Apesar deste ano a agricultura ter melhorado de situação em comparação aos últimos dois anos de crise, não é nesta safra que os produtores conseguirão equalizar todas as dívidas, pois os compromissos da safra que está sendo colhida somada ao estoque de dívidas de prorrogações efetuadas nos dois anos anteriores exigiriam melhores preços pagos em reais aos produtores.
Para se ter uma idéia do estoque de dívidas que os produtores estão carregando, apenas o Banco do Brasil renegociou R$ 8,6 bilhões nos últimos dois anos no país e R$1,8 bilhão somente no Paraná para serem pagos entre 2007 e 2011, mas essa é apenas uma parte do elenco de dívidas que o setor terá que saldar este ano. Soma-se a isso as prorrogações feitas em fornecedores de insumos e Cooperativas, as parcelas de Securitização e Pesa, além das parcelas de custeio e investimento da safra que está sendo colhida.
As perdas dos produtores nos últimos anos pode ser medido pelo Valor Bruto da Produção (VBP agrícola no Paraná), que fechou o terceiro ano consecutivo em queda. Em preços corrigidos, o VBP era de R$ 32,5 bilhões na safra 2003, caiu para R$ 31 bilhões em 2004 e chegou a R$ 25,8 bilhões em 2005. Para 2006, o faturamento da agricultura do estado deve ser de pouco mais de R$ 24 bilhões (Fontes: CNA e Seab-PR).
Os prejuízos acumulados na agropecuária paranaense desde 2003 chegam a R$ 9,7 bilhões, quase um terço do Valor Bruto da Produção daquele ano, que foi de R$ 32,7 bilhões. O montante equivale à perda de uma safra inteira de soja e de milho, segundo estudo da economista Gilda Bozza da FAEP.
Enquanto os preços internacionais das commodities estão acima das médias históricas, na hora de transformá-los para a moeda nacional, as receitas dos produtores rurais continuam sendo afetadas negativamente pela política cambial
Algumas regiões do Paraná tiveram uma boa produtividade de soja e milho, mas em outras isso não foi observado, pelo contrário, muitas áreas sofreram com a ferrugem asiática, seja com um custo maior por conta do aumento de número de aplicações de fungicidas ou pela perda de produção quando não conseguiu controlar os focos, além dos problemas climáticos.
No entanto, a avaliação dos principais credores e do governo é de que o produtor conseguirá quitar todas as dívidas e que há apenas problemas muito pontuais. Porém, a capacidade de pagamento de produtores em regiões menos favorecidas em termos de produtividade, bem como àqueles que obtiveram produtividades consideradas normais, mas que carregam dívidas das safras passadas, demonstra que a conta não fecha.
As contas não esperam e ainda no primeiro semestre uma parcela de produtores têm compromisso de investimento vencendo. A orientação é que um pedido de reescalonamento da parcela de investimento deve ser feito de forma preventiva pelo produtor que realmente não tem capacidade de saldar este débito.
O governo não acenou com nenhuma prorrogação dos investimentos, como ocorreu nos anos anteriores e essa decisão depende também de resolução do Conselho Monetário Nacional - CMN.
Diante disso, o produtor que tiver condições de efetuar o pagamento de suas dívidas, deve fazê-lo, pois as negociações com os credores e governo neste ano por enquanto não avançaram.
O primeiro passo a ser adotado pelo produtor que realmente não tenha condições de pagar a parcela de investimento é protocolar, na instituição credora, uma carta pedindo prorrogação dos prazos de vencimento das operações, dentro de um prazo compatível com sua capacidade de pagamento. É recomendável que seja anexado ao pedido de prorrogação um demonstrativo de capacidade de pagamento, laudo técnico e quadro de capacidade de pagamento, que pode ser obtido nos Sindicatos Rurais e no site da FAEP.
O produtor deve fazer duas vias de cada documento, entregando uma no agente financeiro, que deverá protocolada pelo gerente. O Quadro de Capacidade de Pagamento deve ser assinado pelo produtor e Assistente Técnico.
Caso o credor se recuse a assinar o protocolo de recebido, os documentos deverão ser feitos em três vias e encaminhado por meio de um Cartório de Registro de Títulos e Documentos, o qual fará a entrega. Recomenda-se que o pedido seja enviado ao agente financeiro com quinze dias de antecedência.
Veja os modelos dos documentos a seguir e no site da FAEP: www.faep.com.br