preço pago ao produtor, devido à escassez de animais para abate, que obrigou os frigoríficos a pagar mais pela arroba no início deste ano. A diminuição da oferta de boi gordo é causada principalmente pela elevação de 38,2% dos abates de matrizes entre 2002 e 2006, que começa a se refletir na oferta de bezerros, os chamados animais de recria ou reposição, cujos preços aumentaram 16,7% nos últimos 12 meses. "Mas o aumento da arroba, de 12,8% em um ano, não acompanha a evolução dos preços dos animais |
|
|
de reposição", diz Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, o que aumenta os custos de produção da pecuária. Desta forma, o cenário continua desfavorável ao pecuarista de engorda, com uma queda na relação de troca entre boi gordo e animais de reposição. Os dados estão em pesquisa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Enquanto um boi gordo de 17 arrobas valia 2,5 bezerros em março de 2006, o mesmo animal vale 2,41 bezerros em março deste ano. Para o sistema de recria/engorda os custos com bezerro podem chegar a 40% do custo operacional efetivo da atividade. Se analisados os custos totais da atividade, o custo operacional efetivo subiu 0,61% em fevereiro, duas vezes mais do que no mês anterior. O custo operacional total, que inclui depreciações de máquinas e benfeitorias, aumentou 0,78%, em fevereiro. Ao contrário da produção pecuária européia, os custos da atividade e os preços pagos pela arroba do boi gordo definem a rentabilidade do negócio da pecuária no Brasil. Os primeiros resultados das análises das informações microeconômicas dos 13 países que integram o Agri Benchmark, mecanismo internacional que avalia a competitividade da atividade pecuária, confirmam que a rentabilidade dos pecuaristas europeus depende do subsídio que recebem do Governo. Na França, este subsídio representa cerca de 20% do total recebido por 100 kg de carcaça, o equivalente a US$ 81,00 por arroba, enquanto no Brasil a rentabilidade do produtor se resume ao retorno obtido com a venda dos animais no mercado competitivo. "Em alguns países da União Européia, o pecuarista não precisa produzir para receber o pagamento do Governo, que é realizado com base na série histórica da produção da fazenda", diz Antenor Nogueira. Mesmo assim, as expectativas para este ano são de que o Brasil mantenha a posição alcançada no comércio internacional de carne bovina, que já representa cerca de 30% das exportações mundiais. De janeiro a março, as exportações de carne bovina alcançaram US$ 1,077 bilhão, com aumento de 44,65% em relação ao primeiro trimestre de 2006. Em volume, as vendas externas foram de 621,6 mil toneladas em equivalente carcaça, com aumento de 35% no mesmo período. "Para mantermos estes resultados, o Governo precisa reforçar os investimentos em defesa sanitária animal, pois a queda verificada nos últimos anos expõe o sistema de produção da pecuária de corte ao risco de doenças, que podem prejudicar as exportações", afirma o presidente do Fórum da CNA.
|
|
|
Boletim Informativo nº 954,
semana 30 de abril a 6 de maio de 2007 |
VOLTAR |