Tolerância zero Alexandre A Jacewicz |
Se o Paraná pretende afastar de uma vez por todas o espectro da Febre Aftosa e também as outras enfermidades além daquelas que acometem os suínos e as aves, deverá adotar a tolerância zero. O nosso rebanho bovídeo alcança sempre um alto índice de vacinação e imunização (98,32% em novembro de 2006). A prova disso foi evidenciada durante os episódios ocorridos em Eldorado, Japorã e Mundo Novo: - do outro lado, na barranca do Rio Paraná ocorria a doença e no lado de cá, nada. O mesmo ocorreu em 2001, em Naviraí. O que tivemos foi a vinculação e a uma pequena reação ocorrida nos bovinos procedentes da região dos focos no Mato Grosso do Sul, conforme a Nota Técnica do PANAFTOSA de 25 de janeiro. De acordo com o MAPA, no estado vizinho ainda ocorre a circulação do virus. Ele é retroalimentado pela longa fronteira desde o Chaco argentino, boliviano e paraguaio, até a barranca do Rio Paraná. Toda esta área é considerada endêmica pela OIE e é difícil de controlar, necessita de uma grande vontade política, alocação de bastante dinheiro para as operações, seleção, nomeação e capacitação de fiscais agropecuários para reforçar o quadro técnico e uma excelente estratégia de vigilância sanitária. Uma medida inteligente está sendo estudada pelo setor privado e o governo do Estado do Mato Grosso do Sul. O estado terá uma faixa de 15 km ao longo da fronteira com o Paraguai, com as pastagens substituídas por lavouras como milho, soja, cana e principalmente a ausência de animais suscetíveis. Além de diversificar a produção, o solo será beneficiado pelo manejo e pela adição de nutrientes. Num futuro, com o retorno da pecuária, a produção de carne por hectare será aumentada. Provavelmente o próprio Paraguai poderá adotar a mesma prática. Se o País aderir à idéia, teremos uma faixa de 30 km de largura ocupadas pelas lavouras, facilitando a vigilância do trânsito e o controle sanitário de animais vivos e dos produtos derivados. Para o Paraná, outra notícia extremamente animadora é o fato de que a Comissão Cientifica da OIE recomendará ao Comitê Internacional o reconhecimento do Estado de Santa Catarina como livre de febre aftosa onde não se pratica a vacinação. Desta forma, o Estado terá ao Sul uma bem defendida divisa pelo Estado vizinho. No Oriente o Oceano Atlântico. Ao Norte, São Paulo com o nosso mesmo status. Somente na fronteira/divisa Ocidental, que vai de Barracão até Diamante do Norte, o setor privado, o Estado e a União terão que investir pesado. Aí é que, num primeiro momento, deverá ser adotada a tolerância zero. Ela deverá ser paulatinamente estendida por todo o território paranaense e assim mantida mesmo após a obtenção do status de área livre sem vacinação. A tomada desta decisão é um grande desafio. É preciso coragem e grande determinação uma vez que a tolerância zero vai contra os interesses escusos de muitos. Só para citar um exemplo: o Chile tomou esta medida e graças a isso, é reconhecido pela OIE desde 1981, como um país livre de febre aftosa onde não se pratica a vacinação. Santa Catarina adotou o mesmo método com sucesso. Alexandre
A Jacewicz |
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Boletim Informativo nº 953,
semana 23 a 29 de abril de 2007 |
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